A volta

174 25 3
                                    


Priscilla

Eu andava de um lado pro outro e a ansiedade não me deixava dormir o medo ainda toma conta de mim mas eu não vou desistir, preciso voltar e não vou esperar mais nenhum dia pra isso.

- Vou sentir sua falta minha filha! - Dona Olga se aproximou e me abraçou.

- Eu também vou sentir sua falta minha velha! Sempre vou ser muito grata por tudo que você fez por mim, por sua causa estou viva hoje - Dei um beijo na sua cabeça - Mas prometo que venho te visitar sempre e quero que vá me visitar também.

- Você sabe que não saio daqui minha filha mas pode vir me visitar quando quiser - Ela sorriu - Vou ficar muito feliz.

Eu nunca me intrometi na vida de Dona Olga e nem quis saber o porque dela viver tão sozinha naquela cabana no meio do mato mas como eu precisava me distrair resolvi que seria uma boa hora pra saber um pouco mais dela.

- Por que mora aqui sozinha? - A encarei com curiosidade.

- A minha filha é uma longa historia! - Ela se sentou ao meu lado.

- Temos a noite inteira pela frente, não vou conseguir dormir mesmo - Sorri.

- Me casei muito nova e viemos morar aqui nessa cabana, meu marido tinha uma horta onde plantava suas verduras e ia vender na cidade e na época dava um lucro bom pra gente, logo engravidei e ele precisou arrumar um emprego um pouco melhor porque criança dava muitos gastos e da até hoje, minha filha nasceu com muita saúde mas com seis meses notei que ela estava amarelinha e levei ao medido, ele pediu pra dar banho de sol que era normal mas o amarelo não sumia e ela começou a regredir, já não era tão esperta mais e estava com dificuldades pra se alimentar, levamos ao medico novamente e ninguém descobria o que ela tinha, meu marido gastou todo dinheiro que tínhamos tentando descobrir o que nossa pequena tinha mas foi em vão, quando ela estava prestes a completar um ano seu coraçãozinho parou e ali naquele dia eu perdi a vontade de viver, minha vida ficou escura e triste, meu marido caiu em uma depressão profunda e logo não aguentou também, faleceu de parada cardíaca um ano depois que nossa filha se foi e eu fiquei sozinha - Ela dizia tudo com muita tristeza.

- Eu sinto muito Dona Olga! Imagino que não foi nada fácil pra senhora - A puxei para um abraço.

-Não foi e não é até hoje minha filha mas ter você aqui comigo me fez me sentir feliz depois de tantos anos - Ela sorriu - Você é uma menina muito especial e acredito que não apareceu aqui por acaso, esse mês foi muito importante pra mim.

- A senhora também é muito especial pra mim e quero que saiba que nunca vou deixar de vir te visitar - Deixei uma lagrima cair.

- Não chore minha filha! Você tem uma família que te ama muito te esperando em casa - Ela me abraçou.

A manhã demorou a chegar e quando o sol começou a nascer eu já estava me despedindo de Dona Olga e indo em direção a minha casa, ela me emprestou o dinheiro do taxi e eu disse que voltaria pra pagar e com os olhos cheios de lagrimas sai dali com o coração muito grato por tudo que aquela senhora tinha feito por mim.

O caminho até minha casa parecia eterno, eu olhava aquelas ruas movimentadas que algum tempo eu não via e me sentia viva, quando o motorista parou na porta da minha casa eu já consegui ver policiais na porta e alguns jornalistas também, pelo visto não iria passar desapercebido minha volta, fiquei com medo de descer do carro mas logo um dos policiais se aproximou e depois de confirmar que era eu que estava no taxi chamou outros pra fazer minhas escolta até a entrada da casa dos meus pais.

Meu coração batia tão forte que eu sentia que ele podia pular pra fora a qualquer momento, os jornalistas faziam varias perguntas e eu seguia de cabeça baixa sem responder nenhuma, até que cheguei até a porta e o policial me colocou logo pra dentro, assim que entrei minha mãe veio em minha direção me abraçando e distribuindo beijos descontrolados, não segurei a emoção e cai em um choro profundo, é bom estar nos braços da minha mãe novamente, logo ela deu espaço para meu pai que me abraçou com força e disse varias vezes que me amava.

Eu estava tão emocionada que não percebi que Natalie estava bem num cantinho da sala vendo toda aquela cena em silencio, quando a vi me desvencilhei dos meus pais e fui até ela;

- Não vi que estava aqui - Me aproximei e meu coração batia forte.

- Eu estou tão feliz que você está viva - Ela se jogou em meus braços - Eu tinha certeza no meu coração que você estava viva, eu sentia você bem aqui - Ela apontou pro coração.

Sem pensar duas vezes eu a puxei para um beijo, quando nossos lábios se chocaram eu esqueci de tudo que estava ao nosso redor, seus lábios eram macios e quentes e estavam molhados por causa das lagrimas que escorriam no seu rosto, ela deu passagem para que eu aprofundasse o beijo e quando nossas línguas se tocaram eu senti todo meu corpo arrepiar, nos beijamos calmamente e com intensidade.

- Tia Priscilla eu também quero um abraço - Escutei Gustavo falando e me soltei de Natalie para abraça-lo.

- O meu amor me desculpe! - Dei um abraço bem apertado nele - Eu estou muito feliz que estejam aqui.

- Nós estamos muito feliz que esteja viva minha filha, eu já estava perdendo as esperanças - Minha mãe ainda chorava.

- Eu estava com medo de voltar mãe, na verdade ainda estou com medo mas não podia esperar mais e deixar vocês aqui sofrendo - Eu ainda estava abraçada com Gustavo.

- E por onde esteve esse tempo todo filha? - Meu pai perguntou.

- Uma senhora me achou e cuidou de mim, estava na casa dela - Sorri - Eu posso tomar um banho e depois conto pra vocês tudo que aconteceu?

- Claro filha! O delegado vai vir aqui depois porque precisa conversar com você - Meu pai se aproximou - Desculpa estar essa bagunça aqui fora mas enquanto eles não descobrirem tudo que aconteceu não vão sossegar.

- Tudo bem pai, eu faço questão de dizer tudo que aconteceu e enquanto eu não ver os pais de Natalie na cadeia eu não vou sossegar - Olhei pra Natalie e ela baixou a cabeça.

Ela voltouuuu, o que acham que vai acontecer daqui pra frente?

Até o próximo...

Cartas pra vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora