Em Constantinopla:
Aldo tem uma breve confabulação com a Imperatriz Brina, a fim de ajudá-la em seus novos deveres, afinal todos agora esperam muito da nova grande esposa real, que tem a obrigação de substituir à altura a sua rival, mesmo que ela não goste ou queira comparações e sequer se sinta pronta para essa posição.
— Minha Imperatriz, é preciso que saiba que estarei sempre ao seu lado, pronto para ajudá-la em todas as suas pesadas obrigações, mas Vossa Majestade não pode se entregar ao luto e sofrimento, deve cuidar do harém, dos filhos do Imperador e da administração desse palácio. Sem demora deve visitar o leito do Imperador, para que possa dar a ele um herdeiro para nosso poderoso império, é o que esperamos da grande esposa real. – Aldo diz.
— Como, se o Imperador sequer aceita a minha presença? Se sente repulsa ao invés de... – Imperatriz Brina questiona.
— Vossa Majestade deve compreender as artes de sedução, sua posição agora garante proximidade com o Imperador, de tal maneira que ambos têm suas responsabilidades e obrigações a cumprir, o amor e respeito vem com o tempo, seja paciente. – Aldo aconselha, deixando a Imperatriz pensativa.
Em Adrianópolis:
Tempo passa rapidamente no harém, Adem e Valide Sultana Aysun fazem absoluta questão de deixar tudo está pronto para a celebração desta noite, Sultana Ece Hatun tem uma sensação horrível por não ter cumprido seu dever de gestar um herdeiro para o trono, sua sensação é que pode ser trocada a qualquer momento por uma dessas mulheres que estão diante dela, mas sabe que não tem escolha, um Sultão deve ter muitas esposas e concubinas, para que gerem uma prole numerosa, honrando assim Vossa Majestade, o que são os sentimentos de uma Hatun, ou mulher, diante disso?
Valide Sultana Aysun obriga Ece Hatun a preparar e escolher as mulheres que serão avaliadas e desejadas por seu consorte daqui algum tempo, então sorve seu orgulho como se fosse uma beberagem amarga e cumpre seu dever, mas tão logo pode, foge desse ambiente para se lamuriar em seus aposentos, exprimindo toda a sua dor e humilhação.
Sultão Hakan aguarda na sala do trono, dispensa toda a corte porque deseja estar apenas na companhia das mulheres que virão ao seu encontro, escolhidas com esmero pelas Sultanas, apenas para lhes dar prazer e uma prole.
Onde está o coração do Sultão nesse momento? Na ausência da Sultana Ece Hatun, deve ser verdade que ela tomou para si o cerne da alma dele, mas não pode assumir tal sentimento.
Valide Sultana Aysun, com a permissão do Sultão, entra na presença dele com Adem, para apresentar uma a uma das mulheres que podem vir a ser Kadins, Ikbal e Gozde ainda essa noite.
Então o Sultão começa a escolher todas as noites duas delas para sua alcova e aos poucos decide quais serão suas esposas, as favoritas e as afortunadas, montando assim o seu harém.
São pouco mais de quinze dias para toda essa decisão, enquanto a Sultana Ece Hatun, permanece administrando o harém, sua solidão e humilhação, já que precisa assistir dia a dia a felicidade das escolhidas pelo Sultão Hakan, além de iniciar os preparativos para os enlaces com as que se tornarão Kadins.
Em poucos dias, tudo está pronto para os cerimoniais, as Hatuns Asli, Berna e Emine, terão seus enlaces hoje com o Sultão, serão realizados os três no mesmo dia, afinal são casamentos secundários e a primeira noite com cada uma delas já ocorreu, mesmo assim estão exultantes com tamanha honra de ter como consorte o grande Hakan.
Ao anoitecer, as cerimônias são celebradas pelo Efendi In'Arabi, com os membros da corte, Valide Sultana Aysun e Sultana Ece Hatun como testemunhas, comemoram os enlaces, ao fim de tudo, a consorte de Hakan se esgueira de volta ao harém, sem que quase ninguém perceba sua ausência...
Sultão Hakan faz um pedido especial para essa noite.
— Até que enfim encontrei Vossa Majestade, minha Sultana... – Adem diz, exausto.
— Procura por mim? Já cumpri a minha responsabilidade, só desejo um pouco de solidão... – Sultana Ece Hatun diz, com lágrimas nos olhos.
— Não, Majestade. Seu dever ainda será cumprido essa noite, Sultão Hakan a chama pelo nome e a deseja para essa noite. – Adem diz, surpreendendo a Sultana.
— Venha, vamos prepará-la de modo especial, Vossa Majestade merece. – Adem diz e ela sorri.
Em pouco tempo, Sultana Ece Hatun está vestida em glória, perfumada e adornada, a caminho da alcova do Sultão, que a espera com visível ansiedade.
— Sultão me chamou? – Sultana Ece Hatun questiona.
— Sim, minha Sultana, sinto sua ausência... – Hakan diz, se aproxima e se envolve nos longos cabelos da sua consorte, sente seu perfume e com cuidado retira seus adornos, conduzindo-a para o leito em seguida.
Sultão Hakan é um amante vigoroso, mas também sabe como agradar uma Hatun com palavras e gestos, nessa noite honra a sua Sultana, acima de todas as demais...
Em Constantinopla:
Imperatriz Brina se envolve em toda administração do palácio, com a ajuda constante do chefe dos eunucos, Aldo. No harém, as mulheres se queixam com a ausência do Imperador e por isso estão inquietas, mas o luto e a dor dele persistem, de tal maneira que sequer tem cumprido suas responsabilidades na sala do trono, mesmo tendo passado mais de quinze dias do falecimento de Dianora.
Brina está inquieta porque conhece suas responsabilidades como consorte e Imperatriz, tem passado por ensinamentos de dança, canto e Aldo pessoalmente lhe ensina sobre as artes de sedução, tudo para que possa fazer o impossível, tomar o lugar que foi de Dianora, mesmo que ela não queira e sinta repulsa pelo jeito odioso do Imperador, tem a certeza de que se não cumprir seu papel de Imperatriz, será para sempre humilhada e nada poderá lhe devolver à casa de seus pais, aos braços de sua amorosa mãe.
Dias vão se passando lentamente e nenhuma reação do Imperador Ottaviano, que aparenta estar ainda mais amargo e depressivo, mas a Imperatriz decide enfrentar essa situação no dia que completa quatro luas do falecimento de Dianora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fetih
Historical FictionDiante do maior desafio de sua vida, Hakan lutará para ascender ao trono e terá que fazer uma escolha e dela dependerá não apenas o seu futuro, mas de todo o império Otomano. Conquistar não é apenas subjugar ou tomar posse sob a força das armas, mas...