Em Constantinopla:
Emissários retornam com a negativa para Hakan, o exército Otomano se agita e empunham as espadas, mas recebe o comando central, não ataca por unidades, por isso obedecem a voz de seu comandante principal.
Olhando pelas muralhas, Lorde Giorgio Giustino, ordena que todos se preparem e os guerreiros empunham suas espadas, prontos para guerrear.
Hakan ordena preparar os canhões, os setenta canhões de oito metros, que são carregados por cem bois, Simão e seu filho se dispõem, junto com os servos diante de todos os canhões, que estão posicionados estrategicamente e direcionados aos muros de Constantinopla.
- Fogo! - Sultão Hakan ordena.
Começam a disparar em direção a Constantinopla, dia e noite.
Os canhões têm paredes de bronze de vinte centímetros, usam bolas de meia tonelada, são extremamente potentes, mas só podiam disparar a cada três horas, caso contrário poderia acontecer um acidente muito grave, uma explosão por exemplo.
De certo a maior concentração de canhões jamais vista!
Do outro lado, Giorgio Giustino, é o responsável por defender os vinte e dois quilômetros da cidade murada de Constantinopla, um belo e forte trabalho de engenharia, construído da seguinte maneira, cinco camadas, são intransponíveis, tem um foço externo, uma camada aberta, um campo de matança, uma muralha externa com torres, outro campo de matança e uma muralha interna, todo o sistema tem cerca de sessenta metros de profundidade, do fundo do foço até a muralha tem cinco metros de altura, só pode ser derrubada com canhões de alta potência.
Giorgio Giustino ordena a seus soldados que empilhem as pedras derrubadas refazendo os muros e acaba funcionando para absorver os impactos.
Angústia, aflição e perturbação invadem a cidade de tal maneira que as pessoas mal podem suportar permanecer em suas casas, andam sem rumo pela cidade, temendo o que possa acontecer com suas vidas nos próximos dias, caso a cidade seja realmente invadida e o Imperador deposto. Há uma sensação de insegurança porque todos sabem que o exército é muito pequeno e frágil.
São seis dias de artilharia constante dos Otomanos, dia e noite, os muros estão sendo danificados, mas continuam em pé, mantendo os soldados de Giorgio Giustino dentro das muralhas, dando a eles uma oportunidade de arquitetar um plano para manter os Otomanos na defensiva, então o Mercenário reúne seus homens e começam a refletir sobre o melhor plano e escolhe sair em grupos pequenos e fazer ataques de curta duração para pegar de surpresa o inimigo, com o objetivo de defender a muralha externa, então leva arqueiros, se armam com espadas, escudos e armaduras e parte para o ataque contra os Otomanos, seguem até os portões, mas não sem antes fazer um breve discurso.
- Todos prontos, meus irmãos? Por Deus, pelo soldo e por ela... Constantinopla! Vamos mostrar o que um genovês é capaz. - ele diz e todos gritam, erguendo suas espadas.
Giorgio Giustino leva consigo cerca de dois mil generais mercenários.
Sultão Hakan, aceita o confronto e os Otomanos correm na direção dos guerreiros genoveses e muitos são atingidos por flechas, mais guerreiros vão, mas todos acabam mortos e feridos, a ferocidade e efetividade do ataque é tão grande que os Otomanos acabam perdendo essa batalha para os Romanos.
Hakan, decepcionado, reflete sobre a derrota e os Otomanos passam a temer a possibilidade de os inimigos atacarem do leste e oeste, além dos reforços do Papa, que certamente em breve chegarão em auxílio aos Bizantinos e Genoveses.
Então, Sultão Hakan exige que os canhões voltem a funcionar, mas Simão teme que ocorra explosão dos canhões por excesso de funcionamento, afinal eles precisam de uma pausa, mesmo assim, Hakan ordena que seja feito e Simão cumpre e no mesmo momento ocorre a explosão atingindo e matando alguns homens e ferindo o próprio Sultão, que é socorrido no mesmo momento e levado à tenda.
Cada dia que passa, Hakan vê suas chances de vitórias se desvanecendo, enquanto Giorgio Giustino e seus homens continuam reconstruindo os muros da cidade e cuidando dos feridos.
Sultão Hakan não consegue pegar no sono, pensa a todo momento em como pode fazer para vencer, anda de um lado para o outro da tenda, observa o mapa, reflete sobre os próprios erros no cerco, são duas semanas de ataque e Shandar Onur Pasha só o aconselha a ter paciência, é contra qualquer confronto.
Hakan está decidido a vencer a qualquer custo, mesmo que para isso, seja necessário entregar sua própria vida.
No décimo terceiro dia do cerco, Hakan e seus generais avaliam as defesas dos Bizantinos e fazem planos para uma investida ao anoitecer, decide fazer um discurso.
- Hoje nós tomaremos a maçã vermelha, nós somos Ghazi, guerreiros santos e herdeiros de Osman, os nossos ancestrais lutaram e morreram nessa muralha, mas nós estamos unidos para vingar suas mortes...O tempo dos infiéis e dos romanos terminou, uma nova era está chegando e ela começa hoje, Allahu Akbar! - Sultão Hakan diz.
- Allahu Akbar! - todos empunham suas espadas e gritam, fazendo estremecer o palácio de Ottaviano.
Ottaviano está tomando vinho com nobres de sua corte, quando sente estremecer seu palácio.
- Podemos nos render agora, o Sultão ainda terá misericórdia. - Grão Duque Lorenzo Caisseli diz.
- Não me peça para ser o último Imperador de Constantinopla. - Ottaviano, assustado, diz.
- Um Imperador morto não vai servir de nada, vivos podemos retomar a cidade. - Grão Duque Lorenzo Caisseli diz.
- Os nobres estarão com o Senhor. - um outro nobre diz.
- Vamos rezar para que a virgem Maria esteja conosco. - o Imperador diz e sai da sala do trono.
Otomanos sabem muito bem como guerrear, inclusive intimidando o inimigo no cerco, usando fogueira, formando um cinturão de fogo e as bandas militares, com muitos brados e alaridos.
É realidade que os Bizantinos estão em desvantagem numérica de dez para um, então são obrigados a ser astutos na defesa de sua cidade, mas isso não falta ao mercenário Giorgio Giustino, que é mestre na defesa de cidades muradas, um grande estrategista, está decidido a alcançar os Otomanos no foço essa noite.
- Se eles alcançarem as muralhas, morreremos. Hoje viveremos ou morreremos no foço! - ele diz e todos erguem suas espadas em concordância.
Sempre à frente do exército Otomano vão os arqueiros e eles disparam suas flechas, mas não atinge nenhum Bizantino, logo depois os Janisários avançam, usando uma armadura de malha leve, confiando na leveza e precisão, enquanto os Bizantinos usam uma de placa e espadas mais largas.
Centenas de Otomanos são mortos, mas Giorgio Giustino não perde nenhum soldado, o que é uma derrota devastadora para o Sultão Hakan.
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Fetih
Ficção HistóricaDiante do maior desafio de sua vida, Hakan lutará para ascender ao trono e terá que fazer uma escolha e dela dependerá não apenas o seu futuro, mas de todo o império Otomano. Conquistar não é apenas subjugar ou tomar posse sob a força das armas, mas...