Heroína dos sonhos

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Narradora


Ângela ainda ficou com Carina até depois do almoço, o que permitiu Maya ir ao apartamento de Gabriella tomar banho e almoçar. A alta da médica que seria dada àquele dia, foi adiada, pois a pressão da obstetra estava oscilante e a Dra. Aurora não queria arriscar a saúde de sua amiga.

Maya cochilava no sofá enquanto Carina dormia serenamente graças aos remédios para dor que aplicaram em sua veia.

- Maya! -A loira ouviu um sussurro e logo que abriu os olhos se deparou com o sorriso caloroso de Andrew.

- DeLuca! Que horas você chegou?

- Vim do aeroporto direto pra cá. -O homem foi até a irmã e analisou seu rosto e seus braços parcialmente descobertos- O que aconteceu?

Maya passou as mãos pelos cabelos.

- É uma história tão longa...

- Tenho todo o tempo do mundo. -Disse o médico firme e voltou-se para a cunhada- Por que diabos minha irmã está toda machucada? E o que você faz aqui?

Bishop olhou para a médica e depois para Andrew.

- Vamos tomar um café na lanchonete e te conto tudo. Você deve estar faminto e ela precisa descansar.

Ele acenou e se voltou para a irmã. Depositou um beijo suave em sua testa, perpassou os olhos por todos aqueles machucados e seguiu a bombeira para fora logo em seguida.

Os dois pegaram dois copos grandes de café e donuts para acompanhar.

- Eu não sei se sou a pessoa certa para te contar tudo as coisas de sua irmã. -Maya começou- Mas... Carina não teria psicológico agora pra te contar nada.

- Me fala o que está acontecendo.

- Falarei. Mas você precisa me prometer que manterá a calma... por ela, Andrew!

O homem acenou e Maya começou o relato de acordo com as informações que ouviu da própria Carina, até o ciúme que sentiu da médica ao ver que ela tinha ido para casa da Dra. Aurora fazendo-a ir até a obstetra e a maneira como a encontrou, o que tinha feito a Taylor, a visita de Ângela, as crises de ansiedade que já tinha presenciado de Carina. Tudo, não deixou nada passar.


Ao terminar seu relato, Andrew andava de um lado a outro passando as mãos no rosto vermelho de raiva, angústia, preocupação.

- Ela... -DeLuca procurou as palavras- deveria... Carina deveria... eu sou o irmão dela, poxa!

- O irmãozinho dela que ela quer proteger do mundo. Carina não quis te preocupar.

- Eu não sou mais uma criança, como você pode ver. Ela preferiu contar para você, que acabou de entrar na vida dela do quê para mim... SEU PRÓPRIO IRMÃO.

Maya levantou-se chateando-se pelas palavras do homem.

- Não é sobre a quem ela contou ou não, Andrew, talvez você não consiga ver por conta do desespero, mas a questão aqui não é quem sabe o que aconteceu ou deixa de saber. A questão aqui é que sua irmã foi abusada apenas com 17 anos e agora esse miserável tentou novamente estuprá-la depois de levá-la a justiça por algo que não foi culpa dela. É sobre isso, Andrew. Sobre como Carina se sente, sobre o que aconteceu com ela, sobre seus traumas e não sobre você! -Maya descarregou exaltada.

A loira deixou uma lágrima escorrer e rapidamente a limpou. Andrew olhou envergonhado para a cunhada e acenou fracamente, o homem se aproximou hesitante, mas logo a envolveu em um abraço apertado e começou a sussurrar pedidos de desculpas e deixar algumas lágrimas escorrerem.

- O que fazemos agora? -Perguntou o DeLuca mais novo a loira quando estavam chegando no quarto que Carina estava.

- Não sei. Eu só queria tirar toda essa dor dela, tudo que possa fazê-la mal.

- Eu também.

Os dois entraram no quarto e se surpreenderam quando viram um homem perto da cama da morena observando-a dormir.

Maya entrou em alerta.

- Quem é você? Saia de perto dela agora mesmo! -Bishop disse firme cerrando os punhos.

O homem se virou e encarou seus olhos castanhos firmemente na loira.

- Cosa hai detto? (O que disse?) -O moreno disse em um perfeito italiano, segurando firmemente a mão de Carina.

- Ti ha detto di allontanarti da lei o ti porto fuori. (Ela disse para você sair de perto dela ou eu tiro você.) -Andrew bradou raivoso dando passos a frente assim como Maya.

- Non dovresti parlare così a tuo padre, figliolo. (Você não deveria falar com seu pai assim, filhinho.)

- Você não é meu pai! -Andrew bradou trazendo a briga para o idioma que Maya entendesse.

- Tudo bem, não sou então. Mas de perto da MINHA FILHA ninguém me tira. -Falou e encarou os dois furiosamente.

Carina começou a se remexer na cama inquieta. Os olhos ainda fechados e um fio de suor brilhando em sua face.

Andrew e Vicenzo continuaram brigando e os olhos azuis de Maya acompanhavam aquela discussão hora em inglês hora em italiano e a loira se preparava para intervir se fosse preciso.

- No... no... per favore... lasciami andare! Non.... (Não... não... por favor... me solta! Não....)- Carina balbuciava baixinho franzindo o cenho e mexendo o pescoço devagar.

- ME RESPEITA, MOLEQUE. EU SOU TU PADRE! POSSO TE TIRAR DESSE MUNDO MAIS RÁPIDO DO QUE COLOQUEI.

- NON MIO PADRE! (NÃO É MEU PAI!) Você acabou com nossa família, sua teimosia para aceitar sua doença nos destruiu e não permitirei que se aproxime de nós novamente.

- Não quero uma aproximação com você, marmocchio, mas de perto da minha filha ninguém me tira!

- Calma, por favor. Assim irão ser expulsos daqui. Carina precisa de tranquilidade e não dessa algazarra toda.

- E quem é você? -Vicenzo virou-se em fúria para Maya.

- Sou a namorada de sua filha. -Maya explicou devagar para não enaltecer mais ainda os ânimos aflorados dos dois.

O homem gargalhou alto.

- É só mais uma puttana que minha figlia leva para sua cama! NÃO SE META, PORRA! -Gritou descontrolado assustando Maya e Andrew.

- Saia. Se vai continuar desrespeitando o estado da minha mulher, saia desse quarto e desse hospital imediatamente.

- Maya... não! Maya... -Carina balbuciava e logo os aparelhos que monitoravam a italiana começaram a entrar em alerta assustando todos ali e chamando a atenção para a morena desacordada.

Maya fez menção de ir até a namorada, mas Vicenzo a empurrou longe fazendo a loira cair no chão e machucando seu pulso já doído pelos socos que deu em Taylor. O homem segurou os braços da filha e encarou a mulher acordando-a.

- La mia principessa, è papà! (Minha princesa, é o papai!) -O homem falou segurando firme o maxilar da filha e apertando seu braço direito.

Carina abriu os olhos assustadas e, divagando entre o pesadelo e a realidade, não reconheceu o pai e começou a se debater nos braços de homem e a chorar desesperada e buscar por oxigênio sem sucesso.

- Solta ela, está assustando-a! -Andrew bradou tentando tirar o pai de cima da irmã.

Porém, Vicenzo virou-se para o filho e lhe acertou um soco no lado esquerdo do rosto fazendo o homem cair desorientado no chão com o rosto sangrando e tonto.

- Vou te tirar daqui minha bambina! -Vicenzo falava passando a mão pelo rosto de Carina.

- Ma... May... Maya! Maya... -Carina tentava falar e afastar as mãos do homem de seu corpo.

Maya levantou e puxou o homem de perto de sua namorada.

- Ela está assustada, você está fazendo mal a sua filha. Para! -Gritou a bombeira com raiva e entrando no campo de visão da italiana.

- Des.. des... desculpa, Maya! -Carina pediu e logo começou a tossir em meio ao choro.

- Ragazza, petulante! -Vicenzo disse e partiu para cima de Maya, mas Andrea foi mais rápido pegando o homem e o arrastando para fora do quarto.

- Calma, meu amor, sou eu... estou aqui e está tudo bem!

Maya precisou segurar firme os braços da italiana quando ela começou a se agitar sobre a cama.

- Desculpa fazer isso, amor, mão não posso deixar você se machucar mais ainda! -Disse Maya sentindo algumas lágrimas caírem de seu rosto por ver a fortaleza Carina DeLuca destruída daquela forma.

A morena era seu sol, a luz de todas as manhãs, a brisa suave e alegre de seus dias. E ver toda aquela imensidão de luz apagada daquela forma, levava Maya ao desespero. A loira continuou segurando a italiana para evitar que suas costelas já lesionadas piorassem, até ver a pele bronzeada de Carina perder a coloração, a respiração se tornar pesada e a médica fechar os olhos e perder a consciência. Maya se desesperou mais ainda e correu para chamar um médico.

Alguns minutos depois, a enfermeira que atendeu a italiana terminava de pôr um medicamento na veia e alertar Maya:

- Sua pressão baixou muito, vamos evitar estresse esses dias, va bene? Ela precisa descansar. Já liguei para a Dra. Aurora e logo ela chega.

- Grazie signora! -Maya agradeceu usando um pouco do italiano que aprendeu.

- Ela tem sorte de ter você. -A mulher disse sorrindo.

- Pode ter certeza de que é o contrário.

A enfermeira deixou as duas a sós e Maya aproveitou para suspirar.

- Vai ficar tudo bem, meu amor! Logo logo esse pesadelo acaba e vamos pra casa!

My Love - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora