Capítulo 15 - Estou aqui

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Às vezes eu me pego imaginando se tudo o que estou vivendo é real. Não sei se lido da melhor forma e nem se estou pronta para qualquer desafio que vir, no entanto, é impossível duvidar da minha nova realidade quando há um príncipe desorientado diante de mim.

A consciência de Dian está no limite. Os mealas que ingeriu foram inúteis. Seu corpo está estirado metade no sofá e metade no chão, como se estivesse debruçado numa diagonal, com os braços sem nenhum movimento e os olhos entreabertos, querendo fechar, mas abrindo-os por impulso.

É inacreditável eu estar tão perto dele e ele não notar a minha presença.

Sendo honesta, conversar não é a minha melhor qualidade e por isso vou pular essa parte no momento. Dialogar não resolverá o problema, além de que Dian está deslizando e cair no chão é só questão de tempo.

Essa é uma das horas que me faz agradecer por ter sido ferreira. Tenho força para colocar uma mão no tórax de Dian e impulsioná-lo com sucesso para cima. Meu joelho serve como apoio para ter mais estabilidade na hora de erguê-lo e eu troco a posição dos braços, passando o direito dele para trás do meu pescoço e, com isso, permitindo que todo o seu peso seja sustentado pelas minhas pernas e costas. Apesar de só o seu pé esquerdo estar firmado no chão, ainda é um apoio importante para que eu siga até as escadas o arrastando.

Eu não sei se ele está machucado e vou verificar mais tarde. Preciso de qualquer quarto que tenha no primeiro andar, onde haja cama e um maior conforto.

— Quem é? — A voz de Dian está fraca e ele não apresenta resistência ao meu auxílio.

— Bridie.

— Ais? — Ele me chama pelo apelido, mas relevo. Percebo que foi sem intenção e que está sem condições de falar.

Seu punho gelado me faz questionar se está com hipotermia. Dá para sentir até os seus dedos tremendo. Além disso, o odor de vinho é bem presente, o que me leva a imaginar que esteja, talvez, embriagado e doente.

Perseverança é necessária para nos levar de degrau em degrau. Não sei como estou conseguindo fazer isso, porque Dian é mais alto que eu e ele ainda se apoia totalmente em mim. Se eu cair, nós dois iremos juntos.

— O que aconteceu? — falo devagar para que ele me entenda.

Não recebo uma resposta e ele permanece inerte, mirando o chão.

— Eu preciso de um norte para saber o que fazer — uso a lógica, inutilmente.

Outra vez ele não responde. Dian estava cada vez mais pesado de carregar, o que significa que está perdendo a batalha contra si mesmo.

— Faça um esforço! — O chacoalho, empurrando-o com o corpo e puxando de volta pelo punho.

— Ais — arqueja, sem pronunciar o meu nome inteiro outra vez, mas por conta de uma tremedeira. Eu sou obrigada a parar de subir para averiguar sua condição. — Meu quarto.

— Não sei se consigo te levar até lá — confesso.

O brilho da lua mal nos alcança e é complicado decifrar o olhar dele sobre mim. A expressão que Dian me entrega é moldada em um sentimento incompreensível, tanto que não assimilo se sua intenção é mandar em mim ou pedir por ajuda.

Achava que eu estava passando frio usando uma camisola e descalça, mas nem se compara ao que ele deve estar sentindo. Honestamente, a mão dele está mais congelante do que o solo da Imundice. E ainda não deixa de ser estranho, porque Dian está agasalhado com um manto longo com forro interno, próprio para as temperaturas mais baixas.

Até o primeiro andar, ouço somente meus passos e a respiração oscilante dele próxima à minha orelha. Na escadaria para o segundo andar — onde se localiza seu quarto —, minhas arfadas são audíveis e tomam conta do ambiente. Cada avanço me deixa mais próxima de desistir.

O Príncipe do InfortúnioOnde histórias criam vida. Descubra agora