Fetih

Capítulo 16

Em Adrianópolis:

Quando os homens batem à porta, Shandar Onur Pasha se assusta ao perceber quem o chama, corre para pegar parte de sua riqueza por temer ser punido pelo Sultão, quer o persuadir com presentes, é aconselhado a se vestir rapidamente para partirem, o que acontece em seguida, logo estão na presença do grande Hakan.

Assim que entra na presença do Sultão, o Grão-Vizir lhe estende o presente, que é imediatamente rejeitado por Hakan.

— Que está fazendo? – o Sultão questiona.

— Quando somos chamados à essa hora é comum trazer presentes ao Sultão. – o Grão-Vizir diz, visivelmente temeroso e receoso.

— Não, não quero seu ouro, Shandar Onur Pasha, mas quero que me ouça. – Hakan diz e dá meio sorriso.

Sultão Hakan está pronto para iniciar o seu ardil e olha sua presa de soslaio.

— Sabe, Shandar Onur Pasha, eu tive um sonho essa noite e foi nele que vi meus pais e também meus ancestrais... Osman... Eles me mostraram o caminho que devo seguir e que certamente me levarão à Constantinopla, vi os portões da cidade se abrindo e eu indo direto para Santa Sofia e lá eu vi a maçã vermelha e ela foi dada diretamente a mim, você compreende o que isso quer dizer, Pasha? Alá está me dando está visão com o intuito de me mandar tomar Constantinopla e eu não tenho outra escolha senão obedecer a ordem dele!...

Hakan espera um momento e experimenta se suas palavras estão surtindo efeito, para então dar o golpe final.

— E tem mais, nessa visão você estava comigo, meu mestre devotado, meu servo leal, meu comandante do meu temível exército e totalmente ligado ao nosso destino. – o Sultão finaliza olhando para o Grão-Vizir e ele estufa o peito como um pavão.

— Sim, eu sou tudo isso, Sultão. – o Grão-Vizir diz.

— Então posso contar com seu apoio? – Hakan sorri e pergunta.

Encurralado, Shandar Onur Pasha se vê sem qualquer subterfúgio e sua única resolução é dar a sua afirmativa seguida de um sorriso, que nem mesmo chega aos olhos, sendo dispensado pelo Sultão, satisfeito, em seguida.

Hakan retorna para seu leito e os braços de sua amorosa Sultana Ece Hatun, que é dedicada a fazer seu Sultão feliz desde os primeiros dias do enlace, afinal está ciente de sua responsabilidade em trazer um herdeiro ao império Otomano, assim como sabe do dever para com todo o palácio e com o harém.

Assim que amanhece, os Sultões se preparam e vão para o salão para o desjejum, só então Hakan segue para a sala do trono e começa os preparativos da guerra, para a tomada de Constantinopla, reúne seus homens de confiança para o concílio, sendo eles, Altan, Ata, Baris, Berk, Mas, Can, Deniz, Ediz e Gul à portas fechadas para saber toda a situação do exército, incluindo cavalaria e armamentos, exigindo que prestem conta de todo o necessário. Chegam à conclusão de que precisam recrutar mais homens e o farão imediatamente, iniciando o treinamento intensivo junto aos janisários.

Enquanto as Sultanas seguem para o harém, Valide Aysun zela e toma todas as providências necessárias referente a administração do palácio, desde o trivial, que são as questões básicas que os servos trazem relativas as suas dificuldades diárias, suprimentos, escolha de louças e menu que deverá ser servido, rouparia, disputas no harém, até os elaborados documentos administrativos, contabilidade, encomendas e pagamentos, coisa alguma poderá ser deixada de lado, afinal o Sultão tem outras e muito mais importantes preocupações, para ter que lidar com a administração de um palácio! Embora Aysun permita que Ece Hatun a auxilie em muitas circunstâncias, para que vá aprendendo, até quando chegar o momento em que ela vai comandar tudo, se é que essa oportunidade vai chegar.

Um mês sucede e nenhum sinal de gravidez de Ece Hatun, mesmo tendo ela tomado todos os preparados que Valide Sultana Aysun tenha lhe dado para fortificar o seu ventre, está na hora de Hakan ter mais uma Kadin ou esposa, que tomará essa noite, já é o momento de a Sultana aprender a escolher as mulheres para se deitarem com seu Sultão, então Valide Aysun a chama para preparar aquela que será chamada para essa noite.

Sultana Ece Hatun é convocada e quando explicado o que ela deve fazer, uma flecha parece atravessar seu pobre coração, mas ela sabe qual é seu dever e sua posição na vida do Sultão, então se resigna e se põe a ajudar a Valide Sultana Aysun, se esforça para disfarçar sua mágoa e lágrimas que embaçam seu olhar a todo momento, afinal sempre soube que Hakan jamais seria exclusivamente seu.

Há uma agitação crescente entre as mulheres do harém, todas estão paradas diante das duas Sultanas, despidas e de cabelos soltos, prontas para serem analisadas por inteiro, completamente ansiosas por essa noite com o Sultão e pela possibilidade de se tornarem Kadins ou esposas, logo depois as Ikbal, as afortunadas e as Gozde, as favoritas.

Então as Sultanas observam atentamente cada mulher que se apresenta individualmente diante delas, andam ao seu redor observando todos os detalhes de seu corpo, avaliando se há algum defeito ou mácula, desde seus cabelos, dentes, unhas, até os pés, então proferem seu veredito e exigem que a próxima se aproxime e esta vem temendo e tremendo.

Dentre as mais de sessenta, que passam pela avaliação e aprovação das Sultanas, ainda desfilarão diante do Sultão e passarão pelo mesmo processo de consentimento, são elas, Asli, Ayla, Berna, Basak, Bercu, Ceren, Derya, Dilara, Ebru, Ekin, Emine, Esen, Fidan, Gozde, Gulistan, Hande, Hazan, Irmak, Melek, Muge, Nesrin, Nuray, Ozge, Pembe, Pinar, Sanaz, Simge, Su, Tulay, Umut, Yldiz, Yagmur, Yonca, as mais belas e elegantes entre todas do harém Otomano.

Começam os preparativos por todo o harém, com a inquietação crescente de todas as mulheres, mesmo que os músicos estejam em plena função na vã tentativa de acalmá-las, aias e servas correm apressadas por todos os lados, com joias e tecidos nas mãos, banhos são supervisionados, oléos e essências estão espalhados por toda a parte, enquanto as peles são cuidadosamente massageadas, Adem procura coordenar tudo sob a atenta supervisão da Valide Sultana Aysun, observada de perto pela Sultana Ece Hatun.