Sabe aquela coisa de o sorriso não sair do rosto, você está o tempo todo pensando naquela pessoa e isso te faz sentir que está flutuando? Se senti quase literalmente nas nuvens? Pois é assim que estou.
Apertei os lençóis no rosto, abafando um grito de felicidade. Leone me faz sentir desse jeito, desde o início. É como estar eternamente apaixonada.
— E aí noiva! — Rose entrou toda saltitante. Tirou de trás das costas uma garrafa de champanhe.
— Não posso mais. — me sentei segurando os lençóis na altura dos seios.
— Não aceito um não! — fez a maior algazarra para abrir a champanhe, não conseguindo, pegou alguém no corredor, que provavelmente é um dos seguranças que tanto meu padrasto, quanto Leone faz me seguir para todos os cantos.
— Saúde!
— A noiva! — brindamos. — Agora me contar, como arrumo um desses para mim?
— Talvez sorte? — Rimos.
— Agora falando sério. Você tem sorte de ter encontrado alguém que te ame, valorize e que está disposto a ficar a vida inteira contigo. Hoje em dia, isso é sorte mesmo.
— Amiga, vai encontrar alguém que te ame igual. — Ela deu de ombros bebericando champanhe.
— Não garanto muito.
— Não seja pessimista, Rose. Existe alguém que ganhara seu coração. — Meu celular começou a vibrar com o nome do Leone na tela.
— Possivelmente serei a tia encalhada. — meu celular voltou a vibrar, não só Leone agora. — Pelo amor de Deus! Acabaram de se ver. Transaram. Esse quarto todo está com cheiro de sexo. Não dá para esperar até amanhã?
— Tem razão. — desliguei jogando o aparelho para o lado.
Não lembro em que momento me tornei amiga da Rose. Tenho outras amigas, muitas, na verdade, mas a mais próxima que considero como a família, é ela. Então não podia ser diferente, ela está do meu lado no dia mais importante da minha vida.
— E então, contou para ele? — afastei os lençóis, finalmente vestindo as minhas roupas.
— Não.
— Como não, Reece? O combinado era você fala para ele hoje.
— Eu sei. Mas é que...
— O quê? Pelo que você me conta dele, ele é um homem honrado. E na minha concepção, homens honrados, não fogem de suas responsabilidades.
— Ele não está fugindo de nada, porque não contei.
— Reece!
— Não é tão simples Rose. — me sentei de qualquer jeito no sofá.
Não contei para ela sobre o trabalho do Leone. Para falar a verdade, nem sei com o que exatamente. Só que é com algo que requer muita discrição e nessas situações é bem óbvio que sejam coisas ilegais. Mas, eu o amo tanto que não me importaria, se fosse ele que tivesse matado o presidente Kennedy.
— Está assustada, eu sei. Me desculpa. — segurou minhas mãos.
— É. Estou.
Com o que conversamos, preferi deixar para contar depois do casamento, assim não o faço se sente obrigado a ficar conosco.
...
São raras às vezes em que acordo sem o despertador. Esse é um dos dias em que tivesse a sorte e não é feriado, nem domingo. Continuei deitada por mais um tempo, apenas observando a fresta de luz, que entrava entre as cortinas. Esta é a última vez que acordarei neste quarto, nesse apartamento. A partir de hoje, acordarei com meu marido do meu lado. Talvez eu seja uma romântica incurável, que romantizar o casamento e o amor, mesmo sabendo que relações não são perfeitas.
Afastei os lençóis, ao me levantar abrir as cortinas fazendo sol entrar completamente. Hoje é um daqueles dias típicos do outono, frio, mas com sol.
— Reece? — meu irmão bateu na porta e entrou em seguida.
— O que faz aqui, Sidney?
— Vejo que não está sabendo. — Ele se encostou na porta, olhou para os seus pés, varreu o quarto com os olhos e finalmente me olhou e eu soube, nesse momento, que algo está muito errado.
Algo muito errado no dia que, teoricamente, deveria ser o dia mais feliz da minha vida. Mordi o lábio recuando indo até a janelas, na rua bem de frente ao prédio, há alguns carros, reconheço eles sendo tanto os seguranças que meu padrasto me oferece, quanto os do Leone, principalmente o carro que ele usar quando vem me visitar.
— Leone! — toquei os vidros da janela.
— Sinto muito, minha irmã, mas... — Me virei rapidamente para ele, o que fez a minha cabeça girar.
— O que está querendo dizer Sidney?
— Cadê seu celular?
— Para o inferno com meu celular! Quero saber porque você está aqui e todo aquele batalhão lá fora? Leone está aqui? É algo com ele?
Meu irmão suspirou pesadamente e veio até mim, segurou nos meus ombros, conduzindo-me até a cama.
— De madrugada papai recebeu uma ligação, cancelando o casamento.
— O quê?
— O próprio senhor Alessandro deu a notícia.
Pisquei os olhos num tique nervoso, minha cabeça está muito confusa, como assim o casamento foi cancelado? A algumas horas atrás eu estava com Leone, estava nos braços dele e ele me fez promessas, eu prometi... Como assim?
Desvencilhei-me dos braços do meu irmão que me abraçou e fiquei sem reação, corri para a janela e o carro dele ainda está lá, com certeza ele está no maldito carro.— Isso é uma brincadeira de mau gosto, uma puta de um mau gosto. Sidney não brinque comigo. Não brinque com a minha vida assim!
— Sei que é um choque, mas é verdade.
— Então por que não é ele que está aqui? — Bati com a mão no vidro da janela, apontando para a rua. — Por que não é ele que está dizendo na minha cara que não me quer mais, a algumas horas da maldita cerimônia? — Gritei cada palavra do fundo da minha alma.
Estou grávida desse maldito homem. Ele falou que me amava, que me queria para a vida toda, uma família. Tudo mentira, tudo, uma brincadeira para finalmente chegar o dia e me jogar no lixo. Porque é assim que estou me sentindo, jogada numa lata de lixo sem utilidade alguma e ele não teve nem a consideração de vir me dizer pessoalmente.
— É melhor assim, Reece.
— MELHOR? — gritei.
— Reece...
— Para quem? Para ele obviamente. Como fui estúpida em acreditar. — Esfreguei os cabelos com um pouco de força, raspando as unhas no couro cabeludo, ardeu um pouco, mas preciso dessa dor física além dessa que queima e rasga meu peito.
— A muitas coisas em jogos, Reece. Você sabe.
— E eu sou a coisa descartável?
— Claro que não.
Novamente ele se aproximou tentando me abraçar, me desvencilhei não conseguindo sair da maldita janela, não conseguindo parar de olhar para o maldito carro que ele está lá, sei que está lá.
— Tudo bem. — sorrir limpando as lágrimas. — Nunca soube que um coração partido, tenha matado alguém. — Fechei as cortinas.
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.Olá! Bem vindo a mais uma história.
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Amor, honra e máfia
RomanceQuando se faz parte desse mundo, em que tudo é mais discreto e mais sanguinário, um pico de paz e felicidade é raro ir para Leone De Angelis essa noite é uma dessas realidades. Ele sorriu ao vê-la atravessar o cômodo de um lado para o outro, chutou...