14 - O conselho de um Caçador Elementar

564 40 7
                                    

- O que aconteceu aqui?! – perguntei.

Os tiros haviam me acordado, todavia a cena que vi era a que realmente me preocupava. Meu tio havia pulado pela janela, e creio que a altura do meu quarto para a avenida lá embaixo não era das menores.

Um dos policiais olhava lá pra baixo, pela janela, depois gritou "vamos!" aos seus companheiros e pediu para que um deles ficasse. E agora eu estava sozinho com o policial, que tinha um rosto severo e um olhar firme de quem não estava nadinha satisfeito com o que havia acabado de acontecer.

Ele acendeu a luz do quarto.

- Aquele homem tentou te matar enquanto você dormia – ele respondeu, tirando a foto do bolso e me mostrando. – Consegue reconhecê-lo?

- É o Tuco – eu disse com espanto, agora com o coração acelerado.

- Ele mesmo. É um foragido da polícia federal por roubo e assassinato.

- E o meu tio foi atrás dele? – agora eu estava preocupado. O policial fez que sim e, embora tentasse mostrar-se firme, era clara a preocupação em seus olhos. Ocorreu-me que dois dos policiais tinham ferimentos na perna e no braço. – Merda – eu disse irritado, me levantando. Mas quando coloquei o pé no chão, quase caí para o lado, de tão fraco que estava.

- Acho melhor você ficar aqui, garoto – o policial disse rigidamente. – Isso é assunto da polícia. Aliás, seu tio é um homem louco?

- Parece que sim – eu disse, e voltei a deitar.


- Atchim! – Michael espirrou.

Já havia voltado ao normal, suas roupas completamente encharcados enquanto a chuva continuava a cair. Olhou em torno e notou a confusão que a explosão havia causado, o congestionamento que havia se formado em tão pouco tempo. Pessoas ignoravam a chuva para assistir ao incêndio, que bloqueava todas as quatro faixas da avenida. Até mesmo os carros do outro lado do canteiro paravam para observar o fogo, que mesmo diante da chuva forte só aumentava.

- O que houve? - perguntavam alguns.

- Como aconteceu? - perguntavam outros.

Ninguém estava entendendo nada, a despeito de Michael e do dono do Veloster, que chorava aos prantos diante dos destroços.

E não demorou para as sirenes serem ouvidas. Viaturas apareceram e pararam próximo ao fogo, policiais descendo de seus carros e afastando a multidão. Um deles aproximou-se de Michael e perguntou:

- O que foi que aconteceu?

Michael percebeu que ele era um dos tiras que estavam no hospital. Decidiu explicar:

- Eu o segui e ele provocou essa explosão – disse como se fosse a coisa mais simples do mundo. – Consegui salvar o rapaz a tempo, mas eu lamento pelo carro – ele coçou a cabeça.

- Então quer dizer que aquele criminoso fugiu? – outro policial perguntou, suspirando. – Para onde ele foi?

- Vocês não o acharão mais – Michael foi sincero. – Digamos que... ele pegou uma carona.

Ninguém entendeu a ironia, e mais sirenes puderam ser ouvidas, dessa vez dos carros do Corpo de Bombeiros. Um grande caminhão abria caminho entre os carros e parava próximo às viaturas, homens saindo e puxando a enorme mangueira, que logo jorrou água contra o incêndio.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora