Capítulo 9

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Em Constantinopla:

Brina não pode dizer que está atenta aos ritos do cerimonial, porque realiza apenas meio-sorrisos quando olham em sua direção, sabendo que essa é a maneira de uma dama da nobreza consentir em toda e qualquer situação, permite ser conduzida por Ottaviano como um corpo sem vida, afinal é como sente em seu interior, enquanto tudo no exterior exprime beleza, requinte e extremo luxo com o melhor que o império pode oferecer.

Dianora assiste ao cerimonial distante e com lágrimas nos olhos, certamente lhe dói ver seu grande amor que em tantas vezes no leito jurou fidelidade, agora passa a pertencer também a Princesa Brina e faz dela sua Rainha.

É uma cerimônia grandiosa e muito bela, todos os convidados observam com atenção e rendem elogios aos detalhes e organização, assim que termina, todos vão celebrar com muito vinho e danças até o anoitecer.

Então a agora Rainha Brina, sabe que deve retornar à sua alcova para se preparar para as núpcias, suas damas Cara e Elea a arrumam com uma camisola vermelha, adornam e perfumam, deixam-na sozinha para esperar por seu consorte.

Brina se senta e espera longamente até que a porta se abre, finalmente é Ottaviano, que mal olha em sua direção.

— Eu amo muito a minha esposa. – ele faz questão de dizer, ainda da porta.

— Não sei como você foi convencida a essa aliança de casamento, mas tudo o que eu fiz foi apenas pela felicidade da minha Imperatriz Dianora. Não me entenda mal, você terá toda a dignidade e respeito que merece neste palácio, mas nunca terá o meu amor, quanto menos você esperar de mim, menor será a sua dificuldade aqui. – Ottaviano diz e sai, fechando a porta atrás de si, deixando uma Brina confusa, irritada, magoada e furiosa para trás.

— Quem você pensa que é para me tratar desse modo? – ela esbraveja para as paredes.

Tira todos os adornos de nova noiva e deita em seu leito de núpcias vazio e frio.

Amanhece e todos seguem para o banquete da manhã, menos a Rainha Brina, a Imperatriz Dianora pergunta por ela, respondem que ela se declara indisposta em sua alcova, então a Soberana solicita que seja servido um farto desjejum para ela em seus aposentos e olha desconfiada para seu consorte, o que deverá ter feito Ottaviano à pobre moça na noite de núpcias?

Assim que termina a refeição, Dianora vai até a alcova de Brina para uma breve conversa.

— Brina, posso entrar? – Dianora pede.

— Claro, Majestade, todo o forte e este palácio te pertencem. – Brina diz com ironia.

— Quanto tempo você pretende permanecer nessa alcova? Vossa Alteza está desposada e tem responsabilidades nesse palácio agora. – Imperatriz Dianora diz.

— Responsabilidades para com quem? Para o consorte que ama apenas Vossa Majestade? – os olhos da Rainha Brina brilham com lágrimas de tristeza, enquanto ela pronuncia essas palavras com notória raiva.

— Passe algum tempo com ele na sala do trono, já falei com o Imperador a esse respeito, a situação deve mudar em breve. – Dianora recomenda e lhe oferece um copo de suco.

— Vossa Majestade cuida tão bem de todos! – Brina diz com ironia renovada.

— Não estamos competindo, Brina! Tudo o que estou tentando fazer é facilitar a sua vida antes que eu parta. – Dianora a repreende e diz.

— Sou obrigada a cumprir todas as suas vontades? – Rainha Brina pergunta.

— Não! Pode se enjaular em sua raiva, mas saiba que essa é sua vida agora e quanto antes aceitar, melhor será para você. Estou aqui apenas para amparar e favorecer a sua vida neste palácio e abrir as portas para você na vida do seu consorte e Imperador. – a Imperatriz Dianora diz e se despede.

Brina lança longe a taça com o suco e esbraveja.

Em uma cidade Egeia:

Príncipe Hakan vive exilado há um bom tempo, distante da disputa e jogos de poderes em Adrianópolis, aborrecido por essa condição que lhe é imposta, treina a arte do duelo com espadas, quando Yusuf Pasha aproxima-se exasperado clamando por sua atenção.

— Meu Príncipe, meu Príncipe... o Sultão... – ele começa a dizer.

— Dirás-me o que aconteceu agora, Yusuf Pasha! – Hakan exige.

— Por conta de disputa de poderes, o Sultão Murad morreu, agora seus homens de confiança e conselheiros estudam quem deve subir ao trono que o pertence, meu Príncipe. – Yusuf relata.

É bem verdade que não há linha de sucessão em Adrianópolis e que há uma disputa entre os irmãos e aquele que for o mais forte vence e recebe o trono como recompensa, mas Hakan jamais deixará de ocupar o lugar que pertence a ele por direito.

— Vamos partir imediatamente! – Hakan diz e todos preparam os animais e seguem sem demora com ele.

Cavalgam sem descanso por dias até avistar Adrianópolis, neste momento, todos os membros da corte já estão avisados de sua chegada e organizam uma comitiva para o aguardar, são os conselheiros e homens de confiança do antigo Sultão junto com o Grão-vizir Shandar Onur Pasha, que estão às portas de Adrianópolis e são avistados por Hakan logo na chegada e o recepcionam com falsa cordialidade.

— É bom o ver novamente, meu Senhor. – Grão-vizir diz.

— É bom estar de volta Shandar Onur Pasha, mas estou aqui para recuperar o que é meu por direito e ninguém será capaz de me impedir. – Hakan declara ousadamente.

Então o futuro líder dessa nação faz questão de provocar e o humilhar, tirando sua luva direita e entregando sua mão, obrigando o Grão-vizir Onur Pasha a cumprimentá-lo, para que ele a beije e leve em direção a ambos os olhos, dando toda a honra ao novo Sultão.

Mas ainda haverá uma disputa ao trono Otomano, seus três irmãos desejam ardentemente se tornar Sultão e jamais deixarão de lutar por essa posição.

Antes que Hakan suba ao trono, seus irmãos demonstram que não aceitam que ele se torne o novo Sultão, então tem início uma batalha interna e sangrenta nos muros de Adrianópolis, Hakan se lança em uma disputa árdua contra seus três irmãos, que resulta em morte para dois deles e exílio para o outro, conseguindo assim assumir o trono, coroa e cetro, se tornando oficialmente o Sultão Otomano aos dezenove anos. 

 

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