⚘ dezenove

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— Não chame eles. — eu pedi, quando Taehyung fez menção de se levantar e ir chamar minha família.

— O que?

— Me leve para o hospital, eu ligo para eles quando estiver lá.

— Jennie, eles querem estar lá.

— Eu sei, eu sei. — sussurrei — Mas se você chamar eles agora a festa vai toda por água abaixo e meu pai vai se desesperar junto com a minha tia. Está tudo bem, eu aguento.

Ele sabia que era uma batalha perdida, então só fez o que eu pedi e me levou até o seu carro.

— Porcaria de carro alto. — ele sussurrou quando assumiu o volante.

— Ela tem timing — respirei fundo — decidiu vir quando eu estava soltando os cachorros em cima de você.

Taehyung sorriu: — Acho que tenho uma advogada de defesa aí dentro.

— Definitivamente. — peguei o meu celular na bolsa ao meu lado — Tenho que ligar pra Trinity.

Ela demorou a atender, mas quando o fez, o barulho quase explodiu os meus ouvidos.

Jennie? Onde você está? Por que está me ligando?

— Trinity, preste atenção, e fique calma — tomei ar — Minha bolsa estourou. Estou indo pro hospital.

O QUE? — afastei o celular do ouvido quando ela gritou.

— Fica calma, ok? Não fale pra ninguém. Vá em casa e pegue a minha bolsa de maternidade, está em cima da cômoda. Ela é verde e branca — avisei.

Não vai pro seu pai? Pra sua tia?

Aviso quando chegar ao hospital, por favor, só faça o que estou te pedindo, ok?

Ok! estou indo. — ela estalou um beijo e desligou a chamada.

— Está doendo muito? — Taehyung perguntou quando desliguei a ligação.

— Por incrível que pareça, não — ele acelerou o carro — Não tem nada a ver com os filmes.

— Graças a deus. Eu não ia saber o que fizer se estivesse gritando de dor — ele sorriu, e então apontou pro som do carro — Coloca uma música.

— Tem que ser especial. A trilha sonora da saída triunfal da minha filha do meu útero — amava quando ele ria com as besteiras que eu falava.

Mudei as estações de rádio e parei em uma que tocava Mirrors, do Justin Timberlake.

— Melhor do que Carrie Underwood. — bati no ombro dele.

— Você é um chato. — me acomodei no banco, e senti uma pressão na barriga — Acho que está vindo.

— O que?

Não gritei com a primeira contração, mas um murmúrio sufocado deixou a minha garganta. É, definitivamente ia doer.

— Já estamos chegando. — ele tentou me tranquilizar, então me deu a mão.

— Estamos parecendo um casal.

— Temos experiência em se passar por um. — sua piscadela fez eu desfocar da dor por um segundo.

Quando o carro estacionou em frente ao hospital, algumas enfermeiras vieram nos ajudar e me colocaram sobre a cadeira de rodas.

— Liga pra sua família. — o tom de voz do meu vizinho era firme.

— Não acredito que vou acabar com a festa de casamento dela.

— Você não vai. Só liga. — ele me entregou o celular dele, já que tínhamos deixado o meu no carro.

Fui colocada em um quarto, e encarei o celular de Taehyung até discar o número.

Alô? — meu pai disse do outro lado da linha.

— Pai, sou eu — tive que ser rápida pelo medo de ser interrompida e perder a coragem — Estou no hospital. A bolsa estorou. Vem pra cá.

O QUE?

Só vem, ok? Vou desligar. Beijo.

Entreguei o celular pra Taehyung que parecia se divertir com a situação.

— Tá achando graça, é?

— Na verdade, estou. — seu sorriso aumentou — Tem umas coisas que você faz que eu só consigo pensar em você fazendo. É uma pessoa muito surpreendente.

— Você que o diga. Vomitar nas suas calças quando te conheci foi uma baita surpresa.

— Foi, sim. — ele andou até o meu lado, e então passou as mãos pelos fios que grudavam em minha testa por conta do suor.

— Não devia estar fazendo isso. — falei em sussurro.

— Fazer o que?

— Ficar aqui comigo. As pessoas vão achar que é o pai da minha filha.

— Mas eu quero ficar aqui. Por você e pela mini-kim.

— Você não me ajuda, sabia? — ele me olhou com uma expressão confusa e doce — Você me confunde, Taehyung.

— Confundo?

— O suficiente pra me fazer querer te bater e te beijar ao mesmo tempo — não sabia por que estava dizendo aquilo — Vou usar a desculpa do ser humano saindo de mim pra eu estar dizendo isso.

Ele me olhou diferente de todas as outras vezes, e quando estava prestes a dizer alguma coisa, a porta foi aberta.

— Jennie! — Trinity parecia nervosa — Eu trouxe a bolsa.

— Ótimo. Hora do show. — ela beijou a minha bochecha.

— Ela quis sair logo na hora da farra, essa é das nossas! — Trinity fingiu dar um soquinho na minha barriga, como quem cumprimenta a minha filha.

— Como você veio pra cá?

— Liam me trouxe.

— O cara da feira? — Taehyung franziu a testa e eu assenti.

— Ele é muito legal, e tem uns músculos daqueles — ela deu uma piscadela.

— Não vamos começar a falar imoralidades agora. — apontei para a imensa barriga.

— Posso esperar algumas horinhas. — Trinity abriu um sorriso.

Quinze minutos depois, minha família chegou. Levei algumas broncas, mas daí todo mundo se calou por que ninguém queria me irritar naquele momento, sabendo da dor que eu sentia eu podia até pular no pescoço de alguém acidentalmente.

E então as contrações começaram a vir com mais força, e eu pensei que fosse morrer. Em meio a gemidos e gritos de dor, eu ouvia o meu pai tentar me acalmar e a minha tia acariciando o meu cabelo em todo momento.

E tinha ele.

Taehyung segurou a minha mão durante todas as horas que se seguiram, mesmo que eu as apertasse a ponto de sentir seus ossos se encolherem. De vez em quando ele me olhava e dizia uma coisa ou outra, fazendo com que o ar do meu corpo entrasse e saísse com mais calma. Devia ser perigoso ele me acalmar tanto.

E quando chegou a hora, ele ainda estava lá. As pessoas que eu mais amava estavam ali, naquele quarto.

E então, mais uma tinha chegado.

Aquele choro fez todo o nervosismo e ansiedade se esvaírem do meu corpo, deixando apenas o amor que eu sentia transbordar. Eu nem sabia que podia sentir aquilo com tanta força como sentia naquele momento.

— Jennie, ela é linda! — minha tia disse quando acompanhou a enfermeira dando banho nela.

Meu pai e minha tia ficaram vendo ela ser banhada, tendo o sangue removido do seu corpo. Taehyung tirou o suor da minha testa e seus lábios se abriram devagar, tomando parte da minha visão para ele.

— Você conseguiu, Jen.

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