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⚘ vinte e cinco

— Cara, como é bom ver você. — Trinity me abraçou com força, então passou a atenção para a garotinha sentada no chão da sala de estar — Rory!

Ela passou alguns segundos beijando a minha filha e tocando os pezinhos minúsculos, e então brincou com ela no chão enquanto eu voltava minha atenção ao computador por um instante para enviar um e-mail para minha supervisora.

— Caramba, você tem se divertido hein? — Trinity disse de repente.

— Como é?

— A marca no seu pescoço. — ela apontou, e eu tentei pelo visor do meu notebook.

— Isso não é nada. — senti meu rosto se avermelhar.

— Jennie, faça-me o favor, eu sei que estão transando. Sei desde que não atendeu a minha ligação e quando ligou de volta disse que tinha caído no sono outra vez. Acha que engana quem?

— Eu dormi de verdade. — esclareci.

— Claro que dormiu, mas tem um detalhe sobre você que acho que não percebeu. Quando acorda uma vez, não dorme de novo. A menos que tenha tido sexo no meio.

— Como diabos você notou isso? — espremi meus olhos, e ela deu de ombros, convencida.

— Somos amigas há muito tempo, Jennie. Não ia me contar?

— Eu ia, mas não agora. Estamos só nos divertindo, não é um relacionamento.

— Ainda não é um relacionamento.

— Não começa.

— Você fica toda bobinha quando fala dele, mas vamos ignorar esse detalhe e falar do sexo. É bom?

— O que você acha? — tentei fugir da pergunta.

— Deve ser, pra você estar toda marcada desse jeito. Imagino que ele esteja mais.

Voltei meus olhos para a tela, sem conseguir conter um sorriso: — Ele está.

— Pervertidos. Mas vou ficar bastante com minha afilhada pra dar um pouco de privacidade a vocês. — disse, antes de beijar Rory.

— Mas e o Liam? Não vai sair com ele?

— Eu vou sim, amanhã iremos jantar. Me deseje sorte, pois acho que ele vai me pedir oficialmente em namoro.

— Estou com os dedos cruzados.

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— Nova York parece estar regredindo com o passar dos anos. — Trinity disse enquanto jantavámos — Você está mais do que certa de deixar aquele lugar.

— Você também vai deixar logo, eu acho — sorri — Liam parece muito apaixonado. A última vez que fui comprar alface ele só estava sorrisos e me perguntava quando você viria para cá.

— Quem diria que eu ia gostar de um homem que vive numa ilha e não um dos homens de terno da cidade grande — ela piscou.

— Homens de terno da cidade grande são péssimos. — Taehyung voltou ao seu lugar na mesa, ao meu lado — Digo isso porque não sou um deles.

— Você está certo. Eles são horríveis — acrescentei, dando mais uma garfada na sobremesa que ele tinha feito para nós — Você devia se mudar para cá, Trinity.

— Vamos com calma, ok? Eu ainda nem estou namorando.

— Não precisa de um namorado para se mudar. A gente podia abrir um lance, algo nosso pra render uma boa grana. Estou cansada de trabalhar para os outros.

— Nem me fale nisso. — ela deu um gole do vinho tinto — Quero sair de Nova York, mas não sei se aqui é o lugar perfeito ainda.

— É um ótimo lugar pra recomeçar — Taehyung falou passando o braço sobre minha cadeira.

— Imaginem, eu digo pro Liam que estou pensando em me mudar pra ilha e ele quase grita achando que estou fazendo isso por causa dele.

— Então esclareça dizendo que não é por causa dele. — Taehyung deu um sorriso baixo, concordando com a minha solução.

— Eu também quero muito passar mais tempo com a Rory. Me sinto a pior madrinha do mundo em Nova York.

— Você é uma ótima madrinha, para com isso.

— Sinto saudades, de você. Também da comida do Taehyung — ela apontou pra sobremesa de cereja que ele tinha feito, e Taehyung sorriu convencido — Tudo aqui me agrada e me deixa meio viciada.

— Comigo é a mesma coisa. Taehyung continua fazendo essas coisas e eu vou desenvolver uma compulsão alimentar.

— Agora a culpa é minha? — ele ergueu os braços, defensivo.

— Sim. — Trinity e eu falamos juntas.

Ele desistiu de discutir conosco e Trinity estava ficando um pouco bêbada quando decidiu ir para o quarto — eu sabia a verdadeira razão pra ela estar fazendo isso — e limpei a mesa junto com Taehyung.

— Ela vai acabar se mudando pra cá, ainda bem. Trinity nem gostava tanto de Nova York, foi estritamente por conta da carreira — falei para ele enquanto eu lavava os copos e ele secava.

— Não sei como vocês aguentaram ficar lá por tanto tempo. É sufocante.

— Eu teria continuado lá se não fosse por Rory, provavelmente. Tinha traumas desse lugar da última vez que estive aqui.

— Por conta dos seus parentes?

— Exatamente. Eles eram mais próximos da minha tia na época, e teve um jantar e eles conseguiram acabar comigo. Eu não pretendia pisar aqui nunca mais.

— Então acho que devo agradecer Rory mais um pouco.

— Você deve. — sorri.

Depois que terminamos de limpar a cozinha, fomos para o deque e Taehyung abriu mais uma garrafa de vinho, agora branco. Ele serviu as taças e nós bebemos enquanto assistíamos o mar mais adiante. O celular dele tocou em seu bolso e ele atendeu.

— Alô? — alguns murmúrios eu consegui ouvir em meio a ligação, e Taehyung se desencostou do sofá, apoiando os braços nos joelhos. Sua feição se tornou séria e sombria de uma hora para a outra, e eu comecei a me preocupar — Tudo bem. Eu sei, eu sei.

A chamada foi encerrada rápida, e ele ficou encarando a tela escura por um tempo. Quando ele ergueu a cabeça e olhou para mim por cima do seu ombro, eu sabia que algo ruim tinha acontecido.

— Minha mãe morreu.

Devagar, coloquei minha mão sobre suas costas e outra em seu pescoço, fazendo ele apoiar sua cabeça em meu ombro enquanto eu o abraçava. Eu não sabia o que dizer para ele, Taehyung tinha uma relação péssima com a mãe, mas isso não significava que queria ela morta. Depois de alguns minutos com ele em meus braços, ele se desvencilhou do meu toque e me levantou.

— Eu vou pra casa. — sua voz era baixa.

— Pode ficar aqui se quiser, Tae. — sussurrei.

— Prefiro ficar sozinho agora. — ele beijou o topo da minha cabeça — Boa noite, Jen.

Assisti ele atravessar o espaço entre nossas casas e ultrapassar a porta, sumindo da minha vista. Terminei o copo de vinho e voltei para dentro de casa, mas não consegui dormir. Queria estar com ele naquele momento.

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