❛ ANJO CAÍDO 1 ❜ ‣ Slash

° Capítulo 38 °

Dou descarga após ter vomitado, e me me sento no chão do banheiro observando a escuridão que me rodeia.

Parece que tudo voltou. De novo. Sempre tem um novo, um novo pior, um novo que bate mais forte.
Novos pesadelos, novas crises, novas paranóias, e nenhum novo herói vai me salvar, nenhum herói vai me tirar desse escuro.

Eu tive meu herói comigo. Não durou muito tempo, mas eu tive, e ele era a melhor pessoa que pode existir na terra, a melhor que pode existir na minha vida. Seu lugar nunca será tomado, e temo que o buraco do meu peito nunca será preenchido. Apesar da sua perca repentina, de realmente não ter superado isso, e de pensar que eu nunca supero nada, apenas sigo fingindo esquecer, fingindo superamento... Um pedacinho dele sempre estará comigo, refletindo isso na cor de meus cabelos vermelhos, nas sardinhas, no sorriso, ou até na maneira de falar, de se comportar, é especialmente no temperamento estourado e na porra de um dog-tag que uso tanto que parece fazer parte do meu corpo.

Eu me orgulho de ser sua filha, de ter seu sobrenome, mas ele se decepcionaria com o resultado da sua criação.
Eu larguei a escola, fugi, arrumei inúmeras confusões, tenho problemas em me relacionar, problemas da cabeça que não assumo, mas sei que tenho... Problemas sobre como me vejo, problemas com a comida, problemas em como vejo o mundo.

Não haveria nada a se orgulhar em ter uma filha como eu. Minha mãe já cita isso... Exceto, a maneira de tocar guitarra, porém nem disso tenho certeza que ele se orgulharia.

Meu pai era um homem bom, com atitudes boas... Não sei como sai uma merdinha dessas, e ainda conseguem me comprar com uma pessoa tão boa.

O peso da minha consciência me sobrecarrega. Eu sei que grandes parte dos meus problemas parecem estar resolvidos, ou seja, não há mais intrigas entre eu e Dantan, mas o filho da mãe do Duff ter pegado fogo, me fez reviver merdas que eu não queria, que eu não precisava.

Limpo minha boca com a mão, sentindo o mal halito do que vomitei. Não vai adiantar comer bem se eu vomitar, não adianta dizer algo a Slash e as suas costas fazer outro algo.

Nem a carga de minhas mentiras é mais suportável. Eu só penso em coisas ruins, coisas passadas, e de tanto pensar, novos acontecimento ocorrem tendo semelhança ao passado.

O novo deveria ser bom, mas para mim, nunca é bom pois eu sempre estou na mesma merda.

Eu estou ficando com o coração velho, mas eu só tenho vinte anos... Sou muito jovem para deixar o amor parti-lo, e está ficando muito tarde para me achar tão distante de todos... Sou jovem de coração, e fica tão difícil esperar, quando ninguém que conheço parece me ajudar agora.

Não me dando conta, eu cai no choro, encolhida no canto do banheiro.

Sinto minha garanta fechando e meus olhos sendo cobertos por lágrimas, enquanto, as imagem do sonho correm por minha cabeça.

Pisco, regressando da longa e dolorosa viagem de memórias, viagem que envolve partículas de pesadelos terríveis, e assim, incrédula ao que revivi pela tarde, ouço batidas agressivas na porta.

Sempre tem algo, ou alguém, para interromper qualquer momento de privacidade que eu pense em ter, seja alegre, triste ou de alta reflexão.

- Já vai. - Digo com a voz embriagada, e um tanto falhada, apoiando as mãos no solo para levantar do piso.

De pé, seco minhas lágrimas, não conseguindo acalmar minha respiração abalada, tanto quanto não consigo parar meu dilúvio de pensamentos, ou meu coração nocauteado.

Me locomovo a pia, ajeitando o blusão do Matanza que visto, sendo a única peça que cobre meu corpo, além de uma calcinha que está escondida pois a roupa vai até meus joelhos.