— Ei, você está legal? — a voz de Cristiana soava longe aos seus ouvidos, Lisandra apenas observava o rapaz se afastando e indo em direção à porta.
— Lize? — apesar de reconhecer a voz de seu pai, não foi isso que a fez despertar de seu transe momentâneo e sim o aperto no braço que recebeu de sua amiga Cristiana. Rapidamente olhou em direção ao braço e seguiu o olhar pelo cômodo em que se encontrava, percebendo quatro pares de olhos preocupados. Fechou os olhos e soltou o ar com força. — Tudo bem, querida? — incapaz de responder, assentiu apenas uma vez.
— Você está branca! — Cristiana sussurrou ao ouvido da amiga.
— Achei que esse fosse o meu normal, já que vocês viviam me enchendo o saco pra tomar mais sol quando estávamos no Brasil. — a amiga sorriu e olhou na direção da porta.
— É ele, não é? — Lisandra voltou seu olhar para a amiga que mantinha um sorriso estilo o coringa e olhos esbugalhados e brilhantes — Eu sabia! Cara, ele é lindo!
— Do que estão falando? — quis saber Alícia, aproximando-se das duas garotas que se encontravam encostadas na parede do cômodo, enquanto Mark e a diretora mantinham uma conversa cheia de entusiasmo.
— Do carinha que a Lisandra está gamada. — respondeu Cristiana.
— Eu não estou gamada. — Lisandra limitou-se a dizer, e Cristiana revirou os olhos. — Mas tem algo nele... — começou a falar, mas foi interrompida por seu pai que a chamava para perto.
— Querida, essa é a Sra. Molero. — disse Mark, indicando a mulher a sua frente. — É diretora dessa escola desde... — ele a encarou, fez uma careta em uma expressão confusa e sorriu. — Desde que fui estudante daqui.
— Agradeço o modo que encontrou de me chamar de velha, MJ. — disse a mulher, sorrindo.
— MJ? — Lisandra indagou.
— Ah, então ele não te contou? — a Sra. Molero lançou um olhar travesso para Mark, que abaixou a cabeça, um tanto sem graça. — Era assim que seu pai era conhecido aqui. "MJ", era o nome de guerra dele.
— Papai era popular nos tempos de escola... — Lisandra sorriu de forma sutil ao imaginar isso. — Era de se esperar que ele foi um jovem atraente em seu tempo de escola, afinal mamãe tem problemas até hoje por causa dessa beleza toda. — Concluiu a garota deixando o pai com as bochechas rosadas pela vergonha.
— Mas ele não era apenas atraente no tempo de escola. Era o capitão do time de basquete e levou as garotas à loucura! — ela riu. — Mas, diferente dos outros, era um rapaz inteligente. Não deixou a fama subir à cabeça, escolheu a jovem certa para casar-se e, pelo que vejo, tiveram uma ótima filha. — Foi a vez de Lisandra ficar sem graça.
— Ora, Sra. Molero... vamos deixar esses detalhes para depois. Não preciso que minha filha me veja parecendo um tomate a esta hora da manhã. — Eles riram. — Estamos aqui para falar a respeito das suas aulas e de suas amigas. — Mark virou-se para as meninas atrás de si, que acenaram com a cabeça uma única vez, sentindo-se desconfortáveis com tudo aquilo.
— Sim, claro! — ela assente. — Com algum sufoco, consegui inserir as meninas em uma grade de aulas. Infelizmente, não ficarão juntas em todas as aulas... — Lisandra ouve essas palavras com atenção e sente, mais uma vez, em menos de vinte e quatro horas, o chão ceder sob seus pés.
— Como assim, não conseguiu nos encaixar na mesma grade de aulas? — ela questiona, interrompendo a senhora sentada à sua frente.
— Sinto muito, minha querida, mas eu fiz o máximo que pude. Consegui encaixá-las juntas nas aulas do primeiro, terceiro, quarto e sexto período. O segundo e o quinto, cada uma teve que ficar em uma turma diferente. — Explica a diretora, sentindo-se tensa e um pouco irritadiça, afinal ela era uma senhora de respeito, estava no cargo da direção havia anos e nenhum aluno ousava levantar a voz para ela em todo esse tempo, até aquele momento. — E eu espero, Srta. Riley, que não ouse a usar esse tom de voz para mim novamente. — Seu olhar endurecera e fez os pelos do corpo de Lisandra eriçarem. Cristiana soltou um assobio entre os dentes, chamando a atenção para si, abaixando a cabeça logo em seguida, sentindo as maçãs do rosto esquentarem com a concentração do sangue no local de tão sem graça que ficou.
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Segredos dos Mundos - Livro I: A Encaminhadora de Almas
FantasyEm toda sua vida Lisandra jamais imaginaria que teria poderes sobrenaturais ou que sua vida poderia mudar de forma drástica ao que é avisada de que se mudará para um lugar do qual nunca escutou falar em suas aulas de Geografia na escola, que transfo...