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⚘ quatro

Três meses haviam se passado desde o incidente do hospital. Agora, eu estava com quase seis meses e sabia que uma menina crescia na minha barriga. Eu continuava na casa da minha tia, meu pai vinha me visitar a cada duas semanas e eu estava a procura de um emprego na ilha, mas sem sucesso. Ia ser difícil achar alguma coisa ainda mais com a data do nascimento da criança se aproximando cada vez mais. Eu não tinha falado com o pai da garotinha que estava dentro de mim nos últimos tempos. E sinceramente? Não queria falar com ele. Mas eu sabia que em algum momento ele iria me procurar.

Eu estava fazendo o meu café da manhã — waffles com chocolate e café descafeinado — quando minha tia desceu segurando dois cabides com um vestido preto e outro azul.

— Qual? — ela parecia genuinamente nervosa.

Tia Amélia ia sair em um encontro hoje á noite. Ela tinha conhecido um cara há um mês atrás quando foi até Chicago visitar o meu pai. Aparentemente ele é um médico anestesista e amigo próximo do papai. Eu não queria nem ver quando ele descobrisse que os dois estavam saindo.

— O azul é lindo, mas precisa usar aqueles brincos de ouro branco que eu te dei no natal retrasado. — ela sorriu e subiu as escadas correndo.

— E agora? — perguntou quando voltou segurando dois pares de sapato em cada mão. Na esquerda estava um lindo salto alto branco aberto na ponta e do outro um salto plataforma preto.

— O branco, definitivamente.

— E o meu cabelo?

— Precisa se acalmar, sabia? O encontro é só a noite e ainda são nove da manhã.

— É que não faço isso há muito tempo...

— Mas não precisa se preocupar. Vocês vão sair para jantar, só precisa conversar. Ele é um homem maduro, e você também. Vai dar tudo certo.

— Está dizendo educadamente que sou uma velha?

— Jamais — coloquei um prato na frente dela com um waffle — Só se divirta um pouco. Tem feito muito por mim nos últimos meses e a última coisa que eu quero é que você não se divirta por estar "atarefada" demais.

— Não estou nenhum pouco atarefada, amo cuidar de você — ela beijou minha mão — Mas tem razão. Vou tentar relaxar.

Eu sabia que ela não tentaria. Passamos o resto do dia com ela tendo um ataque frenético.

Enquanto ela se trocava e eu esperava ela sair para arrumar seu cabelo, ouvi a notificação de um e-mail no meu computador. Me assustei quando vi o remetente.

Michael Jones.

Segurei o fôlego antes de soltar o ar e abrir o maldito e-mail. Minhas mãos ficaram trêmulas.

"Jennie.
Eu não queria te dizer isso por um e-mail, mas como você saiu do trabalho eu não consegui te encontrar em nenhum de lugar de Nova York e Trinity se recusou a me dar o seu endereço.
Eu estou noivo. Irei me casar em alguns meses. Quero começar uma vida do jeito certo, me casando e tendo filhos com uma mulher que eu amo.
Mesmo não tendo certeza de que o seu bebê é meu, não quero fazer parte de nada disso. Eu só quero seguir a minha vida do jeito certo. Que Deus te abençoe.
Adeus."

Eu não consegui expressar reação nenhuma. Eu só senti meu coração palpitar depois de alguns minutos encarando a tela do computador sem encarar lugar algum de fato.

— Então... — minha tia desceu as escadas — Está tudo bem?

Tia Amélia com certeza reparou o meu rosto, mas coloquei a minha melhor cara de "está tudo ótimo" e me levantei indo até ela e tirando os grampos que seguravam seu cabelo.