Abalo emocional

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Carina DeLuca

Olhei mortalmente para Jo e quis esganá-la. Voltei meu olhar para os olhos azuis indagadores e resolvi esclarecer resumidamente:

- Minha ex-namorada. Preciso de um banho, pessoal, com licença! -Olhei para Maya- Vem comigo até meu quarto?

- Claro. -Disse séria.

Fiquei meio na defensiva, não queria arrumar problema com Maya por causa de uma pessoa do meu passado.

- Tudo bem? -Perguntei jogando minha bolsa em um canto e tirando meus saltos.

Estou tão cansada, parece que um caminhão desgovernado passou por cima de mim, tratei logo de tirar minhas roupas para entrar rapidamente no chuveiro.

- Por que eu nunca soube dessa sua ex?

- Não é como se ficássemos conversando sobre o passado. -Respondi tirando minha maquiagem.

- Mas parece ser recente o término de vocês. Uma vez Ben disse que você não estava pronta para outro relacionamento, você ainda gosta dessa Arizona?

Parei o que estava fazendo.

- Maya, Arizona foi alguém muito importante para mim, foi a primeira pessoa com quem tive contato quando cheguei aqui, mas nós terminamos de uma forma extremamente dolorosa, ao menos para mim. Até alguns meses atrás Arizona era a primeira pessoa que passava em minha cabeça ao acordar e a última ao dormir, mas desde que conheci você tudo mudou.

- Eu não quero ser um tapa buraco, Carina, se você está somente me usando para esquecer sua ex, eu quero saber, porque estou comprometida com isso aqui. -Disse séria.

Olhei para Maya séria.

- Eu não sou o tipo de pessoa que usa as outras, Maya, e o fato de você pensar isso de mim me ofende.

- Eu me senti ofendida quando sua amiga nos comparou com sua ex, que pelo visto, todos adoram.

- Você está tirando essas conclusões sem fundamento, Maya. Eu não fico questionando o fato de você trabalhar com seu ex, fico?

Maya calou-se contrariada e fechei a porta. Aquele dia parecia um pesadelo. Tomei um banho rápido e quando saí do banheiro Maya estava olhando a decoração do meu quarto, mexendo em alguns livros e sorrindo vendo um quadro de vagina que tinha na minha parede.

Abriu o guarda-roupas e peguei a primeira roupa que vi, uma saia preta de couro e um cropped branco e por cima pus um casaco fininho de tecido. Arrumei os cabelos e borrifei um pouco de perfume, minha cara ainda estava fechada, a irritação ainda se fazia presente em mim pelas palavras anteriores de Maya.

- Me desculpe. -Ouvi-a pedir- Eu só não gostei de ser comparada com sua ex que eu nem sabia da existência. Eu sei que já tivemos muitos relacionamentos antes desse, mas isso é realmente sério e importante para mim, imaginar você com outra pessoa me desestabilizou como nunca, jamais senti isso por ninguém e fiquei mexida. Me desculpa. -Pediu de cabeça baixa.

Fui até ela e ergui seu rosto.

- Ainda temos muito a conhecer uma da outra, Maya, sei que você tem muitas questões mal resolvidas com você mesma, assim como também tenho, mas antes de jogar nossas inseguranças e frustações uma na outra, vamos conversar por favor.

A puxei para um abraço e a beijei para mostrar que estava tudo bem. saímos do meu quarto e fomos nos juntar aos outros. O jantar ocorreu leve e no final nem lembrávamos mais o que tinha acontecido no início. Convenci minha bombeira a dormir comigo e ela corava cada vez que se deparava com algo relacionado ao meu trabalho, me tirando gargalhadas.
- Isso é um... um molde de uma vagina bem realista. -Ela disse corada apontando para o objeto.
- Ah, é sim! -Me ajoelhei na cama e fiquei observando-a desvendar todos os segredos do meu quarto.
- Seu quarto é muito você, sabia? -Ela disse sorrindo e me olhou- Quadros e moldes de vagina, flores e plantas esquisitas, aqueles sais estranhos e incensos e todas essas cores.
Meu quarto era a Itália em Seattle. Todas essas coisas me fazem lembrar de casa.
- Você não gostou? -Perguntei sem perder o sorriso.
- Tudo que é sobre você é impossível não gostar.
Ela se aproximou de mim e me beijou, foi me deitando na cama e se enroscando em mim. Namoramos um pouco até o cansaço falar mais alto e dormirmos de conchinha.
Acordei na madrugada com meu pager tocando. Saí resmungando dos braços quentes de Maya e o peguei. Uma grávida precisava de mim urgentemente. Coloquei uma roupa rapidamente, rabisquei um bilhete para a capitã sobe o que havia acontecido, deixei minhas chaves para ela e saí igual uma bala para o hospital, ainda bem que morávamos perto de lá.

My Love - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora