Capítulo 21

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Em Adrianópolis:

Simão e Paulo se posicionam temerosos diante do grande Sultão Hakan.

— Eis que sua fama o precede, Simão. Muito tenho ouvido a respeito dos seus canhões. – Hakan diz, curioso.

— Me enaltece e me sinto honrado por suas expressões, Majestade, mas estou aqui para apresentar mais do que palavras, os meus projetos. – o homem diz e começa a buscar entre todos os rolos em suas mãos — É preciso de uma boa artilharia para derrubar a cidade murada de Constantinopla. – ele continua a dizer, acha enfim o projeto e, desajeitado, avança na direção do Sultão, mas é imediatamente impedido pelos soldados armados com suas espadas empunhadas.

— Perdão, Majestade, posso mostrar? – Simão pede e Hakan indica a mesa ao lado, fazendo sinal para os soldados recolherem as espadas.

— Sultão, venho de muito distante para oferecer à Vossa Majestade meu principal projeto e serviço, que venho desenvolvendo há muitos anos, peço que analise com muito cuidado todo o esquema, são canhões de alta potência para que possa vencer suas guerras... É meu maior canhão, tem oito metros, solta uma bola de dois metros de diâmetro. – o homem chamado Simão, eufórico, diz.

— Esses canhões terão mesmo a capacidade de derrubar os muros de Constantinopla? Afirma que esse potencial? – o Sultão questiona e o homem confirma que sim.

— Mas antes quero que me responda uma questão com sinceridade e honestidade, são cristãos? – Sultão questiona, surpreendendo a dupla.

— Sim, Majestade, nós somos. – ele confessa, tirando seu chapéu e apertando nervosamente entre as mãos, enquanto o menor suava e se escondia atrás do pai.

— Então qual é o motivo de oferecerem a mim e não ao Imperador Bizantino esse projeto tão importante de artilharia, ao qual se dedicam há tantos anos? – Hakan questiona, tentando observar qual é a armadilha que estão forjando contra ele.

— Porque acreditamos que só Vossa Majestade poderá conquistar diversos territórios, além disso, sabemos que só o Sultão pode arcar com os custos da produção dos canhões, nos pagando o que merecemos. Por essa razão desejamos vender ao grande Hakan, observe atentamente aos projetos, são realmente muito bons, pode constatar isso durante nossa apresentação. Derrubando a cidade murada de Constantinopla, a deixará vulnerável para que Vossa Majestade a conquiste e possua! – Simão diz com sinceridade e se aproxima euforicamente dele, sendo puxado pelo filho em seguida, alertando o homem da ousadia.

— Qual é o preço desses canhões? – o Sultão questiona.

— Dez mil ducatos. – Simão diz.

— Você tem mesmo muita coragem. – Hakan afirma.

Sultão observa com cautela os projetos, sua sensação é de encantamento pelo que virá a seguir, durante a guerra, tomando uma decisão.

— Pois bem, se esses canhões realmente forem capazes de derrubar os muros de Constantinopla eu pagarei quatro vezes mais o que me pede, mas ordeno que fiquem prontos em no máximo três meses! – Sultão Hakan decide e exige, fazendo com que Simão e o filho temam e tremam.

Em Constantinopla:

Imperador Ottaviano está na sala do trono com seus homens de confiança, decide convocar o mercenário genovês Lorde Giorgio Giustino, que é especialista em defender cidades muradas e promete a cidade de Lhenos como prêmio pela vitória sobre o Sultão Hakan, todos o consideram como grande vantagem nessa guerra e esperam com ansiedade por sua chegada.

No decorrer dos dias, há uma certa agitação no palácio com os preparativos para a chegada do visitante, a Imperatriz Brina está dedicada a tudo o que é necessário para a comitiva real e as acomodações, sempre na companhia de Aldo, logo depois seguem para o harém, onde cuida não apenas da administração, mas do harém, depois relaxa e cuida da beleza.

Demora cerca de uma lua até a aguardada chegada do mercenário Lorde Giorgio Giustino, a recepção e comitiva estão prontas, curiosos o esperam e se surpreendem com um homem alto, com cabelos longos e castanhos, olhos intensos, expressivos e da mesma cor, roupas comuns a qualquer sujeito cristão, com uma capa marrom sobre ela e uma espada presa a sua bainha.

Logo percebe a quem deve se dirigir e saúda com reverência o Imperador.

— Seja bem-vindo, Lorde Giorgio Giustino, Constantinopla o aguardava. Esses são os membros da minha corte, o Grão Duque Lorenzo Caisseli, Lorde Paolo Beamount, Lorde Agostino Bellini, Lorde Alfonso Pagano, Lorde Tommaso Collalto, Lorde Renzo Galaretto, Lorde Gaetano Caccini e Lorde Maurizio Macerata. – o Imperador Ottaviano diz.

— Agradecido, estava ansioso para chegar ao império e conhecer Vossa Majestade. – o mercenário diz e sorri, cumprimenta respeitosamente todos os membros da corte.

— Seja bem-vindo. – os membros da corte dizem a uma só voz.

Ottaviano apresenta a Imperatriz ao mercenário e após os cumprimentos e uma breve conversa, seguem para o interior do palácio, Brina o orienta onde é sua alcova e designa um servo para ajudar em tudo o que for necessário para que se estabeleça e fique à vontade, informa que o banquete de recepção ocorrerá em uma hora.

Imperador Ottaviano segue para a alcova da Imperatriz.

— Que Vossa Majestade deseja? – ela questiona, surpresa ao ver o Imperador adentar seu aposento.

— Imperatriz, no derradeiro diálogo que tivemos fiz uma promessa, que não pode ser cumprida apenas com presentes nobres, noites de prazer, elogios constantes e idas à sala do trono, devo dar à você mais do que isso, a chance de nos conhecermos profundamente, quero saber seus anseios e desejos, o que a faz feliz verdadeiramente, só assim o amor poderá brotar entre espinhos, estou certo, Majestade? – Ottaviano pergunta.

Brina sorri discretamente porque não espera pelas palavras eloquentes e delicadas vindas do Imperador que ela conheceu meses atrás.

— Rogo que não minta para mim! Estou com seu herdeiro em meu ventre é verdade, mas não precisa fazer todo esse sacrifício me honrando dessa maneira apenas por essa criança, quando na verdade sente asco por mim! – Brina diz e limpa uma lágrima.

Imperador se apressa a tocar em sua mão direita e se senta diante dela.

— Saiba que minha falecida Dianora se sacrificou por nosso enlace, ela própria o desejou porque sabia seu destino e queria preparar o meu futuro, sentia que você seria ideal para essa posição de Imperatriz e mãe do herdeiro desse império, assim como um consolo para o meu coração, preenchendo o espaço que ficara vazio e repleto de dor... Eu não sabia naquele momento, me recusava ver, mas ela tinha razão, aos poucos e com sua ajuda tudo foi se transformando, aquele ódio e desprezo... os espinhos... Me ajude! – o Imperador explica.

 Me ajude! – o Imperador explica

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