Segredos dos Mundos - Livro I: A Encaminhadora de Almas

🌒 27 🌘

Alícia e Luiza permaneciam sentadas, aguardando por notícias que pareciam levar décadas para chegar. A ansiedade corria por dentro de Alícia que sabia de todo o assunto, enquanto Luíza era tomada pela curiosidade e a incerteza. Não saber o que estava acontecendo, não ter notícias de sua irmã e avó a estava deixando nervosa e cansada.

— Alícia, eu preciso que você me explique exatamente que está acontecendo. — pediu. — Eu preciso entender o real motivo de eu ter sido sequestrada, o real motivo para tudo o que está acontecendo. — sua voz se alterava aos poucos. — Essa história de Viviane ser uma bruxa? E minha irmã também foi sequestrada? E minha avó? Ninguém procurou saber como ela está? — o silêncio reinou na sala

— São muitas questões para ser resolvida, Luíza — respondeu a garota, com um caroço na garganta pelo choro que segurava. — Não sabíamos que vocês estavam em perigo, eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Quando Viviane apareceu aqui e nos contou tudo o que estava acontecendo eu fiquei em choque Depois Grazi ligou para Cristiana e nos contou que você havia sido sequestrada... ficamos em desespero! Tentamos a todo custo encontrar vocês o mais rápido que podíamos, mas não foi o suficiente. Como você chegou aqui? Viviane saiu daqui para buscar você, Lize e Grazi...

— Eu já disse, Lize me jogou pra dentro de um portal, me deu umas coordenadas para avisar a um tal de David... eu não sei explicar bem... para mim isso tudo é surreal. Se eu soubesse que Graziela estava lá, eu não aceitaria ter entrado naquele portal, nem em lugar nenhum!

— Nós tentamos entrar em contato com alguém do Brasil, para saber notícias de vó Manu, mas não consegui falar com ninguém. Nem mesmo com meus pais.

— Vamos tentar novamente, eu preciso saber como minha avó está. Eu confio em Lisandra, sei que minha irmã está em boas mãos e ela logo vai voltar para nós, mas minha avó...

— Eu entendo...

— Não, Alícia, você não entende! — esbravejou a garota, a paciência há muito havia se esvaído, seu rosto mostrava o quão desesperada estava por continuar sem notícias de uma das pessoas mais importante em sua vida. — Você não faz ideia da merda que é viver sem seus pais e ser taxada como mentirosa a vida inteira por algo que você sabe que aconteceu, mas ninguém leva a sério por achar que é apenas delírio de uma criança assustada e agora o mesmo aconteceu com minha avó. E eu não posso perder ela também. Estou cansada de perder pessoas importantes na minha vida!

Alicia apenas ouviu atenta e de coração partido o desabafo de Luiza. Ela sabia que jamais entenderia o que a amiga estava passando, pois jamais havia estado em seu lugar e ela desejava, do fundo de seu coração, poder fazer melhor. Poder resgatar suas amigas e apagar a dor de cada uma delas. Mas como não podia fazer nenhuma das duas coisas, apenas abraçou a garota de cabelos negros e deixou que as suas lágrimas molhassem sua blusa. Permitiu que a amiga colocasse para fora através do choro, toda a angústia que havia guardado durante todo aquele tempo sozinha, mesmo podendo contar com "o clube das seis" para dividir todos os perrengues, ainda assim Luíza guardou maior parte de seu sofrimento para si e agora deixava escapar junto com o medo e o terror de perder mais alguém.

As garotas não sabem ao certo quanto tempo ficaram abraçadas, mas sabem que foi tempo o suficiente para apaziguar o temor em seus corações. Alícia tentava, sem sucesso, explicar os acontecimentos das últimas semanas para Luiza que ria de uma coisa ou outra e indagava sobre as várias situações. As duas compartilhavam de um riso após Alícia narrar sobre o "não-relacionamento" de Cristiana e Jason, quando Ariel e David finalmente chegaram a casa dos Riley. Os olhos vermelhos por conta do choro do Ceifador e a preocupação estampada nos olhos do Anjo anunciaram que péssimas notícias estava por vir.

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Cristiana estava sentada no chão de um dos túneis, ela ouvia a discussão na parte superior e a possível luta que ocorria ali. Ela tentou, a todo momento pensar positivo, eram três contra um, afinal, o que poderia dar errado? Ela checava o celular a cada dois minutos em busca de alguma novidade, mas nada mudava o fato de que no fundo estava preocupada com o belo rapaz que a havia deixado para traz para travar uma luta com uma louca desvairada.

— Aquele idiota! — praguejava para ninguém, além de si mesma. — Não sei por qual motivo Viviane ainda ficou do lado dele, e daí que sou humana? — ela continuava o seu monólogo, extremamente chateada. — Eu poderia ajudar de alguma fora, nem que fosse como uma distração qualquer... — ela continuava a murmurar até que sentiu o chão sob ela tremer. Primeiro um leve tremor que se tronou um verdadeiro terremoto.

Cristiana observou o teto daquele túnel rachar sobre sua cabeça e sentiu as rachaduras se formando no chão. Ela não fazia ideia do que estava acontecendo acima de sua cabeça, mas temeu por sua vida quando o teto do túnel começou a ceder. Por um momento, ela desejou ser capaz de não ser tão impulsiva e se arrependeu de não ter beijado Jason quando teve a oportunidade. Se arrependeu de manter brigas infantis com o rapaz e de não ter conversado com sua amiga sobre a adoção mais cedo. Pensou em sua mãe e em como ela deveria estar preocupada por ainda não ter falado entrado em contato ou em como ela ficaria arrasada quando soubesse como a filha havia morrido. Ela fechou os olhos e fez algo que há muito não fazia em sua vida: rezou. O mundo estava, literalmente, perto do fim e ela se agarrou a fé antes de sair correndo e gritando por socorro, mesmo sabendo que ninguém escutaria.

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Jason vagava pelas dimensões em espírito, tentando encontrar o caminho certo até Cristiana. Havia deixado seu corpo para trás, pois não conseguiria ir muito longe com ele. Essa era uma das coisas mais tristes que havia feito, mas também a mais corajosa. Sair de seu corpo era perigoso, mas ele não tinha outra opção no momento.

Vagou e esbarrou em várias almas perdidas até encontrar o caminho até a garota de cabelos negros e cacheados e de olhar marcante que o havia deixado louco desde o primeiro instante em que pôs os olhos nela. A garota corria pelo corredor em busca da saída, enquanto desviava de algumas pedras que caiam ao seu redor. Ele lembra de tê-la pedido para ficar e esperar pelo seu retorno, mas observando bem a situação agora pode ver o quanto foi tolo de sua parte deixá-la sozinha. Tentou aproximar-se o mais rápido que pôde e tentou avisá-la de que estava ali por perto, mas não obteve sucesso. De alguma forma, ele corria ao seu lado, mas ela não conseguia perceber ou sentir sua presença, mas, ainda assim, ele a guiou para fora do túnel antes que ele desabasse por completo em sua cabeça.

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— Fala o que vocês precisam falar logo, não me deixem mais aflita do que estou — Alicia pediu em um sussurro, o coração apertado. Quantas mais notícias ruins ela seria capaz de aguentar receber?

— Lisandra... — David começou a falar, mas um soluço escapou de seus lábios, o impedido de continuar. Nem ele acreditava naquela possibilidade.

— Por favor, não me diga que ela está morta... — Pediu Luiza. — ela é minha última esperança de ter minha irmã de volta!

— Eu não sei dizer, de fato, o que aconteceu. Tenho apenas imagens soltas na cabeça de Lis desacordada nos braços de Viviane e elas estavam em embate com Naomi. Eu não faço ideia do que pode ter ocorrido, mas temo pelo pior.

Um suspiro doloroso foisolto na sala. Alicia afundou ainda mais no sofá, tendo Ariel ao seu lado.Luiza soltava soluços do choro que havia dado uma trégua em algum momento, masagora retornava com força. Os quatro mantiveram-se em silêncio, cada um com seuspensamentos e desejos profundos de que tudo não passasse de um grande mal-entendido.