Capítulo 19

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Em Constantinopla:

Entra, mesmo sem a permissão do Imperador, em sua alcova.

— Como ousa adentrar meus aposentos, sem ser chamada? – Imperador Ottaviano esbraveja.

— Se continuo esperando, o Imperador jamais me chamaria. – Imperatriz Brina, diz, altiva.

— Dir-me-ás o que deseja e seguirá para sua alcova? – com desprezo, o Imperador pergunta.

— Dir-te-ei, Majestade, a verdade sobre a nossa responsabilidade como Imperadores e consortes. – Imperatriz Brina arrisca dizer.

— Como ousa falar de minhas responsabilidades como consorte se jamais prometi qualquer coisa ou sentimentos à você, eu disse que não deve... – Ottaviano começa a dizer e é interrompido subitamente.

— Esperar nada de Vossa Majestade... Sim, já ouvi o bastante, mas mesmo que sintamos repulsa ou ódio um pelo outro, serei eu quem dará o herdeiro ao trono... – Brina mais uma vez se atreve a dizer, deixando-o furioso.

— Como se eu não vou tocá-la? Está aqui apenas pela escolha de Dianora, mas jamais ocupará meu coração, que pertence apenas à ela. – mais uma vez, Ottaviano diz com desprezo.

— Reflita, Majestade e cumpra seu dever, que também é o meu. Jamais sentiremos qualquer coisa a não ser ódio, repulsa e desprezo, mas não pode negar a minha posição neste palácio e em sua vida. A Imperatriz Dianora escolheu nos dar essa pesada obrigação, então faça a sua parte! – Imperatriz Brina diz com altivez e ousadia e sai, batendo a porta da alcova atrás de si.

Ottaviano reflete sobre as palavras de Brina e admira seu destemor e sinceridade.

Tem razão a respeito das responsabilidades e sobre o que esperam dos Imperadores, deve ter um herdeiro, que só poderá vir da Imperatriz, mesmo que não tenha desejo ou amor por ela... Ora, quantas vezes nesse império teve que fazer ou viver situações que simplesmente despreza, esse será apenas mais um esforço pelo futuro e para manter tudo na mais perfeita ordem.

Há algum tempo que Dianora partiu, guardou o luto, pranteou tanto quanto seu coração exigiu, mas é hora de pensar em seu império, afinal todos os dias membros de sua corte reclamam sua ausência.

Mário prepara suas vestes e o ajuda, logo está pronto para ir à sala do trono, manda convocar a corte e é informado sobre todas as situações relevantes do império, mas estranha a ausência de informações sobre Hakan, deve confessar que o silêncio em Adrianópolis o assusta.

Sente que deve organizar seu exército, pede conselhos para a sua corte e todos concordam de tal maneira que o Imperador exige que o general convoque mais homens e os treine intensamente, afinal podem entrar em guerra a qualquer momento.

Ainda se mantém afastado da Imperatriz por mais um mês, por fim decide que não vai a humilhar e rebaixar mais, ordena que Aldo a convoque para seu leito essa noite.

Imperatriz Brina, mesmo mantendo seu silêncio e afastamento após tanto tempo de seu ultimato ao Imperador, se surpreende com a convocação para seu leito, permite que Aldo cuide de sua aparência, com banhos, massagens, novas vestes e joias e segue para cumprir seu dever, deitará com seu desprezível consorte pela primeira vez.

Na alcova do Imperador reina o silêncio, os dois se aproximam e ele manda apagar as luzes, afinal só quer cumprir sua pesada obrigação, sem qualquer sensação ou sentimento, apenas o dever.

Em Adrianópolis:

Sultão Hakan e a Sultana Ece Hatun fazem o desjejum juntos e depois ele vai à sala do trono, enquanto ela retorna ao harém.

Hakan faz questão de saber de Shandar Onur Pasha sobre como está o exército, ordena que reúnam a maior quantidade de homens para o exército e que os prepare para a guerra, que será em breve.

Dois meses se passam e a Sultana tem a confirmação de que concebeu naquela noite dos enlaces do Sultão, há muita inveja no harém porque a posição de Ece Hatun continua de extrema honra, em especial se nascer o filho homem, sucessor do trono de Hakan e por essa razão é tratada com esmero e carinho pela Valide Sultana Aysun.

Kadins, e Godzes, estão ansiosas para gestar também, mas ainda não é chegado o momento, Sultana Ece Hatun tem ido com maior frequência à alcova do Sultão, fazendo com que todas fiquem agitadas com a distância e esquecimento de Vossa Majestade, situação que é prontamente controlada por Adem e Aysun, afinal todas devem obediência à Valide Sultana, que comanda e decide quem vai para o leito dele a cada dia.

Meses vão se passando e o Sultão recebe excelentes notícias na sala do trono.

— Reunimos uma boa quantidade de guerreiros e os treinamos. – diz Shandar Onur Pasha.

— Quantos homens temos no exército? – Hakan questiona.

Altan, Ata, Baris, Berk, Mas, Can, Deniz, Ediz e Gul, os homens de confiança e da corte estão atentos para as informações.

— São oitenta mil homens, Majestade. – o Grão-vizir diz.

— Temos armamento suficiente? – Baris questiona.

— Nada falta ao nosso exército, estamos prontos para a guerra. – Savas, o comandante diz.

— Muito bom, logo chegará o momento mais apropriado. – Sultão Hakan diz, enquanto olha os mapas.

Em Constantinopla:

Imperatriz Brina se levanta do leito logo após ter consumado seu enlace, ciente de que leva consigo mais do que essa primeira noite fria e dolorida, sente que seu dever está cumprido, mesmo que não conheça o prazer e o amor e provavelmente jamais os conhecerá ao lado do déspota Ottaviano.

Retorna para a sua alcova e solicita às suas damas um banho, quer se livrar do cheiro daquele corpo sobre o seu, ainda que seu perfume seja agradável e sua pele macia, sente que essa noite fora nada mais de disputa de ódio, rancor e poder, quando deviam ser os momentos mais lindos de toda a sua vida.

Aos poucos os meses vão se passando e com frequência o Imperador manda chamar a Imperatriz para seu leito para que juntos cumpram seu dever para com o império de dar um herdeiro ao povo, mesmo que pouco conversem, Ottaviano nota o empenho de sua consorte e decide ser mais carinhoso com ela, permitindo que suas noites sejam prazerosas e agradáveis, de qualquer maneira, Brina é uma mulher jovem e bonita, sua pele é perfumada e macia, se fosse em outro tempo a teria amado e desejado, mesmo com suas palavras ferinas e cruéis. 

 

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