02 - O fardo de um Caçador Lendário

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Acordei com um novo pensamento na cabeça. Talvez mais doloroso do que a vingança, talvez mais complicado do que a superação da morte do meu pai. Algo que, de qualquer forma, eu tinha que fazer isso: terminar meu namoro com a Sophia, além de me afastar dela.

Após me arrumar e tomar café, dirigi-me à escola. No campus, me encontrei com o mesmo pessoal de sempre. Mas dessa vez eu não estava deprimido, só um pouco nervoso.

- Continua mal? – Natsuno foi o primeiro a perceber, enquanto entrávamos no colégio Martins.

- Sim - respondi -, mas o motivo é outro.

- Qual?

- Eu vou ter que... terminar com a Sophia.

- Por quê? – meus amigos perguntaram ao mesmo tempo. Pensei nas palavras do Sandro, no cemitério: E lembre-se, não conte a ninguém sobre você ser o Caçador Lendário. Ninguém mesmo.

- Porque eu não tenho tempo para namoros. O meu dever é apenas caçar vampiros e ajudar inocentes. – Embora aquela fosse uma desculpa forjada, meus amigos apenas mostraram que sentiam muito.

Chegando na sala, todos nos sentamos em nossos lugares. Fiquei esperando ela chegar, e finalmente chegou. Sophia, com as amigas, entrou na sala e sentou-se. E, quando se deu conta, eu já estava ao seu lado, parado, triste.

- Oi, Diogo - ela se levantou e me abraçou, provavelmente pensando que o motivo da minha seriedade ainda fosse o luto.

- Preciso falar com você mais tarde.

- O que foi que aconteceu? - ela me olhou nos olhos. Sophia mostrava-se muito preocupada. Seria doloroso demais me afastar dela, doloroso para os dois.

- Depois da aula nos encontramos no campus - falei, e depois voltei ao meu lugar. A garota ficou parada sem entender, mas não teve nada a fazer a não ser aceitar.


Como aquilo doía...

As horas passavam e cada vez mais o nervosismo tomava conta de mim. Vez ou outra os nossos olhos se encontravam. Não sei o que passava em sua cabeça, mas a minha girava. Seria péssimo terminar o namoro. Na verdade, eu nem sabia como ia falar para ela. Sophia era uma garota que sofria com a ausência da mãe, e tudo pioraria depois da nossa conversa. Se houvesse outro jeito...

Chegou a hora do intervalo e rumamos à escada que levava ao refeitório. Eu só não esperava ser barrado pela senhorita Abigail, a inspetora da escola. Tanto eu como meus amigos nos assustamos, uma vez que a velha sempre pegava no nosso pé.

- Parem! – ela berrou; paramos.

- O que fizemos, senhorita Abigail? – Natsuno era o mais preocupado.

- Se for a comida que derrubei na sala ontem - disse Joe rapidamente, apavorado - eu juro que ia limpar. Não deu tempo!

Abigail o encarou como se tivesse acabado de descobrir algo sem querer, e falou, ignorante:

- Não é isso não. Mas já que você comentou, conversaremos depois!

Pobre Joe, pensei.

- O que aconteceu, então? – Jake estranhou. Abigail olhou para mim e respondeu:

- Fiquei sabendo sobre a morte do seu pai. Ele era um homem muito bom. Eu estou muito triste – ela me abraçou.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora