Prólogo

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Quando se faz parte desse mundo, em que tudo é mais discreto e mais sanguinário, um pico de paz e felicidade, é raro. Para Leone De Angelis essa noite é uma dessas raridades. Ele sorriu ao vê-la atravessar o cômodo de um lado para o outro, chutou os sapatos para o alto no percurso e correu para seu encontro.

— Dio! Come mi manchi! (Deus! Como senti sua falta! — ele disse em italiano ao pegá-la no colo.

— Não faz tanto tempo assim, Leo. — sorriu ao olhá-lo.

— Uma eternidade para mim.

— Fale comigo em italiano, sabe que eu adoro.

— E sai che ti amo. Tu sei la ragione della mia vita. Il motivo per cui sono... Possa io cercare di essere un uomo migliore. Ti amo così tanto, non voglio mai perderti. Mi prometti che non mi lascerai mai? (E você sabe que eu te amo. Você é a razão do meu viver. O motivo para que eu seja... Que eu tente ser um homem melhor. Eu te amo tanto, nunca quero te perder. Promete para mim que nunca vai me deixar?)

Leone não lhe dar tempo, para que sua amada o prometesse que nunca o abandonaria, pois essa seria a sua resposta verdadeira e emocionada, com lágrimas nos olhos e um sorriso encantador, Reece o beijou com toda devoção que seu coração tem.

A pouco mais de dois anos, Leone avistou Reece atravessando a rua. Era um dia de nevasca, pouca visibilidade, alguns batedores na frente e atrás, lhe davam a liberdade de ir e vir com tranquilidade nas ruas movimentadas, mesmo com a tempestade. Ela sorria olhando para o alto para alguns flocos de neve, enquanto atravessava rua. Suas mãos gelaram e ele só conseguia imaginar que aquela seria a mulher da sua vida. A partir daquele momento, ele decidiu que todos os erros cometidos por ele no futuro, no passado e dali a 10 minutos seria válido para tê-la nos braços.

...

Foram alguns acontecimentos que levaram Leone adiar o casamento e, em simultâneo, antecipar. Dois anos de uma relação atualmente, onde se tem liberdade para ser quem e como quiser, são como apenas dois meses conhecendo alguém. Principalmente quando a convivência é pouca. Com agenda cheia de compromissos, o mais novo Don De Angelis, nas poucas horas em que passa com a futura mulher, renúncia a milhões, outras centenas morrem.

— Em que está pensando? — Reece perguntou ao notá-lo pensativo. Ele suspirou fazendo carinho na maçã do rosto dela.

— Que te amo tanto, que não acho justo de trazer para o meu mundo.

— Já conversamos sobre isso. — Reece retrucou querendo muito mudar de assunto.

— Você nem sabe a que estou me referindo.

Reece se levantou, jogando para o lado o lençol.

— Há coisas Leone, que não precisam ser ditas em voz alta. Eu não sou idiota, sei com o que e como você trabalha.

— E com toda essa convicção que está dizendo, ainda me ama, ainda assim quer casar comigo?

— Porque essa insegurança agora, meu amor?

— Porque quando você aceitar ser minha esposa, está abrindo mão do mundo que conhece. Seus amigos, familiares e até de si mesma.

— Te aceitei do jeito que você é. Suas escolhas são suas e sou uma delas. Em meio a tudo, essa insegurança, isso me inclui? — mordeu o lábio já com os olhos cheios de lágrimas.

— Não. Você é única certeza da minha vida. Mas não é a minha maior prioridade.

Leone nunca falou abertamente sobre o trabalho, tudo muito sigiloso para segurança e sucesso de todos. A jovem ficou de pé, começando a recolher as roupas espalhadas pelo quarto. Ela o olhou brevemente com o coração apertado, estava pronta para lhe dar o seu maior presente, mas achou melhor adiar, para o grande dia. Não o quer fazê-lo se sentir obrigado a nada.

— Tudo que vivemos, não foi o suficiente para te mostrar que estou disposta a abrir mão de tudo por você?

— Você não deveria estar disposta. Não vale a pena.

Antes de vir ao encontro de Reece, Leone recebeu uma ligação do seu pai, tinha acabado de sair de Cecília rumo aos Estados Unidos, Nova Iorque para o casamento do seu primogênito. E deu como conselho, "fale com ela, dê uma última chance para reconsiderar" Leone tem plena consciência que Reece não nasceu para a máfia, ela é pura demais, inocente demais. Enquanto ele tem sangue nas mãos e muitas vezes sem nenhum remorso. Ele teme que quando ela conheça seu lado sombrio, deixe de amá-lo.

— Isso quem tem que decidir sou eu! O sentimento é meu, a escolha é minha.

— Estou tentando deixar as opções abertas. — começou a se vestir calmante, sem tirar nenhum momento os olhos dela.

— Desde o momento em que te conheci, você é minha única opção.

— Não fala essas coisas.

— É verdade. — Soltou suas roupas de lado e foi de encontro a ele, se ajoelhando bem na sua frente.

— Você merece o mundo. — tocou-lhe com devoção.

— Você é meu mundo.

— Vai conhecer um lado meu que... — Reece colocou o dedo indicativo nos seus lados.

— Não vou te amar menos. — com os olhos transbordando em lágrimas e amor, Reece não o deu tempo de continuar retrucando, se jogou sobre ele, beijando-o com fervor. — Pare de tentar me afastar.









...

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