58 - O Labirinto Traiçoeiro

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Já haviam se passado vários minutos desde que havíamos saído daquela "geladeira". Mas só o que encontrávamos eram corredores que não levavam a lugar algum. Billy corria feito um cavalo de corrida em busca de pelo menos um dos meus amigos, mas parecia que mesmo o mais perto deles estava longe. Eu estava muito preocupado com todos, principalmente com o Léo, que era o mais novo entre nós. Eu o considerava como o meu irmão caçula desde que o encontrei pela primeira vez, transformado num cachorro sem consciência. Desde então fiz o máximo para ajudá-lo, o apresentei para o meu tio – que passara pelo mesmo problema na infância – e hoje ele é um garoto que luta bem e controla seu poder. Ainda assim a minha preocupação era demasiadamente exagerada. Jake era um vampiro ágil, Joe tinha super força, Riku era um caçador experiente e Guga podia ficar invisível. Em relação a eles eu até poderia ter um pouco de tranquilidade, mas com o Léo era outra história.

Decidi parar de pensar naquilo.

Pensei então, incontrolavelmente, na Sophia. Na garota que eu amava demais, porém não poderia me aproximar tanto. Tudo porque sou um Caçador Lendário. Ainda assim eu queria muito estar perto dela, receber um abraço apertado, caminhar pelo parque... Eu sei que isso é meio grudento demais, mas eu gostava daquelas coisas. Coisas simples, marcantes. Logo me lembrei do nosso primeiro beijo, no topo daquele morro no Canadá. Fora algo inesquecível, infelizmente interrompido pelo meu meio-irmão maligno. E então meus pensamentos se voltaram para ele – e para sua história.

Tyler estava morto, e, antes disso, queria vingança contra o meu pai, pois o mesmo o esquecera. Mas o que ele não sabia era que meu pai fez tudo para protegê-lo, mesmo sofrendo, e ambos estão, hoje, mortos...

Cerrei os punhos. Foram tantas perdas em apenas alguns meses que chegava a desanimar, ao mesmo tempo em que eu sentia um ódio de ser o que sou. Por que logo eu? Por que não outra pessoa?... E, mais uma vez, tinha alguém em perigo por minha culpa. Raptaram o Natsuno, nos fazendo cair numa armadilha, e agora todos os meus amigos estavam perdidos naquele labirinto macabro.

Eu precisava encontrá-los.

Léo corria desesperadamente pelo corredor inclinado, perseguido por um caminhão, este pilotado por um vampiro. Olhou rapidamente para trás por cima do ombro e percebeu que o veículo já estava bem próximo. Até tentou acelerar os passos, mas já estava exausto. Suas pernas doíam e tinha medo de seu coração sair pela boca de tão forte que batia. E parecia que aquele beco não tinha fim! Se ao menos estivesse transformado...

- HÁAAAAAAAAA... – ouviu um grito muito longe, se aproximando, vindo de... cima? Rapidamente o garoto olhou para o teto, onde havia um buraco escuro, e numa fração de segundo após passar por baixo do mesmo, Joe caiu no chão de terra, desajeitado. Leonardo rapidamente gritou, sem virar-se para trás:

- Joe, o caminhão!

Num susto, o grandalhão se levantou numa meia-volta e, com o seu punho fechado, gritou:

- Soco de ferro! – numa explosão, sua mão fechada enterrou-se no para-choque do veiculo como se o mesmo fosse de borracha. Com o golpe, a cabine foi completamente esmagada (com o vampiro dentro; Joe vira seus olhos vermelhos) e o caminhão inclinou-se para frente lentamente, mas então suas rodas voltaram para o chão.

Léo respirou fundo enquanto o grandalhão puxava seu braço, deixando escapar um suspiro de alivio acompanhado de um "ufa".

- Cara – disse o garoto-cachorro -, obrigado por ter me salvado. Quase viro pastel humano agora. Mas como chegou aqui?

- Eu, hã, puxei uma alavanca – Joe coçou a cabeça, envergonhado. – Parece que era outra armadilha.

- Esse lugar está cheio delas – disse Léo, voltando a olhar para o fim da "rampa", esta tão longa que ainda era impossível ver seu fim. – Pelo menos você salvou a minha vida.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora