Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETO

33 - Hunters Silvers - O Preparo para a Grande Partida

Iago estava espantado, nunca vira algo do tipo antes.

Sua expressão de espanto não mudava, enquanto observava o time de prata tocando a bola tão rápido que pareciam jogadores mutantes. Shin era um deles. Lançou para o atacante pelo alto, que dominou no peito com perfeição. Seu marcador já não aguentava mais correr, por isso nem sequer atrapalhou. O jogador mirou o gol e chutou, muito forte, de fora da área. A bola foi na direção do goleiro Giuliano, que até tentou bloqueá-la, mas foi parar no fundo da rede juntamente com a redonda.

- Gool!! - gritou o locutor do estádio, porém sem emoção. Era mais um. A torcida não gritava mais, não conseguia. Nunca vira um futebol daquela forma. Nunca vira um placar daqueles. Era assustador. Não era nada divertido. Iago sentiu na pele que não. Olhou em volta, seu time inteiro exausto, faltando dois jogadores, pois seu lateral direito e o seu atacante se machucaram, e não podiam ser substituídos porque o treinador já havia feito três alterações.

E o treinador... não sabia mais o que fazer. Tinha certeza que venceria aquela semi-final. Mas se enganara. Não via a hora de o juíz dar término ao jogo...

Corríamos pelo corredor escuro rumo ao campo do Novo Estádio de Honorário. Fomos obrigados a passar pelos seguranças deixando-os inconscientes. Eu não acreditava naquilo...

***

- Mãe, cheguei - falei, após chegar do Mundo Paralelo. Pisei na cozinha, acompanhado dos meus amigos, meio hesitante. Minha mãe ficaria brava pelo fato de eu ter chegado em casa segunda-feira, às duas e meia da tarde, ao invés de domingo. Natsuno estava tão assustado quanto eu, e Joe reclamava de fome fazia horas. O único tranquilo era Jake (Ferdinando e Riku já estavam em suas casas). Mas quando pisei na sala, minha mãe se virou, parecia horrorizada, olhando para a TV em seguida. Percebi que assistia futebol.

- Filho - ela se virou, preocupada. - O time do seu amigo está jogando, mas o placar não é favorável. O jogo começou faz alguns minutos, e já estão perdendo de 6 a 0 - assim que falou isso não acreditei, muito menos meus amigos. Não pensei duas vezes e parti rumo ao estádio, deixando apenas a mochila em casa.

***

- Isso não pode ser verdade - falei a mim mesmo, cerrando o punho. Enquanto corríamos pela cidade, víamos pessoas assustadas nas ruas, assistindo ao jogo através de televisões que ficavam em vitrines de lojas. Cada vez o placar ia aumentando a favor do time do Shin. Eu precisava dar forças ao Iago, impulsioná-los a vencer. "Dio, não vai adiantar nada", dizia o Natsuno, enquanto corríamos pelas ruas movimentadas. Jake e Joe mantinham-se calados, mas eu tinha certeza que eles concordavam com o Kogori. Mas eu não me importava, queria estar ao lado do Cordeiro. Precisava fazer alguma coisa! Mas o quê?...

Não faço a mínima ideia...

Dali eu não conseguia ouvir a torcida, o que não era normal. Ou o estádio estaria vazio, ou os torcedores estariam em silêncio. A única coisa que iluminava o túnel era seu fim, que dava no gramado. Parecia que não chegaríamos nunca, e um sentimento de ódio e tristeza tomava conta de mim aos poucos. Eu queria enfrentar o Iago na final!...

Um clarão iluminou a minha visão no exato momento em que o juíz dava o apito final. Mas diferentemente das outras vezes, a torcida manteve-se em silêncio. Foi difícil para a minha visão voltar, mas quando voltou, o time adversário - que vestia prata - estava praticamente fora do campo, como se já soubessem que passariam de fase e nem precisavam comemorar. Em contra-partida, o time inteiro do 2°H - os Goleadores Fatais - estavam imóveis, no campo, alguns agachados, outros deitados, a maioria chorando. Dentre eles, Iago Cordeiro. Parecia envergonhado...

- Iago! - corri até ele, invadindo o campo, tendo que passar pelos seguranças. Três guardas do estádio me seguiram, e quando cheguei ao garoto, no círculo central, eles me agarraram. - Iago! - ainda falei, mas o garoto ajoelhado nem sequer me olhou. Suas lágrimas caíam na grama como se fossem pingos de chuva que aumentavam cada vez mais.