Prazer, me chamo Priscilla!

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- Mãe, por que esta chorando? - Meu filho me aconchegou em seus braços.

- Não é nada filho! - Foi tudo que eu conseguir dizer.

Depois de anos eu tive uma noite completamente péssima, saber que procurei o endereço na internet e não achei nada e logo depois minha mãe chegar despejando aquele monte de coisa me deixou completamente acabada e triste, levantei no outro dia e quando me olhei no espelho eu estava horrível, tomei um banho relaxante e escondi tudo com maquiagem, não gostava de mostrar minhas fraquezas para as pessoas, principalmente para o meu filho.

- Bom dia filho! Desculpa demorar pra preparar seu café, acabei demorando um pouco no banho - Disse assim que cheguei na cozinha e o encontrei fazendo um sanduiche.

- Não tem problema mãe, fiz um sanduiche pra você também - Ele me deu um beijo - Não disse nada ontem mas ouvi sua conversa com a vovó.

- Eu já te disse que é falta de educação escutar a conversa dos outros, Gustavo.

- Desculpa mãe mas não consegui evitar, por que não me conta o que realmente acontece com nossa família? Já tenho idade pra entender certas coisas e estou cansado de ver você chorando pelos cantos sempre que a vovó vem aqui ou você discute com o papai.

- Eu tive uma noite péssima e não quero entrar nesse assunto agora filho - Desconversei.

- E você vai entrar quando? Quando eu tiver 18 anos? Porque tudo que vocês tem pra me explicar dizem que vai ser quando eu tiver idade - Se alterou.

- Olha o tom de voz comigo! Vou conversar com você mais tarde, pode ser? - Dei um beijo no seu rosto.

- Eu vou cobrar essa conversa. Sabe quando o papai volta?

- Ele mandou uma mensagem que volta amanha antes do almoço.

- Você chegou a procurar alguma coisa sobre as cartas? - Ele me encarou - Ontem eu estava lendo aquela que te entreguei e em uma parte dela está escrito que se um dia você não aguentar segurar a curiosidade poderia tentar descobrir alguma coisa.

- Sério? São tantas cartas que nunca me atentei a isso - Falei pegando a carta que estava em uma gaveta e lendo rapidamente - Nossa filho, nunca prestei atenção nessa parte da carta.

- Deve ser porque tem coisas mais interessantes escritas ai mãe mas isso ai que a pessoa escreveu quer dizer que não tem problema se você quebrar a promessa - Sorriu.

- Ontem eu cheguei a procurar o endereço mas deu em uma fabrica abandonada, fiz mais algumas pesquisas mas não encontrei nada - Entreguei a carta pra que ele guardasse.

- E se a gente for até esse endereço? Talvez os vizinhos saibam alguma coisa a respeito - Ele se animou.

- Não acho uma boa ideia! Nem sabemos quem estamos procurando, nem um nome temos.

- Se a gente não procurar nunca vamos saber.

- Eu vou pensar filho, agora termina seu café se não vai se atrasar pra aula e mais uma coisa, não conta nada para seu pai e nem pra ninguém sobre tudo isso, não quero criar mais problemas do que já tenho.

- Pode deixar, mãe! Seu segredo esta seguro comigo.

Depois de deixar meu filho na escola passei o dia todo na empresa participando de algumas reuniões e resolvendo problemas, meu dia tinha sido cheio e pelo fato de eu não ter dormido corretamente eu estava me sentindo um lixo, recebi uma ligação do Gustavo dizendo que meu pai buscaria ele na escola e ele dormiria por lá porque teriam a noite dos homens, por isso resolvi sair para tomar uma bebida, pensei em convidar alguma amiga mas essa noite eu precisava apenas da minha companhia e mais nada.

Fui em um barzinho que já estou acostumada e me sentei no balcão mesmo pedindo logo uma cerveja;

- Senhorita Natalie, faz tempo que não a vejo aqui - O garçom falou.

- Oi Roger! Realmente faz um bom tempo que não venho - Sorri.

- Aqui está sua cerveja, deseja mais alguma coisa?

- Por enquanto somente, muito obrigada Roger!

Tomei um gole da minha cerveja e já pude sentir aquela sensação maravilhosa pelo meu corpo, não tinha nada melhor do que tomar uma cerveja depois de um dia cansativo, abri minha bolsa retirando uma carta que eu guardava sempre comigo, ela me deixava feliz e me trazia alegria.

"13/07/2006

Eu estou te amando, não sei quando isso começou e nem quando, na verdade até algum tempo atrás eu nem sabia o que era o amor mas minha mãe disse que quando pensamos o tempo todo na pessoa e sentimos borboletas no estomago é porque estamos amando. Toda vez que chega uma carta sua meu coração parece que vai sair pela boca e eu conto os dias pra que essa carta chegue, ainda não consegui me envolver com ninguém por mais que minha mãe diga que já passou da hora de isso acontecer, não queria me envolver com alguém que não seja você, será que o destino vai permitir que a gente se conheça?

Com amor P.P"

Foi a primeira vez que alguém disse que gostava de mim e eu sinto até hoje as mesmas sensações de quando li essa carta pela primeira vez, lembro que respondi a carta dizendo tudo que sentia e depois desse dia nossas cartas não eram mais de amizade e sim de amor e um amor que ia crescendo a cada carta recebida, o que eu não esperava era que um dia essas cartas não chegariam mais e eu ficaria perdida em uma vida que eu nunca quis viver, seguindo os passos que meus pais designaram pra mim e casada com uma pessoa que eu não amo da mesma forma que amo quem me enviava as cartas.

- Desculpa atrapalhar mas caiu isso aqui no chão - Uma moça muito simpática me entregou um lenço que tinha caído da minha bolsa.

- Nossa, muito obrigada! Estava tão entretida que nem percebi - Sorri.

- Prazer, me chamo Priscilla - Ela estendeu a mão em cumprimento.

- Muito prazer Priscilla, me chamo Natalie - Apertei sua mão.

O encontro veio e a partir de agora a historia começa tomar um rumo bem legal!

Até o próximo...

Cartas pra vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora