Segredos dos Mundos - Livro I: A Encaminhadora de Almas

🌒 15 🌘

Lisandra jamais imaginaria que David mantinha um cantinho para ele nos arredores do High School Vangoury. Atrás da escola, havia uma trilha que dava em um galpão com aparência de abandonado, o lugar não era muito afastado do colégio e não ficava em um lugar deserto. Lisandra observara que havia pessoas ao redor e que se algo acontecesse teria como conseguir socorro.

Ao entrar, ficou maravilhada com o que viu: janelas altas, paredes de fundo branco serviam como telas para as pinturas em grafite. Em algumas paredes apenas frases de incentivo do tipo "Você é a sua felicidade." ou "Seja você mesmo, sem se importar com a opinião alheia." e, na opinião dela, a melhor de todas "O seu destino, você quem decide." Por algum motivo ela sentiu que aquela frase estava ali especialmente para ela.

Tornou a olhar o rapaz que se acomodava à mesa com suas amigas e aquela mesma sombra negra o rodeava, porém de forma mais branda, como se não oferecesse risco algum. Com muito custo, a garota voltou a analisar o interior do galpão e notou alguns materiais de peso arrumados em um canto, provavelmente usado para malhar e do lado oposto um palco com instrumentos musicais. David dissera que era ali que ele e alguns amigos, se encontravam para ensaiar.

— Uau! — exclamou Cristiana, enquanto desembrulhava um sanduíche de peito de peru. — E o que você toca?

— Baixo, guitarra, violão, piano e faço o vocal. — respondeu, antes de tirar um generoso pedaço do seu sanduíche recheado com bacon, frango desfiado, algum molho desconhecido por elas e folhas de alface.

— Convencido! — disse um garoto, que entrou sem fazer o menor ruído, caminhando até eles.

— Fala Jason! — David se levantou e deu um aperto firme de mãos no garoto que o puxou para um abraço, fazendo um dos cumprimentos complicados que somente eles seriam capazes de entender. — Não sabia que tinha voltado do Texas. — Ele disse ao se afastar.

— Retornei ontem — o garoto respondeu, sentando-se ao lado de Cristiana. — Recebi um chamado de última hora. — David o encarou por um instante, seu olhar transmitia uma preocupação que não escapou do sexto sentido de Lisandra. Ela sabia que algo ali cheirava mal e não era o suco detox que Alícia tinha em mãos.

— Acho melhor voltarmos. — Ela sugeriu, levantando-se.

— Mas acabamos de chegar. — Protestou Cristiana. — Nem comemos ainda.

— Sem contar que aqui é legal. — disse Alícia, dando ponto a favor para Cristiana

— Eu sei... — ela concordou. — Só não me sinto à vontade. — Ela murmurou, dando uma olhada de canto para o garoto que se encontrava um pouco afastado, conversando com o amigo recém-chegado de viagem.

— Está com medo dele ou do que sente por ele? — perguntou Alícia.

— Não sinto nada por ele. — Sibilou a garota entre dentes, mas as amigas não acreditaram, porém não havia mentira em sua fala. Não em tudo. — Tá, sinto uma atração física, apenas. Nada demais.

— Hm... sei. — Alícia a empurrou com seu ombro e ela sorriu. Voltou a olhar para o garoto e viu aquela aura negra à sua volta, ainda mais escura que antes e o outro garoto também emanava uma aura de cor escura, mas não negra. Era algo entre cinza e preto, mas bastante denso, quase palpável. — Lize? — chamou Alícia, em uma tentativa de trazer a amiga de volta para aquele momento — O que houve?

— Você não consegue ver? — ela questionou em um sussurro apontando para os garotos em pé.

— O que? — Alícia questionou seguindo com o olhar para onde ela apontava. — Eles estão apenas conversando. — disse, voltando a encarar a amiga.