° Capítulo 33 °

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Efetuo passo por passo, com lentidão, subindo as escadas a frente de Slash.

Ele continua emburrado, e mesmo que eu esteja pagando, ele aceitou o X.

Viro o resto do líquido da latinha em minha boca, engolindo de uma vez só o restinho de cerveja, e movo a cabeça para trás, elevando meus olhos a Slash.

Entusiasmado, ele desembala o X, com a pontinha da língua para fora e olhos enormes que representam sua fome.

- Slash, apura. - Ordeno, e ao escutar minha voz, ele cerra o olhar levando-o a mim.

- Vou querer ter pressa para que? Não quero chegar em um lugar aonde eu vou ser apenas mais um nas suas mãos.

- Eu nunca levei ninguém lá em cima! - Digo, brava com esse teatrinho, trazendo meu tronco a sua linha frontal. - Porra! Para com isso!

- Hum. - Resmunga, erguendo os ombros. - Duvido.

Solto ar pela boca, e bato os pés putassa, subindo as escadas com mais presa, tendo mais vontade de chegar lá em cima, tendo vontade de realmente nunca levar ninguém lá, intulando Slash como o alguém da vez.

- Agora vai me deixar sozinho?! - Sua voz ecoa pelas paredes, enquanto eu faço a volta pelas escadas.

- Não era o que você queria?! - Pergunto, sem esitar em mirar meus olhos para trás, sem parar de caminhar. - Ficar sozinho?!

- NÃO!

●●●

Em um dos quatro cantos escuros do salão, Slash se senta no solo, deliciando a comida que lhe paguei.

De pé, no meio do salão, ficando o mais longe possível dele, abro a última cerveja, a bebericando logo em seguida para ver se meu nível de estresse decai um pouco.

Pra que ser tão ignorante e fazer draminha? Passado é passado! Eu não vivo em um Museu para querer visita-lo!

Posiciono uma mão na cintura, fitando Slash comer engrunhido as paredes, e com a outra mão balanço a latinha de vagar, tendo uma correnteza de raiva sobre meu corpo e pensamentos cansativos.

Slash me irrita. Me irrita pra caralho. Ele me irrita como mais ninguém consegue me irritar. Ele supera até a Alice no quesito de me fazer sentir raiva.

Mas ele me faz bem. Bem pra caralho mesmo, é surpreendente. Só que a maior parte do tempo, eu estou puta com ele. Em relevância a isso, eu quero estar com ele, ele quer estar comigo e é esta sendo presente em minha vida mais do que meu ex em três anos.

Eu sei que meu filme preferido é 10 coisas que eu odeio em você, mas esse não vai ser meu karma para o resto da vida, ou vai?
Sei que Kat lista odiar amar Patrick, mas eu vou ter mesmo que viver isso?

Eu quero viver isso, mesmo que seja brigar diariamente com ele, e mais tarde, ter que fazer uma mágica para acabar com a briga.

Eu odeio estar longe dele. Odeio quando ele não cala a boca um segundo - mesmo que eu ame o ouvir, as vezes ele fala de mais. 
Eu odeio quando ele alisa minha nuca e me causa arrepios. Odeio quando ele ameaça me beijar e não me beija logo. Odeio quando ele ronca - parece um trator de esteira.
Eu odeio quando ele se faz de cu doce em relação a nos, odeio quando ele me provoca, odeio olhar para aqueles olhinhos negros e ver dor, e principalmente, odeio quando ele me atiça.
Odeio os sentimentos bons que ele me trás. Odeio que ele é o único que consegue me confortar... Eu simplesmente, o odeio.

Mas vale a pena odiar para conseguir amar?

Eu não sei como é me apaixonar, eu nunca me apaixonei, mas eu sei que eu o odeio.

Odiar pode ser amar?

Tomo mais um gole de cerveja, notando que meu corpo relaxou, então, ando até ele, e repouso ao seu lado, descarregando meu peso sobre o solo e encostando minha cabeça em seu ombro.

- Encostou a cabeça no ombro de mais quantos aqui?

De repente ele fala, e ao analisar suas palavras, o encaro com aptidão, visualizando sua boca suja de katchupe.

Fecho meu punho, trêmula, me contendo para não acertar minha mão fechada em sua cara.

- E sentou no lado de mais quantos também? - Slash acrescenta, com uma tonação de voz irritante.

Aperto minha visão, e erguendo-me, descarrego a raiva que sinto em seu maxilar, o acertando com um murro e então, parto dali como se nada tivesse acontecido.

●●●

Eu me arrependo por não ter lhe dado um soco mais forte.

Slash prossegue a se queixar. Porém, agora ele reclama que tem fome.

Com as mãos apoiadas na janela, abaixo o crânio, passando meus dedos entre minhas madeixas e apoiando a cabeça em minhas mãos.

Solto um alto e longo suspiro.

- Poderia calar a boca um segundo? - Questiono, pensando nesta possível situação.

- EU ESTOU COM FOME! - Slash sílaba ao meio de um grito.

- Slash. - Falo seu nome, virando-me em sua direção. - Você calado, é um poeta.

Ao completar a frase, recolho minha jaqueta do chão, caminhando rapidamente para a escada.

Posicionando meu pé direito no primeiro degrau, sinto Slash agarrando minha mão.

- Você não vai me deixar aqui sozinho!

- Ah, vou sim! - Discordo, largando sua mão.

Avanço nas escadas correndo, escapando de Slash em suas tentativas que ele tentava me agarrar.

Ao chegar no andar de baixo, e quase esbarrar em um garçom, Slash agarrou meu braço, puxando-me para trás e impedindo que meu corpo se chocasse com o do homem.

Espantada, minha garganta reproduziu um grito fino e agudo, no mesmo tempo, em que Slash me protegia, fazendo minhas costas baterem em seu peitoral.

O gritou fez eco, mas ao meio de todos aqueles sons distintos, quem daria atenção a um grito de pavor? Nem o garçom se importou, pois é, mas novamente Slash estava comigo.

Minhas costas estando contra seu peito, Slash tem a bela oportunidade de conseguir me abraçar por trás.

Seus braços se envolvem em meu corpo, e eu, esterica respiro fundo esperando o pavor acabar.

- Você está bem? - Ele sussurra em meu ouvido, removendo os fios de cabelo de minha face.

Utilizando o crânio sinalizo que sim.

Slash beija minha bochecha, contudo, percebo seus olhos na prateleira de doces.

- Ei... Me compra um kinder ovo? - Slash pergunta, fazendo-me ter a reação de rolar os olhos.

❛ ANJO CAÍDO 1 ❜ ‣ Slash Onde histórias criam vida. Descubra agora