⚘ vinte e seis

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Dois dias tinham se passado e eu não tinha visto Taehyung. Pensei em mandar mensagem, mas queria respeitar seu espaço. Eu não sabia o que ele estava sentindo, mas para se fechar daquele jeito, ele ainda devia estar muito mal. Trinity tinha voltado de mais um encontro com Liam quando eu pedi que ela ficasse de olho em Rory por um momento enquanto eu ia até a casa de Taehyung. Já estava preocupada demais.

Bati na porta três, quatro, cinco vezes. Ninguém atendeu. Peguei o meu celular e digitei uma mensagem.

JENNIE: onde você está?

Levou algum tempo para eu receber uma resposta.

TAEHYUNG: no meu quarto.

Abri a porta e entrei na casa, estava escura e silenciosa. Tracei meu caminho até o quarto de Taehyung, o encontrando deitado na cama com uma coberta cobrindo todo o seu corpo, deixando só o rosto de fora.

— Tae? — me aproximei, esperando uma resposta. Estendi minha mão até sua testa vendo que ele parecia fraco.

Estava queimando em febre.

— Tae? Você consegue me responder? — ele pegou minha mão a tirando de sua testa e levando até o seu peito.

— Não consigo levantar da cama. — ele falou depois de um tempo.

— Por que não me disse nada? Há quanto tempo está aqui?

— Comecei a me sentir mal ontem de manhã. — coloquei as mãos em seu pescoço, e ele estava queimando por toda parte.

— Fique aqui, eu já volto.

Fui até a sua cozinha e revirei os armários atrás de remédios e um termômetro, demorei um tempinho para achar, mas quando os encontrei voltei para o quarto colocando o aparelho em sua boca.

— 39 graus, Taehyung. — eu estava séria — Vem, levanta.

Foi difícil tirá-lo da cama, mas apoiei seu braço em meus ombros e fomos até o banheiro da sua suíte, o sentei na tampa do vaso enquanto checava a água do chuveiro antes de despi-lo para colocá-lo lá dentro. Taehyung não conseguia nem me olhar direito, e ele se arrepiou quando a água tocou o seu corpo. Não sai do seu lado por nenhum momento, deixando que o seu cabelo ficasse totalmente molhado assim como a sua pele.

— Quero sair. — sua voz era manhosa.

— Já está acabando — falei baixo, terminando de enxaguar suas costas e então, desligar o chuveiro.

Peguei uma toalha e o sequei, então voltamos ao quarto. A água tinha o deixado um pouco mais forte e menos mal do que quando tinha entrado no banheiro. O sentei na cama e procurei por uma roupa em seu armário, pegando uma peça íntima, camiseta e uma calça de moletom. Passei a camiseta por seu corpo e ele vestiu a cueca sozinho, assim como a calça. Depois de terminar de se vestir, ele passou a mão entre os fios molhados ainda sem olhar pra mim.

— Você comeu? — me ajoelhei a sua frente.

— Não.

— Eu vou fazer alguma coisa, fica aqui.

Ele me obedeceu, e eu fui até a sua cozinha uma segunda vez pensando no que deveria fazer. Quando eu ficava doente quando era pequena, minha tia cozinhava um ensopado que me dava mais força. Digitei uma mensagem para ela, pedindo a receita, e depois de esclarecer que Rory não estava doente, ela mandou passo a passo do que eu deveria fazer. Meia-hora depois, voltei para o quarto com o prato quente em mãos.

— Toma cuidado, tá quente — ele apoiou as costas na cabeceira.

Assisti ele comer devagar, e fui levando a colher até a sua boca quando estava terminando o prato.

— Me desculpa.

— O que? — perguntei quando ele falou de repente.

— Por não ter te avisado. Por ter te deixado sozinha no deque. Por ser um idiota.

— Está tudo bem, Tae. Não estou magoada. — segurei suas mãos — Você devia dormir.

— Eu não mereço você.

— Por que está dizendo essas coisas?

— Porque é verdade. — seu olhar parecia perdido — Você é boa demais pra mim. Conseguiria algo melhor do que eu.

— Para de dizer essas coisas — segurei seu rosto nas minhas mãos — Seu pai ligou? O idiota do seu irmão? O que foi que eles te disseram, Tae?

Ele respirava baixo, e então tomou fôlego pra falar: — Meu irmão disse pra eu não ir ao velório. Que eu fui o maior desgosto dela, e seria uma decepção se eu fosse me despedir.

Eu envolvi ele em um abraço, e senti lágrimas quentes tocarem a pele do meu ombro.

— Seu irmão é um otário, não sabe o que fala. Não é sua culpa, Tae. Seus pais fizeram a escolha deles, não tinha nada que você pudesse fazer.

— Ela foi uma pessoa horrível. Uma péssima mãe, então por que sinto falta dela?

— Porque ela ainda é sua mãe. — encarei seus olhos escuros — Está tudo bem sentir falta dela, Tae.

Fiquei abraçada a ele por um bom tempo, sentindo ele me apertar cada vez mais. Meu coração estava quebrado por ver ele daquele jeito — e então eu percebi uma coisa em minha própria mente.

Eu amava Taehyung.

Não só pelo que éramos naquele momento, mas por tudo que fomos antes daquilo, e o que seríamos depois também.

Taehyung adormeceu nos meus braços, e eu fiquei a maior parte do fim de tarde vendo ele dormir e inspirar e expirar. Seu corpo suava, o que significava que a febre estava indo embora. Acariciei seus cabelos quando meu celular vibrou e Trinity me avisou que Rory estava com fome.

Beijei a bochecha de Taehyung antes de deixar a casa dele e voltar para a minha.

— Está tudo bem? — Trinity notou meu semblante preocupado.

— Taehyung está doente.

— Poxa. — ela me entregou Rory, e eu a coloquei para mamar — Eu coloco ela pra dormir, pode voltar pra ficar com ele.

— Tem certeza?

— É claro, vai ficar tudo bem.

Assim que terminei de alimentar Rory e consegui colocá-la pra dormir — parecia que ela estava me ajudando a ir ficar com Taehyung o quanto antes.

Trinity acenou quando eu saí de volta e voltei para Taehyung, me sentando de volta em sua cama e mantendo ele próximo a mim.

Adormeci algum tempo depois.

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Acordei com o barulho de chuva lá fora, e minha cabeça se ergueu para a janela atrás da cama de Taehyung, vendo que realmente estava chovendo muito. Quando voltei minha cabeça para o quarto, percebi que Taehyung não estava mais ali. Me coloquei de pé e fui até a sala, encontrando ele no sofá.

— Você melhorou? — ele notou a minha presença.

— Sim. Obrigado.

— Não agradeça. — me sentei ao seu lado — O que está fazendo acordado a essa hora?

— Não consigo dormir com barulho de chuva. — ele suspirou.

Percebendo sua indiferença, coloquei a mão em sua testa outra vez. Ele estava sem febre alguma, e tirou minha mão do contato com a sua pele.

— Vá pra sua casa.

Aquilo me afetou como um soco no estômago. O tom de voz grosseiro fez com que eu me levantasse no mesmo instante e colocasse meus chinelos que estavam do lado de sua cama.

— Você é um idiota quando quer. — foi tudo o que eu disse antes de bater a porta com força e ter minha última visão dele com seus olhos me encarando duros e sérios.

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