Contrato

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Esse capítulo é dedicado para minha querida amiga autora de uma história desta conta. Sua escrita me inspirou e me tirou da inércia!

Maya Bishop

Dizem que na vida existe o momento que você descobre que estava apenas sobrevivendo e não vivendo, o momento que você achava estar vivendo tudo o que queria, mas, então, percebe que estava apenas dormindo e agora sim você acordou. Eu sei exatamente quando isso aconteceu. Ainda consigo sentir o cheiro, o frio da barriga, o despertar dos meus sentidos, o disparar do meu coração e o sorriso idiota que queria se expor para todos.

O que não contam é sobre a dor insuportável que perder tudo isso pode causar, onde você precisa se forçar a apenas sobreviver novamente, a dormir mais uma vez, a aquietar as borboletas na barriga e o coração. Tive isso muitas vezes com uma única pessoa. Perdi Carina vezes demais para me permitir ficar longe dela mais vezes.

Olhei-me no espelho e nunca vi nada tão certo quanto aquilo, ainda não era o suficiente, mas era o certo. Passei as mãos na calça de linho branco, ajustei o terno, repuxei mais uma vez a blusa branca que estava por dentro do blazer. Olhei para os scarpins creme em cima da cama e fui pegá-los, pus nos pés e voltei para o espelho.

- Falta algo! -Ouvi a voz de Herrera e esbugalhei os olhos assustada.

Cabelo solto em um liso perfeito ok, maquiagem ok, terno ok. O que faltava?

- Toda noiva precisa de um buquê... -Falou sorrindo e me trouxe as flores.

- E as alianças. -Vic disse aparecendo com uma caixinha tão vermelha quanto meu batom.

Sorri agradecida.

- Vocês sabem que isso é só uma simulação, não é?

- E por que você está tão nervosa? -Hughes disse irônica.

- Queria que fosse real! -Andy disse manhosa.

Revirei os olhos e sorri nostálgica. Eu também queria. Queria tanto pôr uma aliança no dedo de Carina, tê-la acordando todos os dias de manhã ao meu lado, com beijos, com direito a café na cama, depois eu a puxaria para mim e aprofundaríamos o que começaria com um selinho e terminaria em um sexo suado com ela sorrindo boba me olhando e sorrindo abertamente. Então seu bipe tocaria e ela sairia desesperada para o banheiro, enquanto eu iria correr para pegar suas coisas e ajudá-la a se arrumar, o que levaria eu chegar atrasada na estação, pois quando ela saísse eu teria que arrumar sua bagunça.

E quando eu chegasse do plantão, entraria pela porta ansiosa e sentiria o cheiro de sua comida, ouviria suas músicas em um italiano alto acompanhado de sua voz, e quando fôssemos dormir, ela exausta de salvar vidas e eu também, prepararia uma banheira para nós, a levaria para dentro e faria uma massagem que começaria em seus pés e terminaríamos comigo gozando em seu colo, depois eu a levaria para o quarto e dormiríamos agarradinhas e seria assim todos os dias de nossas vidas. Juntas. Sempre juntas.

- Não faça isso, Maya! -Ouvi o grito de Victória e olhei-a sem entender- Droga, Bishop... por que diabos está chorando?

Voltei-me novamente para o espelho e meu rosto estava banhado em lágrimas. Sorri com minha idiotice e deixei Andrea e Victória arrumar minha maquiagem novamente.

- Prontas? -Perguntei e elas acenaram.

Nos dirigimos a Estação e eu estava tão ansiosa que parecia que eu realmente me casaria naquela noite. Peguei meu celular e entrei na minha conversa com Carina.

My love (20:17): Estou pronta! Já está na Station 19?

Me (20:55): Sim, meu amor! Pronta e esperando por minha futura esposa!

My Love - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora