30 - Riku, o Abridor de Janelas!

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 Natsuno não conseguia se mexer, estava completamente amarrado preso ao tronco de uma árvore. Gritar? Impossível, pois até sua boca taparam com uma blusa enrolada. O que sentia na pele nunca havia sentido antes. Era mistura de medo e horror. Sabia que morreria. À sua frente, vários vampiros evoluídos. À sua direita, João, imóvel e completamente espancado - morto pelas criaturas. À esquerda, Júlia, irmã gêmea de João, morta da mesma forma que o irmão.

Uma lágrima escorreu pelo rosto do Kogori. Não acreditava naquilo. Logo agora, que estavam indo tão bem como uma equipe. Pegos por uma armadilha...

Tentou se mexer novamente; novamente sem sucesso. Sentia muita dor pelo corpo. Apanhara feio. Aliás, mas como? E por quê? Não sabia o motivo da armadilha, só sabia que agora era tarde para mudar algo. Três aprendizes caçando pela floresta proibida de Izaque. Foram teimosos quanto às ordens de Hebert.

- Seu pai acabou com a nossa família - disse um dos inimigos ao Kogori. Ele sorria melancolicamente, assustando ainda mais o garoto. - Ele não teve misericórdia. Mas cometeu um erro. - Natsuno queria perguntar qual erro seria, porém a blusa na boca não deixava. Ainda assim a criatura falou: - Me deixou vivo, solto por aí. E agora se arrependerá disso! - e mostrou seus dentes afiados. Os outros sete fizeram o mesmo, mas apenas isso. Não se moveram. Tinham suas bocas ensanguentadas, pois vinham de uma refeição. O único que ainda não comera nada era seu chefe, aquele que estava à apenas um metro do Kogori. Mas isso ía mudar.

Natsuno olhou novamente para os lados, seus dois amigos e parceiros de equipe mortos. A tristeza que sentiu foi tão grande que aceitou a morte que viria. Sentia-se culpado, por tudo, e se vivesse, o que restaria era culpa e trauma.

Olhou novamente para o vampiro, que sorria. E quando o mesmo fez menção de mordê-lo... Natsuno acordou, num pulo.

Olhou para os lados; não havia vampiros. Nem floresta, nem João e nem Jussara. Apenas quatro paredes de tijolos e um teto. E para seu alívio, Diogo, Riku, Jake, Joe e Ferdinando, todos dormindo em sacos de dormir.

Joe roncava fortemente.

Mesmo sabendo que aquilo fora um pesadelo, Natsuno sentia-se péssimo, pois foi algo que realmente aconteceu, há vários meses, antes de conhecer Diogo, mas aconteceu.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, e o garoto soluçou. Sua tristeza era extrema. Perdera dois amigos muito importantes, numa emboscada feita num lugar que nem deveriam estar. Aquilo era horrível...

- O que foi, maninho? - perguntou Diogo, esfregando os olhos e sentando-se. Natsuno se levantou. Estavam na mesma casa que haviam enfrentado aquelas armaduras, da outra vez que vieram ao Monte Zentaishi, já na montanha.

- Nada não - Natsuno não conseguia disfarçar a tristeza. - Foi apenas um pesadelo. Nada de mais - mesmo sabendo que havia algo ali, Diogo deu de ombros. Preferiu não falar nada. E Natsuno deitou-se novamente, virando-se para o outro lado, talvez para dormir - ou pensar na vida.

O Kido estava preocupado.


Assim que acordei, olhei a hora no meu relógio: oito da manhã. Levantei-me e acordei todos os meus amigos, e percebi que Riku não estava ali. Natsuno tinha os olhos vermelhos, de choro, e fez de tudo para que os outros não vissem, e quando saímos da casa quadrada, Riku olhava para baixo, a paisagem distante repleta de florestas e montanhas.

Finalmente estávamos perto do nosso objetivo, faltava apenas... subir algumas centenas de degraus da escada que contornava o pico.

- Todos estão animados? - perguntei, me espreguiçando.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora