Capítulo 24

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Em Adrianópolis:

Quando Valide Sultana Aysun, se aproxima do Sultão Hakan, após sua convocação.

— Mãe Aysun, quando eu cheguei aqui quando era tão pequeno, você me tratou como filho. – Hakan diz.

— Doces palavras, mas antes de má notícias? – ela questiona.

— Vou libertá-la do harém, agora que meu pai se foi, devo a sua liberdade. – ele diz.

— Então é seu desejo que eu parta? – Aysun diz, decepcionada.

— Não. Mas é chegada a hora de você voltar para a Sérvia, para a sua família. Solicitei uma escolta especial que a levará até sua casa. – Hakan diz.

— Não pode fazer isso, minha família está aqui, meu lugar é aqui, te servindo. – Aysun diz.

— Você me servirá nos Balcãs, preciso realmente de você, mãe Aysun, não tenho mais ninguém em quem posso confiar. Você será a minha voz e os meus ouvidos no ocidente, sabe que a hora está se aproximando...

Conversam brevemente sobre a frágil aliança que os Otomanos mantém no ocidente e que pode ruir a qualquer momento e que a presente da Sultana Aysun é primordial para que ela observe essa condição e revele qualquer plano que possa haver contra seu filho.

— Constantinopla? Assim tão cedo? – Aysun se dá conta dos planos do filho.

— Sim, é preciso. Se falhar, perderei o trono e talvez a vida, mas ao seu lado, mãe Aysun, eu me tornarei um conquistador. – ele diz.

— Por favor, antes de eu partir, siga meu último conselho, estude as falhas do seu pai e dos seus antecessores, as derrotas deles são as chaves do triunfo contra Constantinopla. – Aysun diz e Hakan sorri.

Adem auxilia no preparo da bagagem da Valide Sultana Aysun, ela se despede de todos no palácio e deixa para se despedir da Sultana Ece Hatun e fazer todas as recomendações à ela sobre como deve cuidar de tudo em sua ausência, que será prolongada, afinal, agora ela será a Valide e terá que agir de acordo.

— Minha querida, não poderei estar com você no momento do seu parto, terá que ser forte para que seu menino venha ao mundo forte e saudável. Seja firme e tenha garra nos tempos de guerra, não esmoreça e não deixa que essas mulheres chorem ou temam, porque nossos homens são guerreiros ghazi, homens santos e valentes, não temem nada e por isso nós somos assim também, sejamos mulheres ghazi e honremos nossos valorosos destemidos e bravos soldados! Cuide da administração do palácio, que inclui as grandes celebrações, de todo o harém e dos filhos do Sultão, ensine, prepare e eduque todos, mulheres e crianças. Esses são os seus deveres, Valide Sultana Ece Hatun. – Aysun diz, com carinho, enquanto a outra Sultana presta atenção e sinaliza que compreende tudo.

Então elas se abraçam e Sultana Aysun vira as costas e caminha pelo corredor até a sala do trono, para se despedir do filho, logo depois segue escoltada para a Sérvia.

Sultão Hakan ordena o avanço do exército em março.

Se despede rapidamente da agora Valide Sultana Ece Hatun, passa a mão em seu ventre, na tentativa de acariciar seu filho e beija os lábios de sua consorte.

— Em breve voltarei vitorioso para você. – ele diz.

— Que sua glória seja eterna, meu Sultão. – a Sultana diz e beija a mão de Hakan em sinal de respeito e submissão.

Otomanos marcham em direção a Constantinopla ávidos pela guerra, com suas espadas empunhadas e todo o arsenal de guerra pronto, bois, canhões, arcos, flechas, bandas e muito mais, marchando quase duzentos e trinta quilômetros, chegando à Constantinopla na Páscoa, o dia mais sagrado do Cristianismo.

Em Constantinopla:

No harém o desespero está instalado, Imperatriz Brina, Dário e Aldo fazem todo o possível para controlar os ânimos das mulheres e crianças, pedem que tenham fé no Imperador, no exército e no comandante, mas sobretudo se apeguem aos santos de devoção e tudo ficará bem.

Brina senta por um momento sobre as almofadas, o bebê em seu ventre está inquieto, suas damas trazem uma beberagem calmante.

Todo o povo está curioso para ver do alto dos muros a chegada do exército Otomano, há muito tempo não veem uma tropa daquela magnitude desde os tempos dos Romanos, despertando um temor profundo em na população.

Ottaviano observa ao lado do mercenário Lorde Giorgio Giustino o grande exército Otomano e teme a respeito do destino de sua cidade, mas é tranquilizado por seu comandante.

— Esperava que esse dia nunca chegasse. – o Imperador diz.

— Esse dia ia chegar, Majestade, mas é o que fizermos amanhã é o que se torna verdadeiramente importante. – o comandante diz.

Sultão Hakan anda de um lado para o outro no campo de batalha apreciando a visão e pensando nos vinte e três exércitos, inclusive o de seu pai, que falharam em conquistar a grande maçã vermelha.

Um hadith, uma frase do profeta Maomé, diz que com certeza a nação Islâmica vai conquistar Constantinopla e como será maravilhoso o comandante dessa nação e esplendoroso esse exército.

Hakan decide, no dia seis de abril, mandar um homem de confiança com dois soldados e uma bandeira branca hasteada, com uma oferta final de trégua, afinal o alcorão determina que se deve dar uma chance de o inimigo decidir se vai ou não haver derramamento de sangue, negociando um tratado de paz.

— Nosso Senhor, o misericordioso Sultão Hakan, está disposto a poupar a população da cidade, determinado a não tocar em suas famílias e pertences, desde que esteja disposto a se render, o povo de Constantinopla pode manter suas propriedades e afirmamos que não haverá saques, mas em troca terão que abrir os portões da cidade, de joelhos, beijará as mãos do nosso Sultão e o Sultão Hakan será o único regente dos Romanos. – o emissário diz.

Ottaviano, furioso de ouvir a proposta, ao lado de toda a corte e o mercenário, mesmo temendo a guerra, rejeita a proposta.

Retorna para sua alcova e a notícia de que a guerra vai começar chega ao harém apavorando ainda mais todas as mulheres, a Imperatriz é incisiva e dá um ultimato.

— Como mulheres de guerreiros, devemos apoiá-los nesse momento de guerra e não choramingar, temer e tremer pela morte dos nossos, é certo que teremos mártires nessa batalha, mas devemos honrá-los e dignificar sua atitude, vamos rezar por eles e nos manter firmes como devem ser as esposas dos bravos e valorosos soldados Romanos. – Brina diz e vê as mulheres se levantando e enxugando suas lágrimas. 

 

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