° Capítulo 10 °

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Apressadamente, afastamo-nos exageradamente, feito que nossos corpos passassem de mornos a ferventes, em segundos.

Raciocinando que o grito era devido a estar próxima de Slash, percebo Axl, entretido com a visão da janela, deixando as mãos nos quadris, no tempo, que ruídos cortam o silêncio.

Curiosa, olho para a janela.

Entre a escuridão e sons, que recordam música, avisto a porra do meu ex, acompanhado por alguns garotos com instrumentos musicais.

Saio da cadeira, indo em disparada a janela, rangendo os dentes de raiva.

Esse desgraçado, some por mais de dois messes, - isto, quando ainda morávamos na casinha alugada -, porque mandei ele parar de dormir no sofá, e aparece assim?!

Já havia tomado a decisão de que ocorreria um término e quando finalmente, localizei seu paradeiro, escrevi uma carta e coloquei em panos limpos o que desejava, assim, rompi o relacionamento.

Eu não teria a cara de pau de ligar e  acabar uma relação por telefone, sinceramente, na circunstância em que estávamos, seria infantil. Séria mais prudente escrever uma carta a mão, mesmo, que a ideia seja "ultrapassada".

Eu não sei como pude me enfiar em um cenário decepção e caos diários. Meu sentimento não era mútuo, apesar de ter a besta esperança que em um ano, ou dois, sentiria algo.

Três anos se passaram e nada, o cadeado em meu peito não se abria nunca, e com cobranças de Donatello, para que o sentimento, que ele mal cultivava iniciar desenvolvimento tardio, ele pesava mais, mudando de tamanho freneticamente.

Maldito bloqueio emocional.

O namoro também, não era lá aqueles coisas. O primeiro ano dele, foi a distância, momentos importantes que devíamos passar juntos, passaram, mas passaram em branco, eu no Rio Grande do Sul e ele em São Paulo.

Donatello era afetuoso... Até criar asinhas, me manipulando, criando estratégias cobrativas, insinuando cenários, dizendo frases que me sobrecarregavam - vou ser honesta, tudo o que me falam, cai em meus ombros, somente atuo na farsa que nada me atinge, não importando o tamanho do abalo que me causou ou causa, contudo, lá no fundo, minha criança interior se esconde mais. Eu guardo de mais para mim certos ocorridos, culpo o bullying, ele é o mais devastador trauma que alguém infelizmente passa. - ... Me traindo.
Eu também não era fácil, admito, contudo, não fui duas caras fazendo o que ele fazia!

Eu só arrumei treta com metade das bandas e artistas locais... Arrumei confusões em bares, ruas, festas... Havia boatos me difamado, ultimamente, tem ainda mais. O povo adiciona, altera e aumenta fofocas, sobre mim, a banda e meus amigos. Em locais me temem, em outros me amam, praticamente, poucos gostam de mim na cidade e eu não fiz nada a muitos deles; eles não gostam de mim, por eu ser eu.

Donatello pode ter sido meu primeiro namorado, mas, primeiro amor, nunca, jamais!

Nosso relacionamento, era baseado especificamente na frase qual a rainha, Rita Lee, canta em sua música: 'diga que me odeia, mas diga que não viva sem mim'.
Dizia que o odiava, ainda assim, precisava de um vocal para Abaddon, até me render e aceitar que eu canto melhor que ele.

Donatello cantava desafinando e saia do tom, quando não o fazia, sua voz era seca e amarga, tal como de cantores de sertanejo pela década de oitenta, a voz dele não era própria ao que necessitamos e diariamente ele estava com problemas vocais. Don devia investir em outro gênero musical.

❛ ANJO CAÍDO 1 ❜ ‣ Slash Onde histórias criam vida. Descubra agora