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Após o ocorrido, Viviane olhou para Fernando e sentiu o peso da culpa em seus ombros pelo que acabara de acontecer. Não, ela não mexeu com a cabeça e imaginação de sua amiga. Mas ela deu acesso total para que outras pessoas fizessem. No horizonte, além da janela, um homem de terno preto por baixo de sua capa, também negra, observava o desenrolar a cena, sorrindo satisfeito com o resultado.

— Precisamos ir atrás dela. — bradou Alícia para Cristiana que concordou prontamente.

— Eu preciso ficar. — disse Viviane, de cabeça baixa com a vergonha e a culpa a corroendo por dentro.

— Tudo bem, não é a primeira vez que isso ocorre. — disse Cristiana. — Relaxem, nós vamos atrás dela.

Dito isso, elas saíram deixando as outras três na sala, curiosas e preocupadas.

Já se aproximava do intervalo quando encontraram Lisandra sentada na arquibancada de uma das quadras esportivas. Ela estava encolhida, com a cabeça apoiada nos joelhos, enquanto abraçava suas pernas próximas ao corpo. De longe observava o ir e vir dos alunos. Alguns praticavam educação física e outros apenas estava ali pra observar ou deixar o tempo passar até retornarem para a aula. O que aconteceu? Pensava. Ele se jogou da janela, eu vi. Ela franziu o cenho, tentando entender o que realmente havia acontecido. Estava tão perdida em pensamentos, que não percebeu quando duas de suas melhores se aproximarem e sentarem-se uma de cada lado seu.

— Precisamos conversar. — disse Alícia, colocando uma mão em seu ombro direito.

— Quer nos contar o que aconteceu lá na sala? — indagou Cristiana, perguntando-se se deveria ou não envolver seus pesadelos naquele momento.

— Eu realmente não sei dizer o que aconteceu. Em um segundo ele estava ali e no outro, estava pulando a janela. Mas então, estava ali de novo. Como se nada tivesse acontecido — ela sussurrou, encarando o nada.

— Quem... — questionou Cristiana, tentando entender.

— Fernando — Lisandra disse, com a voz baixa.

— Como assim?

— Eu não sei! — ela bradou, sua voz saindo mais alta do eu planejava. — Eu realmente não sei...

— Olha, se isso te consola de alguma forma eu também desejo que ele suma, mas quero que sofra um pouco pelo que te fez passar. — disse Alícia — Mas não é sobre isso que quero falar.

— E é sobre o que? — as amigas deram uma troca de olhar significativa, uma perguntando a outra quem deveria iniciar a série de perguntas sobre os problemas dela através do olhar, o que não passou despercebido por Lisandra que franziu o cenho, descrente por sua amiga ter revelado seus segredos. — Eu não tô acreditando nisso, Cris! — bradou Lisandra, percebendo qual era o assunto principal daquela conversa.

— Me desculpa! Mas as únicas pessoas que quase sempre estiveram presentes durante seus ataques éramos nós — Cristiana aponta dela para Alícia. — Achei injusto ela não ficar sabendo.

— E fala sem minha permissão? Parabéns!

— A questão não é essa... — disse Cristiana.

— Só estamos preocupadas. — completou Alícia.

— Eu sei, mas eu já disse que não há com o que se preocupar. Já tem dois dias que esses pesadelos não ocorrem e eu não estou mentindo. Vocês sabem, dormiram ao meu lado nesses últimos dois dias. — uma olhava para a outra. — Sério! Não há com que se preocupar.

— Tudo bem. — disse Alícia, levantando as mãos com as palmas viradas para frente em sinal de rendição. — Mas, se acontecer de novo e você não nos contar, juro que lhe dou uma surra.

Segredos dos Mundos - Livro I: A Encaminhadora de AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora