° Capítulo 36 °

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Avançado para o próximo cômodo, parada na passagem para o mesmo, distinguo minha mãe fumando rente a janela, Dantan sentando na mesa a mercer de lágrimas, e ao meio disso, a mãe de Slash infiltrada no cenário, consolando meu irmão.

Ola ao me notar na porta, ergue-se, caminhando em minha direção. Ela, saindo da cozinha, entre o tempo em que eu entrava na saleta e passava por Ola; ela sorri, mostrando doçura sem mesmo me conhecer.

Encaro-a sem expressão, sem reação, com uma divina cara de tacho... Ou, apenas sou eu, que penso que Ola não me conhece?

Há a possibilidade de que ela ouviu falar de mim, mas prefiro descartar uma opção dessas.

Para mim, pelo menos para mim, e no meu ponto de vista, seria totalmente drástico Slash ter comentando a sua mãe sobre mim.

Antes de encarar meu irmão, espiei o cenário em minhas costas, simplesmente por ouvir um gritinho fino e agudo, vindo de Slash, citando a palavra mãe.

Como eu queria encher meus de olhos alegria ao ver minha mãe, contudo, Ester continuará sendo Ester, e eu sempre continuarei sendo eu.

Ambas não suportando uma a outra, ambas evitando uma a outra. O máximo de tempo que devo ter passado com minha mãe, foi nove meses presa dentro dela, não acredito que exista um tempo a mais que fiquei junto à ela.

Eu não sei o fiz para ela me odiar, e prefiro nem saber o núcleo de toda essa raiva.

Ainda fixa a Slash, super entusiasmado, dialogando com sua mãe, um sorriso dança por meus lábios, os curvando levemente; contudo, ao ouvi-lo gritar a fala 'eu irei me casar', descarrego um tapa forte em minha testa.

A vontade que tenho de me socar é gigantemente imensa. Não creio que Slash não levou tudo a base da zoeira.

Trono a cabeça para frente, imersa com o cenário atrás de mim.

- Que vergonha, Dantan... - Ester inicia um comentário, removendo o cigarro dos lábios, fazendo ambos levarmos a visão para ela. - Homem feito, e chorando. - acrescenta, fazendo-o afundar as mãos no rosto, desabando mais uma vez.

Escondo meus lábios, contendo-me para não rebater nada. Se eu falar algo, será minha culpa, se eu não falar, também acharão modo de ser minha culpa, interferindo ou não, será minha culpa; porém desta vez, sigo o caminho da mudez, que talvez será menos doloroso alguma vez.

Me direciono até a geladeira, abrindo a porta do eletrodoméstico, e capturando uma garrafinha de água gelada do seu interior.

Ao arrodiar a tampa da garrafa, minha mãe traga o cigarro e deixando a fumaça se dissolver ao ar, passando entre sua boca e nariz, ela volta o corpo a mim.

- E você. - Começa, apertando os olhos ao mesmo que beberico água. - Não vou nem dizer muita coisa. Só cuidado com quem anda.

- O Slash?! - exclamo surpresa, automaticamente borrifando a água que estava em minha boca. - O coitado não faz mal nem pra uma mosca!

- Se é o que você acha. - diz, voltando o corpo para janela.

Aproveitando que ela está de costas para mim, dou risada, e faço carreta, pondo a língua para fora e imitando o capeta.

Ainda rindo em baixo volume, limpo minha boca com as mãos, secando um pouco de água que havia em torno dela.

Tomo mais um gole de água, me aproximando de Dantan.

Está bem, agora eu percebo que realmente tenho que falar com ele, encarar a situação e descobrir porque diabos ele está chorando feito uma criança.

❛ ANJO CAÍDO 1 ❜ ‣ Slash Onde histórias criam vida. Descubra agora