⚘ vinte e oito

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Chicago estava frio, como sempre. Agasalhei bem Rory enquanto estivemos lá, e quando saíamos de casa eu a agasalhava ainda mais. Tia Amélia e Johnny eram muito babões e deram um monte de presentes para a minha filha, a mimando mais do que qualquer coisa. Meu pai não ficava atrás, e estava sempre com a neta em seu colo fazendo todas as suas vontades.

A casa da minha tia era muito bonita. Era parecida com a da ilha, muito verde e uma decoração mais rústica. A sala de estar era enorme, tinha uma gigante estante de livros — aquilo com certeza era do Johnny — e uma cozinha que finalmente tinha um forninho. Três quartos no andar de cima, um no de baixo, dois banheiros e uma suíte.

— E como está Taehyung? — minha tia perguntou no primeiro dia de viagem.

— Ele está bem. — e não tinha respondido a minha mensagem.

Eu jogo aquela bomba e não obtenho nenhuma resposta? Aquilo estava me matando. Queria que ele dissesse qualquer coisa.

Não, não é verdade. Eu não queria que ele dissesse qualquer coisa. Queria que ele falasse, com todas as letras, que me entendia e que queria o mesmo. Eu não precisava que ele nos nomeasse como um casal, mas que pelo menos continuasse me tocando como fazia. Queria ter as mesmas conversas, ouvir a sua risada, assistir ele brincar com a minha filha. Queria tudo isso.

E esperava que ele quisesse também.

— Devia sair com a sua tia pra beber alguma coisa. — meu pai falou de uma hora para a outra, quando estávamos tomando café.

— Tem um bar ótimo perto do hospital, já atendemos muitos comas alcoólicos — Johnny falou, e eu sorri.

— Não pretendo ter um coma alcoólico por enquanto — tranquilizei eles — Mas seria legal, tia. Sinto sua falta estando bêbada.

— O parto da sua filha não foi o suficiente? Eu tomei soro vinte minutos antes dela nascer.

— Foi um dia histórico. — levantei minha xícara de café, como quem brinda.

— De fato. — papai sorriu para a neta que se lambuzava com a papinha que eu lhe dava.

— Mas vamos beber, então. Hoje á noite?

— Vamos nessa.

— Hoje você é toda minha, pirralha — meu pai beijou a bochecha da minha filha.

— É caroço! — a mesa o corrigiu.

— Tá, tá. Caroço. — ele olhou para Rory enquanto dizia o seu apelido, carinhosamente dado por Johnny e Amélia.

Naquela noite, coloquei um vestido vermelho de alcinha até quatro dedos acima do joelho, e prendi parte do meu cabelo para trás, usando batom do mesmo tom do vestido e colocando um pouco de corretivo para disfarçar os cinco meses de noites mal dormidas graças ao meu carocinho. Um pouco de rímel e blush me trouxeram de volta á vida, e finalizei a roupa com um salto também vermelho.

— Uau. — minha tia falou quando me viu — Hoje você arranja um namorado.

— Deus me livre. — respondi rápido, e na mesma hora minha mente me respondeu, ácida: o namorado que eu quero está ignorando minha existência há dias.

Quando entramos no carro depois de eu lembrar o meu pai cada coisinha sobre minha filha, partimos para o bar.

O lugar me despertou memórias da última vez em que estive em um bar, e eu quis me bater por não conseguir me controlar. Taehyung estava tomando cada parte de mim, e eu queria muito recuperar o controle.

E que maneira é melhor de recuperar o controle do perdendo ele?

Tudo começou com tequila, é claro. Depois veio a vodka, e então o whisky. No final da noite eu já estava tomando as misturas mais suspeitas já feitas na América.

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