Capítulo 7

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Em Gênova:

Logo ao amanhecer, o Imperador se apressa para ir ao quarto de banho, se arruma com a ajuda de seu leal servo e segue para o banquete, ansioso para ir à sala do trono, para ter uma breve audiência com o Rei, que é concedida imediatamente.

— Rei Pancrazio, compreendo que é muito cedo, mas desejo partir hoje mesmo, se possível ainda pela manhã, com a Princesa e minha comitiva para Constantinopla, garanto que as promessas que fiz ontem serão cumpridas. – Imperador Ottaviano diz.

— Tem razão, é muito cedo, não pode ficar um pouco mais? – ele pede.

— Tenho muitas questões no império a resolver. – Ottaviano omite sua real intenção.

— Compreendo e mandarei avisar a Princesa Brina. Tem minha permissão para partirem ainda pela manhã. – Pancrazio diz.

— Agradeço e peço que me dê licença para fazer os preparativos. – Ottaviano diz.

Rei Pancrazio avisa a Rainha Abelie, que no mesmo instante fica triste e temerosa, mas segue à alcova da Princesa, bate à porta e logo é recebida por suas damas.

— Minha querida, sou portadora de uma notícia que não desejaria trazer tão cedo. – a Rainha introduz o assunto.

— Penso que sei o que tens a dizer, Alteza. – Brina diz, com voz chorosa.

— Sim, o Imperador deseja partir agora mesmo, reúna todos os seus pertences para seguir com ele. Chegou o momento da nossa despedida, minha querida. – Rainha Abelie diz.

Ambas choram e passam mais alguns momentos juntas, em que mãe aproveita para aconselhar sua filha sobre seus deveres na vida conjugal.

— Brina, você aprenderá muito nos braços do seu consorte, deve ser sábia, ouvir o que ele tem a dizer, use sempre mais os ouvidos do que sua boca, jamais contrarie o Imperador, reine ao seu lado e o apoie em suas decisões, administre seu harém e escolha boas moças para ele, eduque os filhos dele como se fossem seus, administre todo o palácio com sabedoria e seja carinhosa e ajude sua primeira esposa, em breve você será a Imperatriz. – Rainha Abelie instrui a Princesa, que ouve tudo com indignação, embora não demonstre.

Rainha Abelie ajuda Brina a se arrumar como fazia quando a Princesa era apenas uma criança, as duas estão muito emocionadas.

Brina é vestida de azul com o véu da mesma cor, adornada com todas as joias, calça suas sandálias, suas damas Elea e Cara fazem questão de passar carmim e kajal para ressaltar lábios e olhos, logo está pronta para sua nova vida.

Princesa Brina vai ao harém para se despedir das amigas, concubinas, esposas secundárias e servas do Rei, todas estão chorando e se lamentando nessa despedida.

Rainha Abelie vai cuidar de encaminhar seus pertences junto com Adone, enquanto Brina caminha com suas damas pelos corredores do palácio no qual viveu todos esses anos, se despedindo, com lágrimas nos olhos e uma dor profunda no coração, sabendo que jamais pisará novamente nesse lugar, sentindo falta de todas as brincadeiras e alegria que sentiu no decorrer desses anos, porque de certo viverá muitos anos tristes daqui para frente, lamentando não sentir de perto o amor e zelo de sua mãe e Rainha e ouvir seus conselhos e correr para o colo de Adone.

Em Constantinopla:

Imperatriz Dianora decide se levantar do leito e conversar de maneira franca com seus curandeiros.

— É conhecido por todos nesse palácio que em breve eu partirei, também o sei, mas o meu sincero desejo é conhecer e saber o tempo que ainda me resta de vida... Apenas os sábios têm o devido conhecimento para responder esse questionamento. – Dianora diz, os constrangendo ao reunir todos e os pressionar.

— Não deve pensar no tempo, Majestade, deve se concentrar em não perder a esperança. – um dos sábios a instrui.

— Toda esperança apenas me faz pensar na realidade que vivo e em meus deveres para com o Imperador e todo o nosso povo. Me digam quanto tempo eu tenho, isso é uma ordem! – a Imperatriz usa toda a força que tem para exigir.

— Não são muitas luas, Majestade, infelizmente. – sentencia o mestre deles e baixa o olhar verdadeiramente triste, afinal todos adoram a Imperatriz.

— Tempo suficiente para mudar a realidade do meu Imperador e dos que estão à minha volta, hei de levantar e tomar providências para que tudo corra bem quando eu partir, o primeiro passo já foi dado com a escolha da Princesa Brina. – Dianora diz.

Então decide dispensar os curandeiros e se levantar para ir ao harém, manda Dario, o eunuco chefe, preparar os aposentos da Princesa com todo o conforto e luxo que ela merece e também deixa claro que todos devem respeitá-la como futura Imperatriz e atual segunda esposa do Imperador.

Em seguida Dario começa os preparativos para uma grande celebração para o enlace oficial de Ottaviano e Brina em Constantinopla, sob os olhares, cuidado e aprovação da Imperatriz Dianora.

Em Gênova:

Tudo está pronto para a partida, a grande comitiva do Rei Pancrazio e Rainha Abelie está às portas do palácio para se despedir da Princesa Brina, graças ao protocolo real as emoções são contidas, limitadas a poucas palavras, lágrimas não derramadas e derradeiros abraços.

Então a Princesa Brina e suas damas embarcam em completo silêncio rumo ao seu novo destino, Constantinopla.

Novamente é uma viagem exaustiva de dois dias, mas a Princesa segue protegida em sua cabine e quase nunca sai dela, até mesmo para fazer suas refeições, exceto para pequenos e raros passeios na proa. Até que chega o momento que deixa seu coração exasperado, o momento do desembarque.

Vicenzo ajuda Princesa Brina a desembarcar no corno de ouro e todos passam pela grande muralha e seguem para o forte de Constantinopla, finalmente é possível ver um esboço de sorriso no rosto do Imperador.

Chegando ao forte há uma grande comitiva esperando, para a surpresa de Ottaviano, Imperatriz Dianora está entre eles.

— Bem-vindo, meu Imperador. – Dianora diz e faz uma reverência, ele abre um largo sorriso para seu grande amor.

Imperatriz Dianora se desvencilha de Ottaviano e se aproxima da Princesa e sorri.

— Você deve ser a Princesa Brina, bons ventos a trazem, querida. Seja bem-vinda à sua casa, quero que se sinta à vontade. – Dianora diz e faz um carinho em suas mãos.

Brina ainda se constrange ao ver o carinho entre os Imperadores, observa bem o ambiente e a reação de todos na confraternização da chegada, logo é proposto um merecido descanso.

Então o eunuco Dario leva Brina à sua alcova, linda e muito bem decorada, digna de uma rainha, enquanto suas damas arrumam seus pertences, a Princesa se rende ao cansaço. 

 

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