Capítulo 17

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Em Constantinopla:

Uma profunda e generalizada tristeza se instala pelo palácio em função do estado de saúde da Imperatriz Dianora, que permanece recebendo cuidados dos curandeiros em seu leito a todo momento, com a Rainha Brina e o Imperador ao seu lado em quase todo o tempo.

Arrastando o chefe dos curandeiros para um canto do aposento, o Imperador o questiona.

— Dir-me-á que Dianora sobreviverá?

— Dir-te-ei, meu Imperador, com profunda tristeza, que o caso de nossa Imperatriz já não pode ser resolvido por mãos humanas, mas tenha fé em nosso Senhor. – o curandeiro responde com lágrimas nos olhos.

— Não pode ser... Não posso perdê-la... Você tem que fazer alguma coisa... Deve haver alguém, algum modo... – ele diz em franco desespero e leva as mãos à cabeça.

— Majestade, tentamos de tudo com os nossos saberes, o mal que a aflige é algo além de nossas capacidades. – o curandeiro diz com temor e resignado.

— Inúteis! – Imperador Ottaviano esbraveja.

— Imperador... – Dianora o chama com voz fraca.

— Sim, minha Imperatriz, estou aqui. – ele diz e rapidamente senta ao seu lado no leito e pega em sua mão direita, notando o quanto sua amada esposa está fraca e pálida.

— Suplico que não se aborreça e não puna os curandeiros, afinal o mal que me aflige não pode ser curado e eu já o conhecia há algum tempo, fui informada de que teria pouco tempo de vida... – Dianora faz uma longa pausa para tentar encher os pulmões com certa dificuldade, deixando o Imperador desesperado.

— Busquei aproveitar intensamente todos os momentos ao lado do meu grande e eterno amor, mas cumpri também o meu dever para com o seu futuro e o de nossa nação ao preparar e deixar a Rainha Brina como sua consorte, para que possa amá-la como hoje me ama e para que ela possa lhe dar os herdeiros ao trono. – Dianora diz e suspira exausta em busca de ar.

— Impossível! Eu amarei até a minha morte somente você, Dianora, mais ninguém. – Imperador Ottaviano afirma veementemente e a Imperatriz põe a mão direita em seu rosto e sorri.

— Rainha Brina vai conquistar seu coração, meu marido, e o lugar dela nesse palácio em breve, minha morte facilitará as coisas. – Dianora diz com naturalidade, logo em seguida tem uma crise de tosse e é amparada pelos curandeiros.

Ottaviano levanta e anda pelo aposento, irritado com o que acaba de ouvir, é chamado à sala do trono e passa algumas horas, enquanto a agonia de sua esposa fica cada vez pior ao longo desse tempo.

— Brina, promete que vai cuidar de Ottaviano como eu cuido? – Imperatriz Dianora, faz um último esforço para tomar a mão da Rainha e fazer esse pedido.

Mas ela não tem essa certeza e vacila em sua resposta.

— Não posso prometer à Vossa Majestade o que nem eu e nem o Imperador temos condições de cumprir, afinal ele mal se aproxima de mim. – Rainha Brina diz.

— Você deve tomar o seu lugar, insista, siga com a sua posição de Imperatriz e conduza as suas funções e ele terá que se deixar cuidar. – Dianora diz e respira com extrema dificuldade, fazendo com que lágrimas brotem dos olhos de Brina e ela concorda em seguida.

— Por favor, não nos deixe. - Rainha Brina implora.

— É chegado o meu momento, querida... Tenha uma boa vida... – Dianora diz com um fio de voz e expira.

Rainha Brina exasperada, grita e chora, lentamente cobre os olhos da Imperatriz delicadamente com suas mãos e logo em seguida o Imperador adentra a alcova e senta no leito da sua consorte e pede para ficar sozinho por alguns momentos de certo para prantear a sua morte.

Horas depois, o Imperador se retira da alcova da Imperatriz e ordena que o funeral seja preparado, Dara pessoalmente cuida de tudo, no harém todas lastimam o falecimento da grande esposa real, principalmente a Rainha Brina, que agora, oficialmente é a Imperatriz.

Ao amanhecer, Aldo, chefe dos eunucos, pede permissão para se aproximar do Imperador Ottaviano, que está em sua alcova, comunica que tudo está pronto para o funeral de sua amada Imperatriz Dianora, com todas as honras que sua posição exige e que a falecida merece, afinal sua consorte é mui amada por todos na corte e no império.

Neste momento, todos estão reunidos na sala do trono, o Imperador é preparado com vestes escuras e se encaminha ao encontro da corte, nota que a nova Imperatriz Brina está compadecida com o falecimento de sua rival e por um instante sente uma dor que lhe atinge mais do que na alma, fisicamente e o amargo sabor do ódio que dirige à sua nova consorte.

Logo os servos trazem o corpo de sua amada Dianora, sua aparência é de serenidade, está vestida em glória, trajes vermelhos, sua cor favorita e que sempre lhe caiu tão bem!

Um a um dos membros da corte fazem questão de homenageá-la com palavras e tentam a todo custo consolar o Imperador Ottaviano, que não encontra expressões nesses vocábulos que sejam suficientes para apaziguar a dor que lhe rasga a alma.

Então Ottaviano se prepara para a comitiva que seguirá diante do povo, permitindo que todos se despeçam de sua Imperatriz, só então a levarão para o lugar do sepultamento, que está reservado para o casal, onde Ottaviano deseja estar nesse momento ao lado de sua consorte.

O corpo de Dianora está naquele esquife, que nesse momento é fechado e transportado adiante do trono onde está assentado o Imperador Ottaviano, que de toda maneira se esforça para conter sua dor diante de seu povo.

Todos estão com flores nas mãos, acenam e prateiam a morte de sua governante amorosa e justa.

Seguem direto para a necrópole, no mausoléu que hoje está pronta para receber a consorte mais amada de Constantinopla, os servos depositam o esquife, consternados e resignados, muitas flores são lançadas nesse momento, enquanto ouve-se o pranto de toda a corte e súditos, mas o silêncio e ausência de lágrimas do Imperador, reflete sua grande dor.

Imperatriz Brina faz questão de cobrir o esquife com as flores preferidas da falecida e derrama lágrimas como quem rega sua sepultura.

Todos retornam ao palácio, Ottaviano se declara indisposto e permanece no leito por todo o dia, sem sequer levar um alimento à boca.

Todos retornam ao palácio, Ottaviano se declara indisposto e permanece no leito por todo o dia, sem sequer levar um alimento à boca

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