Em Constantinopla:
Cada dia, as chances de o Sultão Hakan conquistar Constantinopla vão desvanecendo, tão intensamente, que é fundamental ter agilidade em suas resoluções, haja visto que não pode perder tantos guerreiros como os que têm perecido nas mãos dos Romanos, além disso, existe outra questão relevante, é imperativo que enfrente a oposição dos homens liderados por Shandar Onur Pasha, que se opõe que o cerco continue, ademais, se o cerco demorar, tem a possibilidade da chegada dos reforços vindos do ocidente, que são do Papa e os Genoveses.
Sultão Hakan permanece em sua tenda, quando chega uma mensagem vinda de uma cidade Egeia, informando que uma frota Genovesa foi vista em Dardanelos se dirigindo ao norte com soldados e suprimentos, exigindo ponderações e providências imediatas, dispensa seus homens de confiança para refletir cuidadosamente sobre essa questão.
Sua cuidadosa reflexão ao longos das horas, traz a convicção sobre seu dever de elaborar uma estratégia acurada contra os inimigos, sitiar e precingir com tamanha intensidade, que certamente os conduzirá à vitória definitiva, mas quais serão os métodos? Onde buscará essa saída?
Sultão Hakan observa com desvelo o mapa, inquieto e apreensivo, ponderando e raciocinando a respeito das derrotas de seu exército e dos acontecimentos envolvidos, muitos questionamentos vêm à sua mente.
Terceira semana do cerco....
Apesar de Constantinopla ser cercada de água por todos os lados, para exercer o controle da cidade, necessita de um reforço naval, no momento, considerada a cidade mais invulnerada do mundo, Sultão Hakan atenta que existe uma falha nessa defesa, exatamente nos muros construídos na região que é voltada para o mar, ladeando o corno de ouro, ao nordeste da cidade, a entrada para esse lugar é protegida apenas por uma corrente de ferro que possui um quilômetro de extensão, que vai da acrópoles até a torre da gálata e fica estendida ao longo do dia e é baixada apenas quando embarcações aliadas vão se aproximando, barrando, naturalmente, os navios inimigos e alvejada pela armada da cidade.
Os Otomanos têm investido em uma marinha poderosa, composta por cento e vinte e seis navios, mesmo assim são incapazes de adentrar o corno de ouro, enquanto a armada Romana é composta apenas por trinta navios, mas estão posicionados e seguros no porto do corno de ouro.
Incautos permanecem considerando que os Grego/Romanos são mais versados no mar, enquanto os Otomanos na terra, embora Hakan tenha investido pesadamente em sua marinha, conhecendo os aliados e as estratégias dos Bizantinos, na aquisição de reforços dos Italianos.
Hakan permanece dedicando sua concentração a avaliar meticulosamente o mapa e os vinte e três cercos malsucedidos, consciente de que não havendo o controle sobre o mar, não se poderá conjecturar vitória, em sua mente, traça abundantes estratégias, enquanto avalia os equívocos das malogradas batalhas.
A marinha Otomana espreita, há semanas, as defesas e a movimentação no corno de ouro.
Os homens de confiança de Hakan, adentram a tenda do Sultão na intenção de informar que os navios Genoveses foram avistados vindo do Ocidente a caminho pelo Mediterrâneo, cuja previsão de chegada será em dois ou três dias, se os ventos forem favoráveis.
— Essas embarcações serão as primeiras de muitas armadas que adentrarão o corno de ouro em auxílio aos Romanos. – reflete Hakan.
— Imagino que, nesse momento, somos alvo de escárnio para os Romanos e Genoveses, Sultão. – um deles diz, mas Hakan sequer ergue seus olhos para o identificar ou responder.
— Uma situação é certa, com o nosso cerco, as mercadorias e fornecedores não adentram a cidade e os produtos já começam a faltar. – outro diz e ri.
Em meados de abril, Sultão Hakan convoca seu comandante da armada Otomana à sua tenda e ameaça Savas Pashá.
— Não admitirei que a armada Genovesa adentre o corno de ouro, sob nenhuma circunstância, ou verá o peixe dragão devorar suas carnes, eu mesmo o entregarei, se falhar nessa missão! – Hakan faz suas exigências e o homem teme visivelmente.
Embora a armada Genovesa esteja entre as mais temidas do mundo, o Sultão escolhe Savas Pashá para deter sua chegada, um guerreiro destemido, sua fama o precede, devido aos anos dedicados a elite do exército, os Janisários.
Recebe do Sultão a ordem de impedir a entrada da armada Genovesa em Constantinopla, se lançando em batalha contra os inimigos dos Otomanos, não apenas um combate entre as armadas, mas à sua espera está o mar Mármara, cujas correntes e ventos são insidiosos.
Conforme esperado, a frota Genovesa, enviada pelo Papa, como reforços nessa guerra, navegam pelo mar de Mármara, composta por quatro navios, com apenas três soldados, e mais um que carrega apenas alimentos, se assombram ao observar o bloqueio Otomano.
De um momento para o outro, o confronto tem início, tudo o que se vê é uma batalha sangrenta entre as armadas, muitos guerreiros são mortos, os navios Genoveses pegam fogo, os Otomanos estão sendo bem-sucedidos nesse combate.
No mesmo momento, Sultão Hakan, elege tropas do seu exército para confrontar os Romanos, mantendo o impasse entre os Otomanos e seus inimigos.
Hakan ordena que centenas de mineiros Sérvios cavem túneis atrás e por baixo das muralhas de Constantinopla, garantindo que as verá enfraquecer e ruir, exige que após a escavação, atulhem a passagem subterrânea com pólvora, promovendo grandes explosões.
Enquanto isso, em Mármara, o mar está revolto e seus ventos traiçoeiros mudam o curso, amparando e sustentando a frota inimiga a adentrar o corno de ouro.
Em Adrianópolis:
Sultana Ece Hatun, passa a exercer a posição de Valide Sultana, com a ausência da mãe Aysun, administra todas as áreas do palácio, harém, educação dos filhos e mulheres do Sultão.
Seu ventre está proeminente, exigindo um pouco mais de esforço na execução das tarefas diárias, preserva a esperança de que o herdeiro seja um menino forte e saudável.
Com o apoio de Adem e Alp, os eunucos branco e negro, mantém as Kadins, Godzes e Ikbals e suas frustrações e medos sob controle, há uma relativa tranquilidade no harém, acredita que a aflição e angústia dessa espera prolongada exija o devido silêncio, introspecção e orações, Efendi In Arabi e sua esposa auxiliam nesse processo de aconselhamento.
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Fetih
Historical FictionDiante do maior desafio de sua vida, Hakan lutará para ascender ao trono e terá que fazer uma escolha e dela dependerá não apenas o seu futuro, mas de todo o império Otomano. Conquistar não é apenas subjugar ou tomar posse sob a força das armas, mas...