° Capítulo 44 °

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Algum tempo depois...

- Bando de filha da puta... - resmungo, descendo as escadas enquanto acoberto minhas coxas com o vestido, o puxando para baixo. - Tenho que vir lá de cima pra atender a bosta da porta... - acresento, a frente da mesma, pondo a mão na maçaneta, não controlando as palavras que saem da minha boca. - Uns trezentos pia dentro dessa casa, e a Cristina que tem que abrir a porta pra visita.

Minha mão se fecha na maçaneta, e então faço a volta completa na mesma, abrindo a porta.

Revelando quem estava do outro lado, dou um passo para trás.

Meus olhos caminharam, destinados a ele. Destinados a encontrar seus olhos.

Slash, abre um sorriso sacana.

Faz meses que não nos vemos, e agora, nos encontramos aqui, algumas horas antes do casamento do meu irmão, no Rio Grande do Sul, na casa da minha família.

aqui a minha terra, é aqui a minha vida, é aqui o meu lugar", bom, Os Monarcas jamais estariam errados. E eu não devia ter largando minha terra, só que eu não tinha maturidade para enfrentar a situação, muito menos equilíbrio mental - não que eu tenha algum atualmente.
Mas agora, tô voltando pra ficar, como diz a música. Ficar mesmo, sem me arriar daqui.

Eu estou em casa, finalmente. Mas é despertador ter meu namorado junto à minha família, perto dos encapetados dos meus primos. Eu estou em casa. A minha casa é o núcleo da família, a casa dos meus avós, aonde todos se reúnem, aonde ocorre eventos da família. Eu não pensei que eles me aceitaram tão bem, que sentissem de verdade a minha falta. Mas é como se eu nuca tivesse sumido, como se eu nunca tivesse deixado minha casa. E de brinde, a banda toda veio pra cá, literalmente de mala e cuia.

Minha avó não se importou de dar teto aos meus amigos. Ela já conhecia Alice, e de qualquer jeito, após as datas festivas, vamos voltar a rodar o Brasil - ou até o mundo, quem sabe.

É a reta final. A contagem final. O final do ano. Uma nova era. Não há o que se perder agora, não há o que esperar ao certo.

Muita coisa, não me importa mais, não tem grande significado. Eu estou em casa, no meu lar doce lar, como cita o Crüe; e se algo der errado, eu tenho para aonde voltar, tenho colo para chorar e vozes para me consolarem.

Isso me alivia, tira um peso gigantesco dos meus ombros. Isso é como... Como uma garantia, de que tudo sempre ficara bem, de que tudo acabará de uma maneira serena. Não importa o que aconteça, eu tenho eles; duas famílias para bem dizer, os Bellini, e Abaddon.

Eu não posso deixar Axl de fora de tudo isso. Ele é meu pai, não biologicamente falando, mas sim afetivamente. Sem contar, em um namorado gostoso que eu arranjei.

Afinal de contas, tudo terminou bem. Tão leve quanto um piquenique em uma tarde quente de versão, então, apenas continuarei vivendo, pois vivemos para um dia morrer.
Não é isso que nossa espécie faz? Viver para morrer?

Eu vou continuar a tradição. Vou viver para morrer. Viver bem, com diversão, nem que isso me faça morrer jovem. Mas acabará bem como listei antes, mesmo em outro plano.

Se morrer jovem, terei a graça de morrer bela. Morta, porém bonita.

Retorno, fitando meu namorado, meu crânio vai para o lado.

Eu não falei nada até agora. Indícios de vergonha estão por vir, pois eu fiquei totalmente calada, feito uma grande tonta, na frente da família COMPLETA do cara que amo.

Slash repete meu movimento, e cruza os braços, em sinal de desaprovação, tal se eu tivesse rompido nossa relação.

- Vai vir me abraçar ou não? - ele questiona, arqueando ambas sobrancelhas.

Minha mão escapa de fechadura da porta, e minhas pernas, embora bambas, me guiam a ele.
Meu cérebro - e a vergonha - ordena que eu agarre sua mão, o arraste para meu quarto, nos deixando distante de todos, isolados no mundo de Cris, e só assim eu me deleitaria em seus braços, me renderia a seus beijos; mas meu teimoso coração, me fez agir como uma pessoa civilizada, não como um ET, seguindo a pequena parte lógica da minha cabecinha estranhamente desconfigurada.

Eu parei a sua frente, sentindo minhas bochechas em brasas.

Eu devo estar vermelha, é fácil de ver quando uma pessoa branca pra caralho fica vermelha - ainda mais quando essa pessoa tem parte de sangue alemão.

Ele parece normal, mas eu o percebo impaciente. Sua cabecinha deve estar a mil - e agora espero que seja a de cima.

Slash sorri. Sua única reação foi sorri.

Devolvo o sorriso, e meus olhos andam em seu corpo. Ambos queríamos ter certeza de que estávamos mesmos a frente um do outro, analisando-nos.

Alguns segundos se passam, e eu não poderia esperar mais tempo. Meus braços se enlaçam em seu pescoço, e rapidamente, fico desesperada por toque físico.

Por seu toque, necessariamente.

Seus braços apertaram a minha cintura, então escondo meu rosto em seu pescoço. Fungo sua pele, passando meu nariz por ela, enquanto seu corpo colava ao meu.

Suas mãos navegam por meu corpo, passando de vagar, examinando minhas curvas entre apalpadas inundadas de saudade.

As mãos dele tremem vagando por meu corpo, e eu não consegui simplesmente ignorar nossos corações batendo no mesmo ritimo, aparentando que corremos uma maratona de mais de cem metros.

Aperto suas costas, usando minhas mãos também, enquanto inalo seu perfume, e o cheiro macio que vem de seu cabelo. Suas mãos param ao encontrar minhas coxas, e ainda trêmulas, agarram-as, as erguendo, posicionando elas em seu tronco.

Pressiono minhas pernas em sua cintura, me aninhando nele com força. Slash na abraça, como se fossem me arrancar de seus braços.

É a hipótese está certa, vão me arrancar de seus braços daqui a pouquinho. Não vamos poder passar muito tempo juntos. É o casamento do meu irmão, ao meio de tantos familiares e amigos, sei que ele escolherá minha ajuda. Somos tipos órfãos, temos um ao outro pelo resto da vida.

Ele me viu crescer, virar mulher, e agora, me resta presenciar ele ficar calvo e barrigudo.

Pobre Steven que escolheu casar com ele - não tão pobre assim, mas ainda pobre Steven.

Slash suspira, roçando os lábios em meu pescoços. Espio entre seus cabelos, é confirmo que estamos sozinhos.

Ainda bem. Que vergonha, céus.

Ola já me conhece, mas eu ainda quero passar uma boa impressão ao seu pai e irmão. Puta merda.

De maneira lenta, Slash começa a me ninar, fixando com mais força seus braços em mim. Ao me apertar com tanta força, como se fosse me esmagar, ele começa dar voltas comigo em seu colo.

Ouço seu riso. Seu riso rouco e alegre, devido a uma brisa de verão, típica de dezembro, que aparece, batendo em nosso corpo, como se fossem pessoas nos fazendo cócegas.

Com a sensação, também rio, com meu namorado me contagiando.

Ele nos gira com mais frequência, e desanhinho minha cabeça de seu pescoço, trazendo-a a sua frente, e encarando seu rosto.

Slash girou, girou, girou, girou, girou, girou, e girou, igual um gira-gira, até que ele parou, colidindo contra a árvore do quintal.

Com a pechada, ele se atira no chão, me deitando sobre ele.

Imóvel, ficamos imóveis. Contendo a respiração aflita. Imersos ao abraço um do outro. Com a grama geladinha, verde, e macia, sendo nosso ernome colchão.

❛ ANJO CAÍDO 1 ❜ ‣ Slash Onde histórias criam vida. Descubra agora