Capítulo 22

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Em Constantinopla:

Imperatriz Brina baixa o olhar por um instante para esconder os olhos marejados.

— Quais são os anseios e desejos de Vossa Majestade? – Brina questiona.

— Brina, me chame de Ottaviano apenas, quando estivermos a sós. Meus anseios não são muitos, mas os separo do homem e do governante, porque é como se eu fosse duas pessoas diferentes, uma aqui diante de você e outra na sala do trono ou no campo de batalha. – ele diz.

— Está bem, Ottaviano, estou curiosa, quais são os anseios como homem? – ela questiona.

— Cumprir meus deveres morais e civis, encontrar o amor mais uma vez antes de morrer, honrar esta consorte com amor, joias e filhos, educar meus filhos, preparando para o futuro, seja de guerra ou paz, dar sustento a todos por longos anos, para que tenham uma vida de paz, mesmo após a minha morte. – Ottaviano diz.

— E seus anseios como governante? – a Imperatriz questiona.

— Cumprir meus deveres com o povo, sendo justo e compassivo, julgando todas as causas com retidão, visando sempre o que manda a lei. Guerrear todas as batalhas que me forem apresentadas com coragem e destemor, oferecendo tudo por Constantinopla, defendendo e honrando a minha nação, erguendo a minha espada e dando o meu sangue pelo meu povo até o último suspiro. – o Imperador diz e Brina se assusta com a obstinação dele.

— Agora a minha Imperatriz deve dizer quais são seus anseios. – Ottaviano diz.

— Como mulher ou Imperatriz? – ela questiona.

— Ambos me interessam, se desejar esclarecer. – ele diz e sorri.

— Como Imperatriz, meus anseios são governar com justiça e retidão o povo, julgar e avaliar suas questões conforme a lei e de maneira compassiva. Evitar as guerras tanto quanto possível, mas auxiliar o Imperador e o exército em todo o necessário e aguardar por todo o tempo em oração e aflição para que voltem são e salvos, enquanto administro seu palácio da melhor maneira, harém e educação de seus filhos. – a Imperatriz diz.

— Desde menina, eu tinha fantasias sobre o que era o amor, sem dúvida o que direi é tolice de criança, mas se é para confessar... Pensava que um príncipe muito bonito viria em um cavalo branco com sua espada, eu com meu vestido bufante branco e um véu longo e nosso enlace seria em uma cerimônia muito grande e elegante, com um baile e muitas pessoas felizes, todos sorrindo, com um beijo para celebrar o momento da união, em seguida saímos das bodas no cavalo enfeitado rumo às núpcias, que apesar de toda a timidez, as servas me preparavam com uma camisola branca com rendas e cabelos soltos, mas com arranjo de flores, então o príncipe vinha e com toda a delicadeza, me elogiava e me fazia carinho e me deitava na cama e me beijava na noite mais feliz de toda a minha vida, mas a vida me levou a estar casada com um homem mais velho do que eu, como uma segunda esposa, cuja a primeira era a única amada por ele, na cerimônia do enlace fica claro que ele não gostaria de estar ali e ninguém se diverte, na noite de núpcias em vez de elogios e carinhos, tenho que ouvir de meu consorte "Eu amo muito a minha esposa. Não sei como você foi convencida a essa aliança de casamento, mas tudo o que eu fiz foi apenas a felicidade da minha Imperatriz Dianora. Não me entenda mal, você terá toda a dignidade e respeito que merece neste palácio, mas nunca terá o meu amor, quanto menos você esperar de mim, menor será a sua dificuldade aqui" e então passo a noite fria e sozinha na alcova chorando de raiva e desprezo, no harém todas riem de mim, a consorte rejeitada e odiada, a desonrada, Dianora tem pena e me defende, assumo a responsabilidade pela administração do palácio e os cuidados com a Imperatriz até seu falecimento, mas toda a vergonha, humilhação e estigma continuam, ninguém sabe o que é viver isso por meses!... Em geral é o amor verdadeiro que todas as mulheres fantasiam toda a vida, mas eu descobri que não é apenas o amor, mas a honra, dignidade e status que a mantém de pé nessa briga diária dentro de um palácio e por isso a necessidade de uma mulher. – Brina diz, deixando Ottaviano boquiaberto e arrasado com sua explicação.

Ottaviano nota o quanto frustrou todas as expectativas da menina Brina ao obriga-la a se casar, destruindo seu sonho de ter um homem jovem, bonito, uma primeira noite perfeita, prazerosa e amorosa, acaba por se sentir o pior dos homens.

— Brina, diante de todas as suas palavras, tudo o que posso fazer é rogar que me perdoe, por ser o consorte que sou, da maneira que sou, com a aparência e idade que tenho, por ter humilhado você na primeira noite, por ter frustrado seus sonhos, por ter impedido de realizar seus sonhos, nunca soube dessa forma que a vida pode ser tão cruel e dolorida para uma mulher, apenas dando essa oportunidade é que tenho a chance de compreender como é seu ponto de vista sobre tudo o que passamos e o quão é violenta e estúpida a sociedade para vocês. – o Imperador diz, consternado.

— Compreendo tudo o que disse e aceito suas escusas, Imperador, embora não apague todo o sofrimento vivido nesses últimos meses, sempre podemos recomeçar, é verdade, mas perder sonhos e ideais quando se é apenas uma menina é muito triste. Amadureci muito nesse tempo e a Brina que vê hoje, não é mais a que estava em Gênova. – a Imperatriz diz.

— Me dê a sua mão... – ele diz e ela obedece. — Nunca mais será humilhada, desprezada, odiada ou rechaçada por mim, pelo contrário, será honrada, amada, cuidada e protegida, tem a minha promessa e eu cumprirei, ninguém nesse palácio lembrará dos tempos de sua desonra e nem de seu pranto, porque você será feliz aqui, pelo menos enquanto eu viver. – Ottaviano diz com firmeza e Brina concorda com os olhos marejados.

— Que assim seja, meu Imperador. – ela diz.

 – ela diz

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