Um corpo e três almas

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Com esforço fui abrindo os olhos bem devagar por causa da minha dor de cabeça. A primeira coisa que vi foi uma janela meio coberta por cortinas e luz de dia, mexi a cabeça olhando para um quarto desconhecido.

As paredes cinzas, piso branco e teto de madeira, o quarto é meio pequeno e notei que estou deitado em cima de um colchão grosso, e estou coberta por um tipo de cobertor peludo e marrom. Esperei pouco com medo de levantar com tortura, depois de uns minutos levantei com esforço nos braços por meu corpo está meio pesado.

O som da porta me assustou, com medo de saber quem entraria fiquei bem alerta, até vendo quem apareceu...

Quis chorar de alívio.

- Ú... Úrsula. – falei com garganta seca e sorri como boba – Você está bem.

Ela ficou parada segurando um copo meio grande e monte de lenços na outra mão, achei que ela ia dizer alguma coisa até deixou lenços e corpo derrubar água no chão molhado os lenços. Olhei pelo rosto dela e saiu uma lágrima um dos olhos e correu deixando a porta aberta.

Confusa eu a chamei e nada, tentei me levantei todo meu corpo até que senti algo segurando no meu pé esquerdo, tirei o cobertor revelando que meu pé está acorrentado. A corrente está presa em uma das paredes por perto.

- Quem é você? – grito apareceu junto com um monte de água com ervas jogada em cima de mim, reconheci o dono da voz ainda gritando firme – Com quem estou falando nesse corpo?

- Monge Grant, sou eu. – falei tirando as ervas do meu rosto – Sou eu, a Kida.

Os ombros dele relaxaram um pouco, atrás dele apareceram Parvati e Úrsula se aproximando devagar e me encarando preocupada.

- Mestra Parvati, o que está acontecendo?

- É ela mesma? – Parvati perguntou por monge.

Ele me encarou por pouco tempo antes de soltar um longo suspiro.

- Parece que é mesmo a Kida, não estou sentindo a energia maligna.

- Kida – gritou Úrsula antes de ir pra cima de mim e abraçou com muita força, braços delas envolveram até minhas costas e disse enquanto chorava – Graças aos ancestrais, achei que nunca mais... Voltaria... Que bom que voltou a ser a mesma Kida.

- Úrsula... – falei meio confusa e assustada pela reação dela, toquei nas suas costas e lembrei que fomos atacadas por aqueles nojentos, depois não lembro que mais nada. Perguntei ainda mais preocupada que ela – Você está bem?

- Eu... – limpou os olhos antes de olhar pra mim com aqueles olhos vermelhos – Eu estou bem, mas e você?

- Eu que pergunto. – olhei por monge e Parvati, apontei pra corrente – O que aconteceu comigo?

- Você não se lembra do que aconteceu naquela noite? – perguntou Parvati cruzando os braços.

- Só lembro que fomos atacadas por aqueles homens nojentos.

- E depois disso? – perguntou o monge Grant.

Tentei me lembrar de ainda mais, estranho que depois não lembro o que aconteceu.

- Não, não me lembro de mais nada. – neguei e perguntei pra Parvati – O que aconteceu com aqueles nojentos, eles fugiram?

- Não lembrar que você os matou? – perguntou Úrsula confusa.

O quê?!

Como assim eu os matei, nem conseguia me defender e achei que seria nosso fim.

- Claro que eu não os matei, achei que iremos morrer. – falei olhando pra Parvati – Não foi mestra Parvati que os matou e nos salvou?

Do nada o clima ficou bem tenso, ficaram me encarando confusos.

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