Quando se faz parte desse mundo, em que tudo é mais discreto e mais sanguinário, um pico de paz e felicidade é raro ir para Leone De Angelis essa noite é uma dessas realidades. Ele sorriu ao vê-la atravessar o cômodo de um lado para o outro, chutou...
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Michael não falou nada desde que deixamos o cemitério, essa é a reação que esperava dele de início, ele não é dado a escândalos. O apartamento em hell's kitchen está abarrotado de gente, a sensação é que tem o dobro de pessoas que tinha no velório e enterro, mas não, a menos gente.
Fiquei na ponta dos pés, tentando encontrar Rose ou minha mãe, que ficaram de olho em Paul.
— Ele não está aqui. — virei-me bruscamente para Michael, devido ao susto.
— Eu não... — minha atenção foi tomada por um barulho de algo ou alguém caindo, desviei do meu noivo, encontrando Paul tentando se levantar, alguém o ajudou. — Está tudo bem, querido?
— Sim, mamãe. Me atrapalhei. — riu batendo as mãos nos joelhos.
— Tenha cuidado, amor. — agradeci a pessoa que o ajudou.
— Sim, mamãe. — o abracei pelos ombros, o virando junto para Michael, mas esse já não está.
...
Me despedi e agradeci a presença da última pessoa a deixa o apartamento. Foi o dia mais longo da minha vida. Nunca sorrir tanto, não no real sentindo, apenas levantei os cantos dos lábios, o que vinha acompanhado de um agradecimento e um aceno de cabeça. Fui para a cozinha encontrando Rose e Sidney conversando aos cochichos, parece que ela não está das mais dóceis. O que será que ele aprontou dessa vez?
— Tanto faz! — ele falou, ela recuou, o olhou furiosamente, jogou o pano que esteva sobre a pia e saiu. Sidney bufou alto, se virou me notando. — A quanto tempo está aí?
— Tempo suficiente para te dizer que você está brincando com ela e isso vai te fazer perder talvez o amor da sua vida. — ele riu e isso me fez achá-lo bem babaca.
— Hum... que engraçado, você está fazendo a mesma coisa com seu noivo.
— O quê? — deu de ombros como que sei a que se referiu. — O que Michael falou?
— Reece... isso é com vocês. Não vou me meter e dizer que troca-lo por ...
— Como? — falei inquieta.
— Todo mundo notou o clima lá no cemitério.
— Buf! Não tinha clima nenhum.
— Tá bom. Tanto faz!
Babaca.
Espero que ele fale que não é isso que pensa, que me conhece o suficiente, mas ele não diz nada, continua colocando a louça na pia. Sidney volta a falar depois de um tempo, mas sobre outra coisa, uma prima nossa, riu bem convivente do que estava falando, o que causou os ciúmes de Rose. Tá, ele é bem babaca.
Aproveitei e perguntei as coisas do nosso pai, os negócios que estavam trabalhando.
— Não se preocupe com isso, irmã. Tá tudo certo, vou cuidar de tudo.
