Não foi isso que pedi

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Maya Bishop

Minha vontade de sair da minha cama a cada amanhecer era mínima. Desde o aniversário de Carina e aquele vexame que passei em sua casa, as consequências de suas palavras e de minhas atitudes estavam acabando comigo aos poucos.

Eu vomitava quase todas as manhãs, tinha crise de choro à noite e me alimentava muito mal, a única coisa que não me fazia desistir e ser forte, era a própria Carina. Quando fui deixar uma paciente no Memorial Grey Sloan, soube pela Boca, sua interna, que a obstetra estava praticamente morando no hospital.
Fiz a garota me prometer que cuidaria dela. Então a maratona era a seguinte: eu acordava, vomitava, saia de casa e ia até o Grey Sloan observar a DeLuca de longe, em seguida pagava seu café e deixava com a Helm junto com o dinheiro que ela deveria usar para comprar o almoço, jantar e talvez um lanche se ela achasse necessário. Eu sei que pode ser tarde demais para valorizar aquilo que perdi, mas é por minha culpa que ela estava se descuidando de si mesma, era meu dever cuidar dela enquanto ela ficava bem.

Noite passada voltei para casa mais cedo, pois passei mal no plantão. Minha pressão baixou e quase desmaiei, Andy quis me levar ao médico, mas recusei veementemente. Em poucas horas me deparei em uma situação inimaginável. Andy fitando com aqueles imensos olhos castanhos um teste de gravidez.

- Usamos camisinha, Andrea, já disse. -Falei revirando os olhos e indo fazer um chá para aliviar o enjoo.

- Você conhece o número de pessoas que nasceram por um buraquinho nessas coisas? Elas falham mais que os políticos. -Debochou olhando ansiosa para o teste.

- Dessa vez não pode falhar. O que estou sentindo precisa ser somente um mal-estar causado pelo estresse, pois Deus me proteja se tiver um filho de Jack na minha barriga. Eu jamais vou ser feliz, adeus carreira, adeus Carina, adeus Maya Bishop. Será o meu fim! -Falei já ficando nervosa.

Andy mordeu o lábio e ignorou o que eu disse. A morena continuou focada em arruinar minha vida com a quela droga de suspeita e fui tomar minha xícara fumegante de chá.

- AI MEU DEUS, MAYA! -Gritou Herrera me assustando e fazendo eu queimar minha mão com o líquido.

A fuzilei com os olhos e percebi sua cara de espanto para mim, logo me preocupei.

- Que cara é essa?

- D-deu po-positivo. -Falou com os olhos arregalados.

- O que deu positivo? -Perguntei sem entender.

- O teste.

Meu cérebro parece que havia congelado, senti a xícara escorregar por minhas mãos e espatifar no chão, minhas mãos, pernas e rosto adormeceram, tenho certeza de que fiquei pálida, pois Andy correu para me ajudar a sentar.

- Que teste? -Indaguei num fio de voz, negando todas as possibilidades que poderiam existir.

- O teste de gravidez, Maya. Você está grávida de Jack.

- Gr-grávida de Jack? -Perguntei atônita.

Sentia-me cada vez mais mole, eu não conseguia raciocinar corretamente. Grávida. Eu tinha uma coisa crescendo indesejadamente dentro de mim como um tumor maligno que destruiria minha vida e minha carreira.

Herrera me apareceu com um copo d'água e me fez beber. Alguns minutos depois consegui entender o absurdo que era a situação, a desgraça que acontecia comigo. Levantei-me num salto.

- Eu não posso ter esse bebê, Herrera! -Falei desesperada- CARINA NUNCA ME PERDOARIA, NUNCA VOLTARIA PARA MIM, EU ACABARIA COM MINHA CARREIRA. ADEUS SER CAPITÃ, ADEUS TUDO... A MINHA VIDA IRÁ ACABAR!

My Love - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora