AMOR FATI ( Em Andamento)

02.

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— Isso é caro demais, tia! — Repreendi minha tia mais uma vez. Hoje, ela insistiu em me levar para fazer compras, e confesso que foi difícil me adaptar. Ontem à noite, dormir numa cama tão confortável foi uma experiência nova e estranha para mim.

Nunca fui o tipo de adolescente que sai para fazer compras. Não tinha tempo nem dinheiro para isso. Fazer compras com os pais, ou até mesmo ter aquele momento "mãe e filha" que muitos romantizam, era um sonho distante para mim. Mas, de alguma forma, aqui estou eu, vivendo esse sonho.

Já compramos meu material escolar, uniforme e agora estamos escolhendo roupas e outras coisas para mim. Embora eu tenha resistido, minha tia insistiu muito, e isso me deixa extremamente grata.

— Aproveite, Kat! — Minha tia levou tudo ao caixa, saindo de lá com cinco sacolas. — Vamos comer alguma coisa, que tal?

— Se não for incômodo... — respondi, tentando não parecer muito emotiva. — Obrigada, por tudo.

— Não se preocupe, sempre quis fazer isso com alguém. A sua felicidade é o que mais importa, Kat. — Ela sorriu, e juntas saímos para caminhar pelas ruas. Já almoçamos, então provavelmente vamos só fazer um lanche. Enquanto caminhamos, estou descobrindo várias coisas interessantes que existem perto da casa da minha tia. Ela me contou que trabalha à tarde, então provavelmente terei tempo livre para explorar. Perto daqui tem uma praia, e sempre quis ir a uma, mas nunca tive a chance. Espero poder ir um dia desses.

Entramos em uma cafeteria encantadora, toda decorada em verde pastel, com buquês de flores por toda parte. Um letreiro branco com letras prateadas formava o nome "Flocks Coffee" na entrada. Quando abrimos a porta, um sininho tocou, anunciando nossa chegada. O interior era ainda mais charmoso, com um balcão repleto de doces e a atendente usando um uniforme combinando com a decoração. As mesas tinham cadeiras forradas e o chão era um mosaico de preto e branco, criando um ambiente acolhedor e sofisticado ao mesmo tempo.

Sentei-me em uma cadeira de frente para a mesa verde pastel, enquanto minha tia se acomodava à minha frente, aguardando a atendente.

— O que você vai querer, Kat? — Eu nunca tive a chance de experimentar comidas diferentes, e não quero ser um peso financeiro. Ao mesmo tempo que estou feliz por estar aqui, me preocupo se estou tomando a decisão certa. Quero aproveitar as coisas boas que me são oferecidas, mas também não quero carregar a culpa de precisar delas, o que às vezes é sufocante.

— Ah, pode escolher, tia May. Eu como qualquer coisa. — Falei com a maior naturalidade possível, o que fez minha tia arquear a sobrancelha, mas logo ela sorriu de volta. Ela é realmente muito gentil.

— Quero duas fatias de bolo Red Velvet e dois cappuccinos, por favor. — Ela entregou o cardápio de volta à atendente, que assentiu com um sorriso e foi preparar nosso pedido.

— Adorei essa cafeteria. Acho que vai se tornar um dos meus lugares favoritos. — Sempre que conheço um lugar novo, tenho a mania de observar todos os detalhes.

— É linda, não é? Eu adoro vir aqui. E, Kat, segunda-feira é o seu primeiro dia de aula. Só o seu, no caso, mas tenho certeza de que você vai adorar o campus da escola! — Minha tia me animou com suas palavras. Estou realmente ansiosa para essa nova etapa. Entrar em uma escola nova no final do ano é complicado, mas estou curiosa para saber como será.

Sobre faculdade, eu pretendo fazer, mas não tenho uma específica em mente porque não quero me decepcionar caso não consiga entrar. Até ano passado, eu usava um computador que meus pais me deram de presente, e foi o melhor dia da minha vida. Trabalhei por exatos dez meses para reembolsar o dinheiro que eles gastaram.

Eu adoraria estudar Letras, porque amo escrever. Mas também tenho outra paixão: o vôlei.

Comecei a escrever histórias no meu caderno quando tinha uns dez anos, e até hoje escrevo rascunhos. Já o vôlei... Bem, comecei a jogar na escola aos oito anos e me apaixonei. Jogar me fazia esquecer os problemas e eu adorava a sensação de correr atrás da bola. Se eu pudesse ganhar uma bolsa de estudos pelo vôlei enquanto faço Letras, seria um sonho.

— Como assim? Tem um campus? Numa escola? — Confesso que fiquei curiosa. Nunca estudei em uma escola assim. A última em que estive tinha três andares e era aberta a todos, mas eu adorava. Posso parecer introvertida, e realmente sou, mas quando pego intimidade com alguém, sou uma tagarela incorrigível. As palavras simplesmente saem da minha boca sem controle. Por outro lado, isso ajuda muito na escrita, especialmente nos diálogos dos meus romances. Gosto de criar protagonistas com defeitos e qualidades, e ser tagarela é uma vantagem.

— Kat, você vai estudar na Collins High School, uma das melhores da cidade. Quero muito que você aproveite ao máximo. Eu e sua mãe estudamos lá quando jovens, antes de ela se mudar para Ohio. Mas, quando chegar a hora, contarei tudo o que ela não teve a chance de compartilhar com você. Tenho certeza de que vai gostar, principalmente da biblioteca. Ela é enorme, o que proporcionará um ano incrível para você. — Não sei como minha tia tem dúvidas de que vou amar, especialmente com uma biblioteca gigante na escola.

— Eu prometo que vou gostar, pelo menos da biblioteca. — Ri, e ela sorriu de volta.

— Ah, e Kat, eu trabalho à tarde e só chego em casa por volta das seis horas. Mas sempre pode me mandar uma mensagem ou ligar se precisar de algo. E quando fizer amigos, me avise se quiser sair com eles. Aproveite, querida. — Sorri e assenti. Para mim, não será difícil ficar sozinha; o problema será fazer amigos, o que me fez rir enquanto nosso bolo e cappuccinos chegavam.

E meu Deus, acho que este é meu novo bolo favorito.

{...}

Minha tia estava ao telefone ali perto, então decidi dar uma caminhada. Já estava escurecendo, e como tenho o privilégio de morar perto da praia, fiquei feliz. Tirei meu par de tênis All Star azul escuro, que uso sempre, e em seguida minhas meias, sentindo a areia entrar em contato com meus pés. A sensação era tão boa, como se a areia fizesse cócegas.

Caminhei em direção ao mar, ouvindo apenas o som das ondas, já que tudo estava deserto. Eu não conhecia bem a praia, mas já a amava. O barulho da água era como terapia para mim. Sentei-me na areia, a poucos metros da água, e olhei para o céu tingido de amarelo, laranja e rosa enquanto o sol se punha. Tudo estava tão tranquilo. Me perguntei por que um lugar tão lindo estava vazio naquela hora, exceto por uma pessoa que vi à minha direita, a uns cinco metros de distância. Ele estava próximo à água, assim como eu, mas parecia enfurecido com algo e respirava fundo, claramente irritado. Pouco depois, tirou a camiseta, e eu, curiosa, notei os machucados em suas costas. Fiquei constrangida, como se estivesse invadindo um momento particular. Suas costas eram tatuadas.

Quando ele se virou, nossos olhos se encontraram por um breve instante, mas desviei o olhar rapidamente. Peguei meus pertences e comecei a me afastar dali. A última imagem que tive foi dele mergulhando no mar, como se nada tivesse acontecido.

Foi uma visão... fascinante.

Continua...

Esse garoto misterioso teorias?

primeiro dia de aula é o próximo capítulo então esperem grandes coisas.

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