Cartas pra você

De onde conhece essa mulher?

Infelizmente nos fomos embora com poucas informações mas pelo menos agora eu sei que a pessoa que eu tanto procuro é uma mulher, ainda não parei muito pra pensar sobre isso mas não vejo nenhum problema em ser mulher até porque me apaixonei pela pessoa e não pelo seu estereotipo, chegamos em casa já era um pouco tarde e Rodrigo nos esperava com o jantar pronto;

- Posso saber por onde vocês andaram? Sumiram o dia todo - Ele deu um beijo em Gustavo.

- Nós fomos fazer um passeio no zoológico pai e depois passamos no shopping - Ele me encarou e piscou.

- Isso mesmo, agora vai tomar banho pra você jantar filho - Falei e dei um beijo em seu rosto.

- Por que tenho a sensação que vocês estão me escondendo alguma coisa? - Ele me encarou.

- Não estamos escondendo nada, agora vou tomar um banho e já desço para jantarmos - Sorri.

Subi para o quarto e tomei um banho relaxante pensando em tudo que eu descobri hoje, P.P é uma mulher e tinha pais recatados, que não deixavam ela conversar com a vizinhança, deve ser por isso que ela me escrevia cartas, talvez não tinha amigos e encontrou essa forma pra ter alguém por perto. Fiquei ali por um bom tempo brigando com meus pensamentos e depois de me trocar desci para o jantar;

- Estava com saudades de jantar com toda minha família - Rodrigo falou.

- Como vamos fazer quando vocês se separarem? Vamos morar em casa separada? - Gustavo falou e eu o encarei.

- Isso não é assunto de falarmos agora filho, depois conversamos sobre isso - O repreendi.

- Até porque não vai ter divórcio filho, eu e sua mãe vamos conversar e resolver isso, pode ficar tranquilo - Rodrigo sorriu.

Resolvi que não iria começar uma discussão ali na mesa do jantar por isso fiquei quieta, assim que terminei organizei a cozinha e subi para o quarto de hospedes para fazer algumas pesquisas, procurei por empresas de produto de limpeza no endereço das cartas e nada, procurei por outras empresas e achei varias mas nenhuma com alguma informação que me servisse pra alguma coisa, resolvi parar para respirar um pouco e  ler uma carta aleatória que estava no meio daquelas tantas outras que P.P me enviava;

"05/04/2005

Hoje eu sonhei com você e sabe o que foi engraçado? Você era um borrão que conversava comigo e me fazia dar muitas risadas, foi muito bom porque eu acabei brigando com minha mãe ontem e estava me sentindo muito mal, você tem feito minhas semanas melhores e eu sinto uma vontade imensa de te abraçar. Espero que um dia a gente tenha a oportunidade de nos conhecer pessoalmente.

ASS: P.P"

Eu queria tanto ter a oportunidade de dar esse abraço nessa pessoa mas é tudo tão incerto ainda, não sei quase nada sobre ela e provavelmente nunca vou saber mas não vou desistir de tentar, enquanto meu coração dizer que eu preciso achar essa pessoa eu vou continuar procurando.

No outro dia acordei com uma dor de cabeça insuportável e um humor péssimo, desci para tomar café e Gustavo já me esperava;

- Bom dia, mãe! - Me deu um beijo no rosto.

- Bom dia, filho! Cadê seu pai? - Peguei um remédio e tomei.

- Ele saiu já tem um tempo, disse que tinha uma reunião importante e não podia atrasar.

- Toma seu café rápido filho porque nós também estamos atrasados.

Depois de deixar meu filho na escola fui direto para a empresa a dor de cabeça ainda estava presente mas agora menos forte, assim que cheguei minha secretaria me disse que minha mãe me esperava na minha sala e isso me deixou mais mal humorada do que eu já estava;

- Bom dia, mãe! O que faz aqui tão cedo? - Dei um beijo no seu rosto.

- Bom dia, Natalie! Vim ter uma conversa muito seria com você - Ela não estava com uma cara muito boa.

- Se for pra falar sobre eu e Rodrigo vou avisando que já tomei minha decisão e não vou voltar atrás - Me sentei de frente pra ela.

- Hoje não vim falar disso, fiquei sabendo que esteve em Ribeirão Preto procurando a pessoa que te mandava as cartas, posso saber o por que disso agora? - Ela estava nervosa.

- Como ficou sabendo sobre isso? - Perguntei curiosa - Ainda não deu tempo do Gustavo te falar.

- Não importa como fiquei sabendo só acho que você deveria parar por aqui, essa historia já deu o que tinha que dar e isso vai acabar com sua vida.

- Como você sabe que isso vai acabar com a minha vida mãe? Você está me escondendo alguma coisa? Tem alguma coisa que eu precise saber?

- Não estou escondendo nada Natalie mas você esta acabando com seu casamento por causa de uma pessoa que você nem sabe se realmente existe.

- Ela existe sim mãe e enquanto eu não descobrir quem é eu não vou sossegar.

Fomos interrompidas com o toque do telefone, atendi e minha secretaria me informou que Priscilla estava me esperando;

- Tenho visita, a senhora já terminou seu discurso? - Minha cabeça estava explodindo.

- Você vai se arrepender de tudo que está fazendo Natalie, eu e seu pai nunca vamos aceitar tudo isso - Ela se levantou e eu fui atrás para receber Priscilla.

Assim que minha mãe abriu a porta ela travou e por um instante eu achei que ela tinha visto um fantasma;

- Esta tudo bem mãe? - Coloquei a mãe em seu ombro e ela se virou pra me encarar.

- O que essa mulher está fazendo aqui? - Sua voz era tremula.

- Quem? A Priscilla? - Eu não estava entendendo nada.

- Responde Natalie, de onde conhece essa mulher?

- Ela é minha amiga mãe, por que?

- Essa mulher não é uma boa pessoa se eu fosse você me afastaria dela.

- A senhora sempre coloca problema em tudo né mãe?! Me da licença que preciso receber ela.

Assim que minha mãe saiu ela encarou Priscilla com o pior olhar possível e eu fiquei me perguntando de onde elas se conheciam e porque minha mãe odiava tanto ela.

Agora só posto na semana que vem! O que acham que vai acontecer?

Até o próximo...