09 - Abertura do Torneio da Cidade. A supercabeçada!

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O estádio estava cheio, arquibancadas repletas de torcedores animados e em ritmo de festa. Meus amigos e eu aproveitamos os minutos que faltavam para o início da partida para nos aquecer, e vira-e-mexe eu sentia um frio na barriga, uma ansiedade prazerosa que rivalizava com a ansiedade que senti na final do Intersalas. Simplesmente porque eu estava participando de um campeonato que envolvia os melhores times escolares da cidade inteira! E três meses atrás éramos apenas um time desunido e maltrapilho que estreava nervosamente contra um 3º ano.

As coisas mudaram, e eu percebia isso na motivação dos meus amigos. O Libra Dourada, nosso atual adversário, também parecia pertencer ao 3º ano, e mesmo assim nenhum dos meus companheiros parecia assustado ou receoso. Lembrava muito a forma como eu encaro um vampiro hoje, diferentemente das minhas primeiras caçadas — ou armadilhas.

Dei uma breve olhada para as arquibancadas, e no setor onde os alunos do colégio Martins estava acumulado, de frente para os bancos de reservas, acabei avistando Yago e seus colegas de sala; o 2º H. Nossos arquirrivais, aqueles que enfrentamos em dois árduos jogos — na fase de grupos e na grande final. Sem dúvidas o time que mais queríamos enfrentar na decisão, e é claro que eu tinha convicção de que chegaríamos lá.

Então eu a vi.

Sophia e suas amigas estavam em pé ao lado de Kelan e mais alguns garotos. Uma mescla de tristeza e de culpa estabeleceu-se dentro do meu peito, a imagem da garota chorando aparecendo diante de mim. Mas ela não me olhava. Muito pelo contrário, parecia fazer de tudo para não olhar em minha direção. Parecia tão animada quanto o restante da nossa torcida.

Aquecemos por mais alguns minutos, até o árbitro da partida soprar seu apito; ambos os times se posicionaram no campo, o nosso vestindo vermelho e o deles vestindo branco com azul. Ocorreu-me que o nome do time era Libra Dourada e eles nem sequer vestiam dourado.

Bizarro.

— Ambos os times se preparam! — a voz do locutor ecoou por todos os alto-falantes do estádio, forte e radiante. — O Fogo Ardente enfrentará o Libra Dourada na abertura do Torneio da Cidade!!

Todos estavam preparados. Riku e Natsuno jogariam no ataque, eu seria o armador e meus companheiros de meio-campo seriam Otávio e Carlos, ambos alas de conexão. Jake era o volante defensivo, o baixinho Anderson o lateral direito e Thiago o esquerdo. Os zagueiros eram Joe e Nícolas; e Lucas completava o time, no gol. Marcelo ficou no banco devido à sua recuperação. Hara achou melhor deixá-lo assim, pelo menos por enquanto. E o garoto nem reclamou.

O juiz apitou novamente.

— E começa o jogo!! O que esperar da primeira partida do campeonato?!

O time adversário deu o pontapé inicial e tocou rápido na bola, e decidimos que pressionaríamos o máximo possível. Eles tocavam bem, passando a redonda de pé em pé com rapidez. E cada vez mais o nosso time avançava, encurralando-os e os obrigando a atacar. O lateral direito avançou, ultrapassou a linha do meio-campo e tocou para o camisa 10, no meio. Mas este foi desarmado por Jake.

— Linda tomada de bola!! — gritou o narrador. — E o Fogo Ardente fica com a bola!

— Jake é um jogador ágil e concentrado. — Ouvi a voz de outro cara ecoando pelo estádio, e logo percebi que era uma espécie de comentarista. — Vai ser difícil o Libra Dourada armar um ataque com um volante desses.

O que me deixava mais confiante. Jake poderia ser o ponto de equilíbrio da equipe.

Ele passou a bola para Otávio, que aguardava à sua direita. Este, assim que recebeu, deu o passe para Anderson, que arrancava na lateral, e o baixinho disparou e tocou para mim, que apareci para receber. Eu estava entre o círculo central e a meia-lua da grande área, distante do gol e marcado, e um companheiro meu de cabelos roxos me chamou a atenção, acenando e gritando:

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora