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 Uma semana se passou desde o descobrimento de Lisandra sobre seus poderes. Ela questionou sobre como poderia ser uma Encaminhadora e a resposta que recebera fora vaga, porém, lógica.

— Você foi escolhida. — Dissera David, há três dias.

— Mas, por que eu? — ela insistiu.

— Existem pessoas nesse mundo, Lis, que são designadas à determinadas funções antes mesmo de nascerem. Com você foi assim, ou acha que alguém aprende a ser paranormal?

— Então eu sou uma paranormal? — ela questionou. — Tipo uma médium?

— Quase isso... médiuns são pessoas com equilíbrio mental e astral. Elas se consideram um tanto elevadas pelo simples fato de enxergar um pouco além do que pessoas sem esse devido equilíbrio.

— E eu achando que eles apenas falavam com os mortos... — Lisandra murmurou e isso fez David rir. — Do que está rindo?

— Não se pode falar com o que está morto, Lis. — A garota rolou os olhos e ele riu novamente.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Claro!

— Por que me chama dessa forma e não pelo primeiro ou pelo meu apelido?

— Gosto de exclusividade. Todos te chamam de Lize ou Lisandra, Ninguém a chama de Lis, — David desviou o olhar dela para o chão e continuou — então tornei isso como um meio exclusivo meu de chamar você. — Ainda fitando o chão, ele sentiu o olhar da garota em cima dele. Ela o encarava e estudava todas as suas feições. Ao redor dele, sua aura negra agora já não era tão negra assim, ainda era algo denso, porém mais claro, quase da cor de chumbo.

— Como está o treino? — Ariel perguntou ao entrar no galpão fazendo David dar um suspiro e um xingar algo inaudível. A voz e a presença do rapaz cujo corpo habitava agora um anjo o incomodava profundamente e ter ele em sua cola, como um carrapato o deixava frustrado e irritado o tempo inteiro.

— Apesar de não haver progresso algum, eu acho que bem. — disse Lisandra sorrindo, levantando-se em seguida.

— Ela ainda está aprendendo sobre as divisões do Submundo e como classificar as auras.

— Essa didática é chata. — o anjo reclamou. — Vai levar um bom tempo até aprender como enxergar além do que os normais enxergam.

— Ela já faz isso, gênio. — disse David, com o deboche escorrendo por sua voz.

— Ela vê auras, apenas. Não se pode julgar as pessoas pelas auras que vestem, assim como não se pode julgar um livro pela capa. Existe muitos seres de luz, vestindo auras das trevas e muitos seres das trevas vestindo auras de luz.

— Quanto a isso, estamos tentando ampliar a mente dela ainda. Mas, ao que parece, não vai demorar muito.

— Será que podem parar de falar de mim, como se eu não estivesse aqui? — ela pediu, encarando-os e David desculpou-se, envergonhado.

— Bom, precisamos ver o quanto você progrediu. — disse Ariel, sentando-se no chão. — Sente-se, por favor, de frente para mim. — pediu e a garota obedeceu.

— Antes de iniciarmos, você poderia me dizer como prefere ser chamado? — Lisandra perguntou, curiosa e o anjo franziu o cenho em confusão. — É que agora sabemos que seu nome não é Ariel, então eu preciso saber como prefere ser chamado...

— Pode continuar me chamando de Ariel, afinal, esse é o nome desse corpo. O pai dele não sabe quem eu sou, então...

— Tudo bem então... Ariel. — concordou a garota.

Segredos dos Mundos - Livro I: A Encaminhadora de AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora