Segredos dos Mundos - Livro I: A Encaminhadora de Almas

🌒 Prólogo 🌘

Lisandra Albuquerque Riley. Esse é o nome de uma das garotas mais populares do Colégio Santa Clarisse. Uma das melhores dentre tantas escolas particulares da cidade de Salvador. Entrando no ensino médio aos quinze anos com suas cinco melhores amigas, elas formam o "Clube das Seis", nome arranjado depois de assistirem ao filme "Breakfast Club".

Sentada a mesa do refeitório, Lisandra discute com suas amigas sobre as possibilidades de permanecer no país onde nasceu, já que seus pais decidiram se mudar para Vangoury - cidade pequena, quase um vilarejo, localizada entre as cidades de Nebraska e Kansas, nos Estados Unidos da América.

- Mas Lize, isso está completamente errado. Estamos no meio do ano, acabamos de entrar no ensino médio, a pior fase das nossas vidas, os pesadelos dos amores frustrados, as consequências do alto teor alcoólico no sangue... por que justo agora? - Luíza questiona com o seu excesso de drama na voz e gesticulando sem parar, fazendo suas pulseiras tilintar em seu pulso.

- Eu não sei, Lu. - Lisandra responde, descansando a cabeça em uma das mãos enquanto brinca com o plástico que embala seu sanduiche com a outra. - Eu entendo que o meu pai precise ir, parece que a empresa matriz da Riley's Industries está apresentando certas dificuldades na administração. Sei que é importante pra ele estar lá, já que ele é dono e presidente da empresa. Mas não sei por que eu preciso ir também.

- E se nós seis formos falar com seus pais? Será que dá certo? - Graziela, irmã caçula de Luíza, pergunta.

- Não tenho certeza, Grazi. - Lisandra responde e dá um longo suspiro antes de continuar. - Isso não é uma festa do pijama nem uma saída para uma diversão qualquer, não pode ser resolvido assim. E nós seis... - ela olha em volta, contabilizando quantas pessoas estão em volta da mesa e interrompe sua fala em seguida ao dar falta de uma de suas amigas. - Falando em seis, onde está Viviane? Ela veio hoje, não é? Porque, eu vi quando ela chegou.

- Sim, ela veio, mas foi embora logo depois do segundo horário. - respondeu Cristiana, dando uma enorme mordida em seu sanduíche de atum. - Ai! - ela exclama, alisando a canela por baixo da mesa e olhou para Luíza, de forma zangada - Não explicou direito o porquê.

- Por que Luíza te chutou?

- O que? - as duas questionaram ao mesmo tempo, com a voz um pouco elevada, atraindo a atenção das pessoas ao redor.

- Eu não chutei a Cris! - Se defendeu Luíza, mas decidiu voltar atrás quando percebeu o olhar de Lisandra sobre si e disse: - Tá, eu chutei, mas a culpada foi ela. Ninguém mandou pisar no meu pé.

- Eu não pisei... Ai! - Cristiana tentou falar na tentativa de se defender, mas foi cortada pela amiga.

- Pisou sim! - Luíza falou exasperada, inclinando um pouco o corpo fingindo massagear o pé por baixo da mesa. - E agora fez de novo!

Lisandra suspirou. Aquelas duas viviam em uma eterna vivência de amor e ódio, sempre foram assim, desde o dia em que se conheceram.

- Olha, acho que vocês estão exagerando com relação a isso. - Comenta Alícia que, até então, estava brincando com seu lanche sobre a mesa. - A Lize não vai morrer, só vai morar em outro país. E não é pra sempre, certo? - Ela voltou seu olhar para a amiga, que abaixou a cabeça sem ter uma resposta para dar. - Não é, Lize? Você não vai se mudar definitivamente, ou vai?

Lisandra permaneceu calada, não sabia como dizer para as amigas que talvez não retornasse para o Brasil, uma vez que fosse embora. Ela havia discutido com os pais na noite anterior e estava em pé de guerra com eles durante a semana inteira. Ela não entendia por que não poderia ficar no país em que nasceu, com as amigas. A mansão Riley estaria cheia de empregados - o tempo inteiro. Havia seguranças suficientes para evitar que ela escapasse para a farra, como sempre fizera várias vezes depois do término de seu namoro com Fernando. Ela suspirou novamente, avaliando o rosto de todas as amigas ali, esperando sua resposta e por fim disse: