17 - Faísca reverso

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- Pai - falei, dando um passo à frente, encarando sério o vampiro evoluído que estava em cima de um carro vermelho a vários metros à nossa frente, lambendo os lábios -, deixe-me lutar com ele.

Estávamos no estacionamento do Shopping Center Centro-Oeste de Honorário, e a minha mãe fora buscar a bolsa que esquecera na lanchonete, por isso estávamos a sós com um vampiro.

- Mas Diogo... - Tony pareceu surpreso.

- Confie em mim! - o interrompi, olhando-o nos olhos, determinado. - Quero provar que posso ser um bom caçador.

Eu estava confiante. Era meu primeiro vampiro e eu não queria decepcionar. Meu pai, no começo, parecia não acreditar na minha atitude, mas depois apenas sorriu e falou:

- Então vai, filho, acabe com ele! Mostre a honra que nós, do clã Kido, temos! - assenti.

***

- "Então vai, filho, acabe com ele! Mostre a honra que nós, do clã Kido, temos!" – foi a minha resposta, após meu tio perguntar o que meu pai diria quanto ao perigo que eu estava correndo.

Aparentemente, Michael entendeu que eu havia tomado a minha escolha, visto que não disse nada. Afinal, eu realmente estava confiante de que poderia vencer aquele maldito místico assassino.

Amarrei forte a bandana vermelha em minha testa e encarei o negro dos olhos verdes.

- Agora vou mostrar tudo o que eu aprendi com aquele homem! - apontei para Michael, depois sorri. – Prepare-se para provar um pouco das Artes Marciais incrementadas do fogo do meu clã. Você já era.

Tuco nada disse, rosto rijo que poderia significar muitas coisas. Embora seus braços estivessem apontados na minha direção e estivéssemos a seis metros de distância, eu não sentia medo. Muito pelo contrário: estava preparado.

E como previsto, disparou mais espinhos na minha direção. Fiz a mesma coisa: corri para a direita em caracol e fui me aproximando, na intensão de fazer a mesma coisa, no entanto aquilo pareceu irritar ainda mais o homem-espinho.

- Um golpe não funciona duas vezes em um místico! – berrou, e começou a rodopiar feito um peão, muito rápido, lançando dezenas de espinhos para todas as direções!

Por impulso, eu pulei.

Apesar de ter sido um pulo alto, inevitavelmente eu voltaria para o chão e seria atingido pelas madeiras pontiagudas.

Pensa, Diogo, pensa!

As espinhos voavam abaixo de mim como uma chuva de flechas lançadas por dezenas de arqueiros. Pelo canto do olho, notei Michael e Natsuno se protegendo atrás de uma árvore, ao mesmo tempo em que as primeiras gotas da chuva atingiam a minha pele. Eu me aproximava do chão e, consequentemente, dos espinhos, Tuco ainda girando e ainda disparando, enquanto gritava palavrões que eu sequer me esforcei para prestar a atenção.

E uma ideia me ocorreu.

Fiz meu anel se transformar na Takohyusei vermelho-dourada e virei sua ponta para o chão, feliz pela mesma estar maior. A lâmina encravou-se firme do gramado e me impulsionei num movimento arriscado, que exigiu muito da minha concentração: ao mesmo tempo em que me esforçava para pisar na guarda da mesma, tive que equilibrar o meu corpo para não cair nem pra frente nem pra trás.

E deu certo.

Espinhos acertaram a lâmina dourada em cheio, porém a espada não se moveu, o que me aliviou muito. Tuco, no entanto, não perdeu tempo:

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora