Quando se faz parte desse mundo, em que tudo é mais discreto e mais sanguinário, um pico de paz e felicidade é raro ir para Leone De Angelis essa noite é uma dessas realidades. Ele sorriu ao vê-la atravessar o cômodo de um lado para o outro, chutou...
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Minha cabeça está zumbindo desde que soube. Um amargor na boca e não conseguir raciocinar mais, me tranquei no escritório. Me servir de uma generosa dose de conhaque a tomando num único gole, ridiculamente grande. Liguei para algumas pessoas, distribuindo ordens sem nem dar tempo para respirarem direito, nada novo. Tenho que arrumar algo para focar além... além das malditas lembranças que passei anos jogando-as para o fundo mais fundo da minha cabeça fodida.
Ignorei os protestos do meu irmão, sobre minha reação desnecessária com a notícia da morte do ex prefeito e o que isso também causa para nossa organização, pelo menos, ignorei por agora.
— Ele está aí, pelo que fiquei sabendo. — Dimitri, um dos meus colaboradores, disse depois que sai do carro. Arrumei o sobretudo o deixando, está frio como o inferno aqui no interior. Deixei a capital a algumas horas, para resolver com minhas próprias mãos, mais uma vez.
— É uma pena.
— Bob nunca foi conhecido por sua inteligência fora do comum. — rimos. Dimitri ascendeu um cigarro me entregando depois de uns tragos.
— Vamos logo acabar com isso.
O galpão está repleto de contêineres, contive os passos para um rato do tamanho do Dobermann que está deitado aos pés de Bob. Bob não está sozinho como disse que estaria. Ele apontou para o lugar vago na mesa, pelo que parece, estão jogando pôquer. Desabotoei o paletó, afastando-o para o lado junto com o sobretudo, Dimitri se manteve afastado. A primeira rodada se iniciou e se seguiu em silêncio. Minhas cartas não estão nada mau, mas não a ponto de ganhar as três primeiras rodadas.
— Não tenho a noite toda. — falei pegando as cartas, analisei cada jogada possível e os demais jogadores, que bufam baforadas de fumaças e mau hálito.
— Sorte a sua, porque temos. — Bob disse e os outros riram como se fosse uma ótima piada. Me apoiei nos antebraços sobre a mesa, o olhando por cima das cartas. — Estamos só esperando você para de fazer corpo mole e ganhar uma.
É um filho da puta mesmo.
— Mudei alguns planos para estar aqui hoje, mas isso não significa que você seja indispensável, Bob. — o cara riu, jogou as cartas sobre a mesa, mostrando seu jogo de merda.
— Sei como a vida do poderoso Leoni De Angelis é turbulenta... — gesticulou de um modo tedioso. Esse cara já passou das tampas há muito tempo, não sei por que ainda o permito respirar. Ah! Deve ser pelo fato dele ter contados.
Afastei-me até a entrada do galpão, Dimitri ao meu lado com a cara nada amigável. Ótimo.
— Espero que esse seu pau-mandado não esteja escondendo uma arma aí. — ele apontou zombeteiro para as calças de Dimitri, que o olhou como se ele fosse uma pulga preste a ser pisoteada. Não tardará.
