46 - Os Árbitros decidem: Eliminados ou não?

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O barulho da torcida era ensurdecedor naquele momento, onde cada torcedor pulava e gritava de forma contagiante. Aliás, havíamos entrado no estádio voando numa caminhonete velha!

Olhei ao redor, a cada canto daquelas arquibancadas. Era muita gente, grande parte desconhecida. Ainda assim avistei alunos da minha escola, todos reunidos, sendo os mais animados dali.

Sophia estava entre eles.

Não muito distante, minha mãe, Karen, meu tio Michael e Hebert; ao lado, Guga, Léo, Zoe e Hara, todos incrédulos de olhos em mim. Pareciam preocupados, e era evidente o motivo. E então me dei conta.

Olhei rapidamente para o árbitro, este reunido com os dois bandeiras e o árbitro reserva. Pareciam sérios, conversando tampando a boca com as mãos, para que ninguém fizesse a leitura labial.

Meu coração acelerava aos poucos.

Olhei para os meus companheiros.

- Os quatro árbitros discutem o que farão a seguir - declarou o locutor, fazendo o estádio parar a "nostalgia" por um minuto. - Parecem sérios e cautelosos. Qual será a escolha?

- Não podemos - disse o quatro árbitro aos outros três; o quarteto era o centro das atenções naquele momento -, é contra as regras. Precisamos dar vitória ao Hunters Silvers por W.O.

- Mas o Fogo Ardente chegou à tempo! - ainda tentou um dos bandeiras.

- Sem uniforme - replicou o outro bandeira. - Já era para ter começado o jogo há cinco minutos! Isso é inadimissível!

- Eles são garotos, e fizeram de tudo para chegar aqui - falou o árbitro principal, talvez o mais compreensível ali. - Mesmo que de forma estranha, chegaram. Acho que podemos sim dar mais uma chance a eles.

- Eu discordo - falou o quatro árbitro, decidido.

- Eu também - disse um dos assistentes.

O outro assistente ficou em dúvida, enquanto seus três companheiros esperavam alguma resposta. Por fim, falou:

- Eles têm razão, não podemos atrasar mais o jogo. Vitória ao Hunters Silvers por W.O., infelizmente.

O árbitro principal não teve escolhas, apenas lamentou.

- Não sei o que eles decidiram - disse o locutor ao estádio -, mas não parecem muito felizes. Será o fim do Fogo Ardente?

Olhei novamente para os meus amigos, todos preocupados. Será que passamos por tudo aquilo em vão?

O juiz apitou, fazendo um sinal que indicava que era o fim da partida. No mesmo instante, os garotos de prata comemoraram entre eles, nos olhando de forma provocante. A torcida, em contra-partida, vaiou. Todos os torcedores começaram a vaiar muito alto, não escondendo a indignação.

Caí ajoelhado no chão, me sentindo um fracassado. Era tudo minha culpa!

- Não teve jeito, parece que o Fogo Ardente não chegou a tempo - anunciou o locutor, também decepcionado. A torcida vaiava muito forte, muitos gritando e assoviando ensurdecedoramente. Marcelo colocou a mão sobre os meus ombros e falou:

- Demos o nosso máximo, mas é assim mesmo, cara, coisas assim acontecem - não consegui dizer nada. Pude ver Riku cerrando os punhos com força, no banco de reservas, e o treinador dos adversários, Mendonza Somaro, sorria obscuramente.

- Fogo Ardente! - ouvi alguém gritando, da arquibancada. Depois de novo, porém mais pessoas: - Fogo Ardente! - olhei para a direção que a minha escola estava. - FOGO ARDENTE! FOGO ARDENTE!... - os alunos começaram a gritar, acompanhados, primeiro, só por alguns torcedores, depois foi aumentando mais e mais até o estádio inteiro seguir o mesmo caminho! Olhei para as arquibancadas em volta, milhares de pessoas nos apoiando determinadamente ao ponto de não aceitar o término precoce da partida. Logo me senti feliz. - FOGO ARDENTE! FOGO ARDENTE! FOGO ARDENTE! - mas parecia que aquilo não ia adiantar... Ainda assim aqueles gritos me animavam, e me levantei, erguendo a cabeça e sentindo algo sobrenatural dentro de mim.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora