O jantar seguiu tranquilo. Alícia e Cristiana ainda brigavam, porém de forma mais reduzida que antes. Mark e Sheila estavam em sincronia como sempre, os olhares e os sorrisos deixavam à mostra o quanto eles eram apaixonados um pelo outro. Lucy estava à mesa, ao lado de Lisandra, Ariel e David lado a lado. Ariel de frente para Alícia, que vez ou outra soltava um risinho tímido e David de frente para Lisandra, que o encarava de maneira estranha. Ele suspeitava de que ela estivesse enxergando além do que deveria e tinha razão. Como suspeitava, Lisandra observava sua áurea negra se expandir de forma descontrolada e atingir extremos, se perguntava como as pessoas não conseguiam notar e em qual seria motivo de o rapaz ter uma aura tão negra. A cor rosa e lilás que emanavam de Alícia e Cristiana pareciam se oprimir diante daquela escuridão e a claridade que emanava de Ariel parecia brigar com a escuridão de David.
Seus pais também emitiam auras e a cor era vermelha, dos dois. Estavam imersos em seu romance para perceber o que acontecia em volta. Ouvia o coração descompassado de Alícia, a cada vez que Ariel sorria para ela e sentia em si cada revirada de olho que Cristiana dava. Ouvia os risos abafados de Lucy e os comentários de Lojana da cozinha sobre como a casa estava cheia. Tudo aquilo era novo demais e sem ninguém para conversar ela se sentiu solitária e cansada. Suspirou e continuou comendo, observando a todos presentes que nem faziam ideia de seus pensamentos.
— Algum problema? — a voz de David a assustou. Seus olhos estavam sobre ela, seus lábios entreabertos e rosados chamavam sua atenção e Lisandra imaginou como seria beijá-los. Ele subiu os lábios em um sorriso e Lisandra sentiu seu sangue concentrar nas bochechas, nos olhos dele um brilho diferente surgiu e naquele instante, desejou estar a sós com ele.
— Só estava pensando em algumas coisas. — respondeu depois de alguns longos segundos.
— Você parece preocupada. — Indagou, espetando a batata com seu garfo. Lisandra pensou um pouco sobre as questões que assombravam sua mente nos últimos dias e se perguntou se deveria compartilhar com ele sobre esse assunto.
— E estou mesmo preocupada. — Lisandra respondeu, ainda apreensiva.
— Gostaria de falar sobre isso?
— Sim, mas você não acreditaria.
— Tenta.
— Não sei...
— Vamos para a clareira? — sugeriu Cristiana.
— A essa hora? — questionou Mark.
— A clareira é logo atrás da casa, Mark. — Sheila interpelou, como se estivesse dando um ponto positivo para a ideia de Cristiana, que sorria alegremente.
— Por favor? — Cristiana pôs as mãos unidas à sua frente, como em uma prece. Mark respirou fundo vencido e concordou.
— Isso! — comemorou, fazendo todos rir.— Mas... — ele disse enquanto todos se levantavam, com o indicador estendido para Cristiana. — Quero todas em casa, antes das dez.
— Pode ficar tranquilo, Sr. Riley. — Ariel assegurou sorrindo, tomando o braço de Alícia no seu.
Lisandra não sabia se ficava feliz ou triste em poder ter mais um tempo com David ao seu lado, pois ao mesmo tempo em que ele parecia ser um cara legal seu instinto gritava que deveria manter-se afastada do rapaz. Eles caminhavam lado a lado, o braço esquerdo do rapaz vez ou outra roçava em seu braço direito e quando olhou para cima e percebeu que ele a observava.
— O que foi? — questionou Lisandra, fitando-o.
— Estou esperando.
— Pelo que? — ela o observou interromper os passos e virar-se para olhá-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos dos Mundos - Livro I: A Encaminhadora de Almas
ФэнтезиEm toda sua vida Lisandra jamais imaginaria que teria poderes sobrenaturais ou que sua vida poderia mudar de forma drástica ao que é avisada de que se mudará para um lugar do qual nunca escutou falar em suas aulas de Geografia na escola, que transfo...